Ricardo Eletro: Denunciado por sonegação, fundador hoje é coach e dá curso
Fundador da Ricardo Eletro, o empresário Ricardo Nunes, 52, deixou a empresa em 2019, quando a rede já enfrentava uma série de problemas financeiros e um processo de recuperação extrajudicial. Hoje, ele é coach de empreendedorismo, com 170 mil seguidores no Instagram, dando cursos e palestras sobre temas como gestão, marketing, vendas, inovação e crescimento.
Nesta terça-feira (14), o Ministério Público de Minas Gerais denunciou o empresário por suspeita de sonegação de R$ 86 milhões. Ele já foi alvo de outras investigações por sonegação e lavagem de dinheiro.
Na semana passada, a Justiça decretou a falência da Máquina de Vendas, dona da Ricardo Eletro. Mas um despacho da 2ª Câmara Reservada de Direito Empresarial de São Paulo suspendeu a falência no dia seguinte.
Nunes construiu uma gigante do varejo, com 1.200 lojas, 28 mil funcionários e faturamento anual de até R$ 9,5 bilhões. Hoje, não há lojas físicas, e a empresa tem só 40 empregados.
Quando Nunes vendeu sua participação na Ricardo Eletro, em 2019, a companhia já passava por um processo de recuperação extrajudicial, por causa dos bilhões em empréstimos tomados com bancos e fornecedores. Depois, entraria num processo de recuperação judicial, antes de chegar à falência.
Prisão em investigação sobre sonegação de impostos
A trajetória do empresário também foi marcada por investigações de sonegação de impostos e lavagem de dinheiro durante o período em que estava à frente da empresa. Ele chegou a ser preso por um dia, em julho de 2020.
Na época, o Ministério Público afirmou que apurava a sonegação de cerca de R$ 400 milhões em impostos que deveriam ter sido pagos em Minas Gerais no período de cinco anos.
A Justiça também determinou o sequestro de bens e imóveis do empresário, avaliados em cerca de R$ 60 milhões. Ele passou um dia na prisão e foi solto depois de prestar depoimento.
A reportagem entrou em contato com o Ministério Público e o Tribunal de Justiça de Minas Gerais para saber o andamento do processo, mas não obteve resposta até a publicação deste texto.
O Ministério Público de Minas afirmou que Nunes seguiu à frente da Máquina de Vendas mesmo depois de sua saída como executivo, o que a defesa de Nunes e da empresa negaram, de acordo com a Folha de S.Paulo.
"Dever tributos lançados na contabilidade e declarados ao Fisco, sem qualquer espécie de fraude, não é crime", disse o advogado de Nunes, Marcelo Leonardo, à Folha, após Nunes sair da prisão.
Coach de empreendedorismo nas redes sociais
Nas redes sociais, o perfil de Nunes se chama "Ricardo Nunes Eletro". Em um dos vídeos postados no Instagram, ele afirma ter investido nessa carreira para ajudar empreendedores.
Eu sei a dor do empresário. Chegou um momento em que Deus falou: chega, para de fazer só pra você e faz para os empresários. Quando eu percebi a confusão da pandemia, os empresários sofrendo, vi que chegou a hora de eu me reinventar e ter uma nova missão na vida.
Ricardo Nunes, fundador da Ricardo Eletro
O perfil oferece conteúdos gratuitos para empreendedores, a maioria em formato de vídeo, e uma mentoria paga, chamada RGV Imersão e Mentoria.
O site da mentoria diz que as aulas são destinadas a quem quer "multiplicar o faturamento das suas empresas e liderar o mercado nessa nova fase da economia". Elas são destinadas a negócios que têm de cinco a 400 funcionários, para prestadores de serviços ou profissionais autônomos, segundo o site.
Empresário começou vendendo mexerica
Nunes começou sua carreira aos 12 anos, vendendo mexericas em frente a uma faculdade em Divinópolis (MG), para ajudar a mãe a pagar as contas de casa, após a morte do pai.
Quando fez 18 anos, abriu uma loja de 20 metros quadrados em Divinópolis, onde vendia ursinhos de pelúcia e eletrodomésticos.
Nunes comprava os produtos na região da rua 25 de Março, em São Paulo, para revender em sua cidade. O negócio deu certo e foi se expandindo, até a Ricardo Eletro chegar a ser uma gigante do varejo.
Em 2014, Nunes entrou para o Guinness Book, o livro de recordes, como o maior vendedor do mundo. O empresário deixou a empresa em 2019, quando vendeu sua parte para Pedro Bianchi, atual dono da Ricardo Eletro.
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