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Caso João Alberto: Carrefour lança edital de R$ 68 mi para alunos negros

Fachada de supermercado Carrefour - Getty Images
Fachada de supermercado Carrefour Imagem: Getty Images

Do UOL, em São Paulo

04/08/2022 21h34Atualizada em 05/08/2022 11h35

O Carrefour publicou um edital de R$ 68 milhões para bolsas de apoio a estudantes negros de graduação e pós-graduação. A medida foi fixada após o assassinato de João Alberto Silveira de Freitas em um dos supermercados da rede em Porto Alegre (RS), em novembro de 2020.

Desse montante, R$ 20 milhões vão para alunos de graduação, R$ 30 milhões para mestrandos, R$ 10 milhões para doutorandos e R$ 8 milhões para estudantes de especialização (lato sensu).

O edital prevê que o auxílio seja distribuído para áreas de conhecimento "historicamente com baixa representatividade de pessoas negras". Outra regra é que 30% dos recursos sejam investidos em "em instituições com sede ou campus e com respectivo curso desenvolvido no âmbito territorial do Rio Grande do Sul considerando que o fato que gerou a atuação que resultou no acordo ocorreu em Porto Alegre".

Alunos de instituições brasileiras poderão se aplicar para as bolsas no site do Cebraspe (Centro Brasileiro de Pesquisa em Avaliação e Seleção e de Promoção de Eventos) entre 31 de agosto e 27 de setembro deste ano.

O lançamento do edital é resultado de um TAC (Termo de Ajustamento de Conduta), organizado pelo MPF (Ministério Público Federa), MPRS (Ministério Público do Estado do Rio Grande do Sul), MPT (Ministério Público do Trabalho), DPE-RS (Defensoria Pública do Estado do Rio Grande do Sul), DPU (Defensoria Pública da União) e o Carrefour.

Em nota, o Grupo Carrefour informou que a iniciativa pretende combater o racismo estrutural e a discriminação. O foco são cursos de baixa representatividade de estudantes negros, como ciências biológicas, medicina, odontologia, engenharias, direito, comunicação, ciências da computação, economia, administração e arquitetura e urbanismo, o que não exclui outros cursos.

Relembre o caso

João Alberto Silveira Freitas, um homem negro de 40 anos, morreu em novembro de 2020 após ser agredido por dois seguranças - um deles policial militar temporário, fora de serviço - no supermercado Carrefour, na zona norte de Porto Alegre, às vésperas do feriado da Consciência Negra. Vídeos da morte dele circularam rapidamente pelas redes sociais.

Relatos, inclusive da viúva dele, indicam que Beto, como era conhecido pelos amigos, teria discutido com a caixa do estabelecimento e foi conduzido pelos segurança da loja até o estacionamento, no andar inferior. Durante o percurso, acompanhado por uma funcionária do Carrefour, Freitas teria desferido um soco contra o PM, segundo afirmou a trabalhadora, em depoimento à polícia.

Em 2021, a viúva de João Alberto Silveira Freitas, Milena Borges Alves, assinou um acordo milionário com o Carrefour pela morte do marido. A defesa dela disse que ela já estava "muito desgastada" com a negociação.