Topo

Ex-banqueiro: Manobra de Bolsonaro com empréstimo é perversa, mas efetiva

Colaboração para o UOL, em São Paulo

09/08/2022 13h13

O economista e ex-banqueiro Eduardo Moreira disse, durante entrevista ao UOL News, que o empréstimo consignado a beneficiários do Auxílio Brasil terá impactos na saúde financeira do país em 2023.

"O que o governo fez é uma manobra extremamente perversa, mas é muito efetiva", avaliou. "O governo aprovou numa urgência enorme o crédito consignado que vai adiantar 40% do que as pessoas têm para receber do auxílio permanente dos próximos dois anos. São R$ 2 mil hoje para depois pagar R$ 4 mil, pois a taxa de juros é quase 100% ao ano", explicou.

Segundo o economista, é importante para a campanha de reeleição do presidente Jair Bolsonaro (PL) injetar esses valores na economia. "Ele precisa desse consignado para dar a sensação de bem-estar [à população]."

No entanto, Moreira criticou o pedido do presidente para que as pessoas tenham cautela para não entrarem "em uma bola de neve de empréstimos". "O ideal é não pegar empréstimo, mas tem gente que precisa pegar pra saldar outras dívidas, pra pagar um juros menor", disse Bolsonaro em entrevista ao Flow Podcast ontem.

"[Quem precisa] não está preocupado com o amanhã, está preocupado com o hoje. A ideia vem deles para comprar votos. Ele [Bolsonaro] é o responsável por isso, era o cara que tinha poder na mão para que isso não existisse. É realmente sem noção [pedir para não pegarem o empréstimo]", disse o economista.

Economia em risco para 2023

Eduardo Moreira afirmou que o governo Bolsonaro "comprou" uma aparente melhora financeira, mas, na verdade, os novos benefícios terão impactos no futuro.

"Você pode comprar o aumento que quiser do PIB. Vamos se endividar até a alma, desmatar a Amazônia inteira, construir um monte de estrada nos próximos três meses, aí se terá um crescimento do PIB de 5%. Agora, se isso não for planejado, chega no ano que vem e gera um caos econômico."

"Todo mundo começa a achar que você não tem como pagar a sua dívida, o custo da dívida começa a subir muito, o dinheiro começa a sair do país e se entra num ciclo vicioso que te leva para cada vez mais fundo do buraco", acrescentou.

O economista afirmou que a "compra da queda da inflação" agora será refletida no aumento dela em 2023.

"O governo colocou em xeque a saúde financeira no ano que vem. Mas, ao que parece, [não há] a preocupação com pessoas em janeiro, que não vai ter Auxílio Brasil e vão estar devendo dinheiro para o banco. Não teremos um controle de preços porque o fiscal foi colocado em xeque agora com essa irresponsabilidade", afirmou.

"Tem um custo isso. Todas as projeções é que no ano que vem a inflação volta a subir, a taxa de juros deixou de cair como era previsto e o PIB caiu mais ou menos em proporção ao que melhorou neste. Porque isso foi feito para dar uma sensação de melhora e alívio no mês da eleição."

Veja entrevista completa e notícias do dia no UOL News:

Comunicar erro

Comunique à Redação erros de português, de informação ou técnicos encontrados nesta página:

Ex-banqueiro: Manobra de Bolsonaro com empréstimo é perversa, mas efetiva - UOL

Obs: Link e título da página são enviados automaticamente ao UOL

Ao prosseguir você concorda com nossa Política de Privacidade


Economia