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Além das Americanas: veja outras 5 empresas que revelaram rombos nas contas

Kraft Heinz e CVC são algumas das empresas que identificaram erros contábeis em balanços nos últimos anos Imagem: iStockphoto/Getty Images

Do UOL, em São Paulo

12/02/2023 04h00Atualizada em 14/02/2023 14h40

Rombos como o das Americanas S.A., cuja dívida soma R$ 47,9 bilhões, também foram identificados em ao menos cinco grandes empresas nos últimos anos: Kraft Heinz, CVC, IRB Brasil, Via e Grupo Itapemirim. Os valores chegam à casa dos bilhões, e cada caso teve um desfecho diferente — no mais grave deles, foi decretada falência.

Relembre as histórias:

Kraft Heinz

Empresa foi acusada de falsificação de contratos. Em fevereiro de 2019, a comissão reguladora do mercado de capitais nos Estados Unidos (SEC, na sigla em inglês) apontou distorções em balanços de 2016, 2017 e 2018 da Kraft Heinz. Os erros envolviam principalmente a área de compras, acusada de falsificar contratos com fornecedores, mascarando seus gastos e, por consequência, inflando seu lucro.

A fabricante de alimentos corrigiu e republicou seus balanços, que passaram a apontar uma baixa contábil de US$ 15,4 bilhões — ou R$ 57,6 bilhões, na cotação da época. Depois, em 2021, a Kraft Heinz fez um acordo com a SEC e pagou multa de US$ 62 milhões para encerrar as investigações por suposta má conduta contábil.

Entre os acionistas da Kraft Heinz, está a 3G Capital, dos bilionários Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira. Os três também são os principais acionistas das Americanas S.A.

Números do 3º trimestre de 2022:

  • Vendas: US$ 6,51 bilhões (+2,9% na comparação anual)
  • Receita bruta: US$ 1,84 bilhão (2021: US$ 2 bilhões)
  • Ebitda (lucro antes de juros e descontos): US$ 1,40 bilhão (2021: US$ 1,48 bilhão)

CVC

Análise apontou erros contábeis entre 2015 e 2019. Em fevereiro de 2020, quando preparava o balanço do ano anterior, a CVC encontrou indícios de erros contábeis em valores transferidos a fornecedores. Inicialmente, a empresa disse que o impacto dessas inconsistências poderia ser "da ordem de R$ 250 milhões", considerando o período entre 2015 e 2019.

Depois, o rombo passou a ser estimado em R$ 362 milhões.

A situação se arrastou por meses. Um ano depois, quatro membros do Conselho de Administração renunciaram — entre eles, Cristina Junqueira, cofundadora do Nubank. Em entrevista ao jornal "O Estado de S. Paulo", o CEO Leonel Andrade negou que a debandada tivesse relação com os erros contábeis.

Números do 3º trimestre de 2022:

  • Receita líquida: R$ 337,6 milhões (+25,2% na comparação anual)
  • Ebitda (lucro antes de juros e descontos): R$ 50,9 milhões (2021: - R$ 600 mil)
  • Prejuízo líquido: R$ 75 milhões (2021: R$ 94,8 milhões)

IRB Brasil

Empresa divulgava lucro, mas auditoria apontou prejuízo. Uma análise da Squadra Investimentos feita no final de 2019 apontou para supostos erros contábeis em balanços trimestrais do IRB Brasil, como explicou a Folha de S.Paulo. Segundo a gestora, a empresa acumulou prejuízo de R$ 112 milhões nos primeiros nove meses de 2019. Mas o IRB divulgou lucro de R$ 1,39 bilhão no mesmo período.

A empresa também foi acusada de divulgar mentiras a respeito de um investimento do bilionário Warren Buffett — aporte que nunca existiu.

A crise custou ao IRB ao menos R$ 24 bilhões em valor de mercado à época e levou à renúncia do então presidente, José Carlos Cardoso, e do diretor financeiro, Fernando Passos. Uma investigação interna confirmou as irregularidades e identificou os responsáveis pelas mentiras envolvendo Buffett. Os nomes, porém, não foram divulgados.

Números do 3º trimestre de 2022:

  • Resultado financeiro e patrimonial: R$ 173,2 milhões (2021: R$ 256,8 milhões)
  • Prejuízo líquido: R$ 298,7 milhões (2021: R$ 155,7 milhões)
  • De janeiro a setembro de 2022, o prejuízo líquido acumulado chegou a R$ 591,6 milhões. No mesmo período de 2021, era de R$ 311,8 milhões

Via (antiga Via Varejo)

Análise identificou fraude de até R$ 1,2 bilhão em balanços. Em dezembro de 2019, a Via — dona de Casas Bahia, Ponto e Extra.com — informou ter encontrado indícios de fraudes nos balanços. A irregularidade, segundo a própria empresa, podia variar de R$ 1,05 bilhão a R$ 1,2 bilhão.

Boa parte desse rombo era relacionada ao pagamento de processos trabalhistas decorrentes de demissões feitas desde 2011, em uma estratégia de enxugamento do quadro de funcionários.

Uma investigação independente confirmou a fraude contábil, com valor final de R$ 1,19 bilhão — dentro das estimativas iniciais. À época, a empresa disse ter reajustado os balanços e que não houve "impacto relevante" em seu fluxo de caixa.

Números do 3º trimestre de 2022:

  • Receita líquida: R$ 7,01 bilhões (2021: R$ 7,35 bilhões)
  • Ebitda (lucro antes de juros e descontos): R$ 475 milhões (2021: R$ 669 milhões)
  • Prejuízo líquido operacional: R$ 135 milhões (2021: lucro de R$ 101 milhões)

Grupo Itapemirim

Justiça decretou falência após seis anos de recuperação judicial. Em recuperação judicial desde 2016, o Grupo Itapemirim teve sua falência decretada pela Justiça de São Paulo em setembro de 2022. A decisão definiu um prazo de até 180 dias para que o administrador judicial venda todos os bens da empresa, cujas dívidas tributárias somam cerca de R$ 2,8 bilhões.

Credores acusavam o grupo de desviar dinheiro para financiar a ITA, companhia aérea que começou a operar em junho de 2021. As atividades da empresa foram suspensas repentinamente pouco tempo depois, às vésperas do Natal e do Ano Novo, pegando passageiros de surpresa.

Em fevereiro do ano passado, o então presidente do grupo, Sidnei Piva de Jesus, foi obrigado a usar tornozeleira eletrônica e teve seu passaporte apreendido.

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