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Dólar salta e chega a bater R$ 5,13; Bolsa opera em queda de 3%

Getty Images
Imagem: Getty Images

Do UOL, em São Paulo

13/06/2022 09h27Atualizada em 13/06/2022 16h48

O dólar comercial operava em alta nesta segunda-feira (13), chegando a bater R$ 5,13 pela manhã. Por volta das 16h40, a moeda norte-americana subia 2,85%, negociada a R$ 5,131 na venda. No mesmo horário, o Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores brasileira (B3), caía 3,10%, a 102.213,55 pontos.

Na sexta, o dólar acumulou a maior alta semanal em um ano, de 4,39%, a maior desde o final de março de 2021 (5,74%). O Ibovespa caiu ao menor nível em mais de um mês, desde 11 de maio (104.396,90 pontos) e fechou a semana com desvalorização de 5,06%, a pior em mais de sete meses, desde outubro de 2021 (-7,28%).

O valor do dólar divulgado diariamente pela imprensa, inclusive o UOL, refere-se ao dólar comercial. Para quem vai viajar e precisa comprar moeda em corretoras de câmbio, o valor é bem mais alto.

Os mercados seguem abalados pelos dados recentes da inflação dos Estados Unidos, que atingiu 8,6% nos 12 meses encerrados em maio — o maior índice dos últimos 40 anos. Investidores também aguardam as reuniões dos bancos centrais do Brasil e dos EUA, ainda nesta semana, para definir os juros.

Temor de recessão nos EUA

O real não estava isolado no vermelho em relação ao dólar. A maioria das principais moedas do mundo caía acentuadamente, com peso mexicano, peso chileno e rand sul-africano entre os destaques negativos. Frente a uma cesta de rivais de países ricos, a moeda norte-americana ganhava 0,25% no dia, aproximando-se de um pico em duas décadas atingido no mês passado.

Os mercados "estão dando continuidade à forte aversão a risco verificada na segunda metade da semana passada e acelerada após a divulgação dos dados de inflação nos EUA na sexta-feira", disse em blog Dan Kawa, diretor de investimentos da TAG.

Os dados sobre inflação desencadearam fortes temores de que o Fed (Federal Reserve, o banco central dos EUA) optará por aumentos maiores nos juros de forma a conter a disparada da inflação. Os aumentos poderiam minar a atividade da maior economia do mundo num momento já desafiador, em meio à guerra na Ucrânia e a riscos de novos lockdowns da covid-19 na China.

Isso levou a uma inversão na curva de juros entre os rendimentos dos títulos soberanos de dois e dez anos dos Estados Unidos —movimento que geralmente prenuncia uma recessão nos próximos um ou dois anos.

"A inversão da curva de juros nos EUA é um indicador preocupante para a dinâmica dos mercados. O Brasil, por ora, será refém desta aversão a risco internacional", disse Kawa.

Juros mais altos nos EUA tendem a atrair para lá recursos hoje investidos em outros países, como o Brasil. Com a saída de dólares, a cotação da moeda sobe.

Juros no Brasil

No Brasil, o Banco Central também se encontra para discutir os juros nesta semana, nas mesmas datas que o Fed. A maior parte dos participantes do mercado espera a adoção de um aumento de 0,5 ponto percentual na taxa Selic, para 13,25%.

O Goldman Sachs compartilha dessa visão, disse o banco em relatório do final da semana passada, embora espere que o Copom deixe a porta aberta para outra alta moderada da Selic na reunião de agosto.

A instituição também não descarta o fim do ciclo de juros na reunião desta semana com um ajuste acima dos 0,5 ponto esperado pelo mercado, citando "efeitos defasados de uma postura monetária já claramente restritiva" e "maior incerteza geopolítica e econômica global em meio à alta volatilidade financeira".

Quanto mais alta a Selic, mais atraente tende a ficar o real para investidores que utilizam estratégias de "carry trade", que buscam lucrar com a compra de moedas de retornos elevados.

*Com Reuters

Este conteúdo foi gerado pelo sistema de produção automatizada de notícias do UOL e revisado pela redação antes de ser publicado.