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Por que quilo do mamão custa R$ 12 e melancia inteira ultrapassa R$ 40?

Imagem: Vinícius de Oliveira/UOL

Giuliana Saringer

Do UOL, em São Paulo

09/08/2022 12h32

O preço das frutas subiu em julho apesar de o país ter registrado deflação — variação negativa — pela primeira vez desde maio de 2020 (-0,38%). A inflação oficial ficou em -0,68%, enquanto o preço das frutas subiu 4,4% no mês, de acordo com os dados do IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) divulgados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) nesta terça-feira (9). Em uma busca por mercados online, a reportagem encontrou um quilo de mamão papaia sendo vendido por R$ 11,69 e uma melancia inteira por R$ 42,23.

Nos últimos 12 meses, a situação é ainda mais complicada — o preço das frutas subiu 35,36%. Neste ano, de janeiro a julho, os preços tiveram alta de 13,15%, acima da inflação geral, que teve alta de 4,77% no mesmo período.

As frutas que tiveram maior aumento nos últimos 12 meses foram mamão (99,39%), melancia (81,60%), morango (73,86%), melão (61,15%), manga (47,51%), banana (d'água teve alta de 42,87% e a prata, de 35,71%), maracujá (36,70%), tangerina (32,52%) e maçã (25,94%).

Só o limão (-12,74%) e a laranja baía (-5,24%) ficaram mais baratos.

Por que está tão caro? O alto custo para os produtores agrícolas é um dos principais motivos da alta dos preços das frutas, afirma Maria Luiza Zacharias, diretora de novos negócios na Horus, empresa de inteligência de mercado. Entre eles, estão os fertilizantes. O Brasil importa o produto da Rússia e, por causa da guerra, os preços aumentaram consideravelmente.

Já o diesel, usado nos caminhões que fazem o transporte, é outro fator que fez com que as frutas ficassem mais caras. Apesar da queda nos preços da gasolina (-15,48%) e do etanol (-11,38%), o óleo diesel ficou mais caro (4,59%) em julho. Nos últimos 12 meses, o diesel ficou 61,98% mais caro.

E o clima? Ele influencia nos preços? No inverno, algumas frutas têm entressafra, principalmente as suculentas como mamão papaia, melão, maracujá, melancia, manga e banana, diz Matheus Peçanha, pesquisador e economista do FGV Ibre (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas). Por isso, os valores variam. Quanto menor a quantidade de frutas disponível no mercado, maiores os preços.

Mas o clima quente e seco motivaram o aumento do consumo de frutas como melancia, mamão e manga, aumentando os preços. Junto com a demanda maior, houve uma redução na área plantada da melancia e do mamão por questões climáticas. Houve uma redução de 21,22% na oferta da melancia e de 19,21% do mamão formosa em comparação ao mesmo período do ano passado, segundo a Ceagesp (Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo).

Segundo o índice interno da Ceagesp, julho teve queda de 2,38% nos preços dos produtos vendidos por lá. Mas as frutas foram as únicas que tiveram alta, de 3,06%, entre todos os produtos pesquisados (frutas, legumes, verduras, diversos, pescados).

Como economizar? O consumidor deve optar pelas frutas da época para tentar economizar, afirma Thiago de Oliveira, chefe da seção de economia da Ceagesp. De acordo com ele, ao comprar a fruta no seu período de maior abundância, o consumidor consegue preços melhores, além de consumir a fruta da melhor qualidade.

Qual a tendência para os próximos meses? Zacharias, da Horus, diz que a expectativa é que os preços baixem nos próximos meses. Mas a entrada, neste mês, do dinheiro extra do Auxílio Brasil pode ter efeito no médio prazo. O benefício passa agora a ser de R$ 600 (antes era de R$ 400). A medida vale até o final deste ano.

Se, por um lado, o recurso trará mais conforto às famílias que estão passando por necessidades, por outro, haverá maior consumo, incluindo de frutas, o que aumenta a demanda e eleva os preços.

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