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Abílio Diniz pede calma ao mercado: 'Não há nenhuma razão para ter pânico'

Colaboração para o UOL, em Maceió

11/11/2022 08h17Atualizada em 11/11/2022 12h34

O empresário Abílio Diniz pediu calma ao mercado financeiro e disse não ver "razão" para que haja "pânico nesse momento", em que o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) começa a dar indícios de como será sua gestão na área econômica.

Em entrevista à CNN Brasil, Abílio enfatizou que Lula nunca escondeu sua prioridade "para o social", voltado principalmente para os mais pobres, conforme prometido na campanha. O empresário ponderou que o petista sabe das "dificuldades" enfrentadas pelo país, além da necessidade de que o futuro governo não gaste em excesso para que isso não gere uma "grande inflação".

"Não há nenhuma razão para ter pânico nesse momento. O Lula sempre falou que ele vai olhar para o social. Agora, ele é uma pessoa que sabe, ele teve oito anos bons de governo, ele sabe as dificuldades que nós temos, sabe que não podemos gastar demais, sabe que isso vai gerar uma inflação muito grande", declarou.

"Não tenho dúvida nenhuma de que [Lula] vai atender o social, que precisa ser atendido, mas ele vai atender olhando sempre que não podemos gerar inflação, que não podemos estourar demais as despesas sem ter uma receita equivalente. Conhecendo o Lula há tanto tempo, eu não estou preocupado. Vai se encontrar a maneira de controlar as dificuldades", completou.

Segundo Abílio Diniz, a elite brasileira não é contra as políticas sociais voltadas a atender os mais necessitados, tampouco "é contra que se faça uma melhor distribuição de renda no país". Porém, destacou que "há preocupação" com a possibilidade de que sejam feitos "gastos excessivos e que isso pode gerar inflação".

"Eu estou aqui, o mercado está caindo e eu não estou preocupado. Eu acho que tem aí uma agitação maior que não é condizente com a realidade. Tem que ter calma que as coisas vão se enquadrar, eu não tenho dúvida nenhuma sobre isso", concluiu Diniz.

'Mercado fica nervoso à toa'

Ontem, em sua primeira ida à Brasília após ser eleito para um terceiro mandato, Lula afirmou que "o mercado fica nervoso à toa" e é muito "sensível".

Lula destacou em discurso no CCBB (Centro Cultural Banco do Brasil) que não vai privatizar a Petrobras em sua gestão e disse que não definiu qual será a política fiscal do país a partir de 2023.

"A ideia é esvaziar o caixa da Petrobras para que a gente não possa fazer nada", acusou o presidente eleito, acrescentando que os bancos públicos voltarão a ser bancos de investimentos.

As falas do presidente eleito não caíram bem no mercado financeiro. O dólar comercial fechou em forte alta de 4,14%, cotado a R$ 5,397, na sessão de quinta-feira. Já a Bolsa terminou o dia em queda de 3,35%.

A indefinição da política fiscal do governo eleito, que ainda não escolheu o futuro ministro da Fazenda, também pesou no resultado.

Colunistas avaliam reação. Para o colunista do UOL José Roberto de Toledo, o mercado financeiro tenta "chantagear" o petista ao querer nomear o ministro da Fazenda ou determinar qual será a política fiscal e econômica do governo. Por esse motivo, o presidente eleito "resolveu dar uma cutucada" no mercado que, por sua vez, "reagiu pessimamente".

Reinaldo Azevedo, também colunista do UOL, ponderou que a reação do mercado financeiro ao discurso de Lula representa uma "histeria, paranoia e mistificação".