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M. Dias Branco diz que diminuiu embalagem de biscoito para segurar preços

Do UOL, em São Paulo

13/02/2023 14h40

A alta no preço do trigo levou a M. Dias Branco, maior produtora de massas do país, a reduzir as embalagens de seus biscoitos. A ideia era atenuar o aumento dos preços. É o que diz o vice-presidente da empresa, Gustavo Theodozio, em entrevista ao UOL Líderes.

Essa prática é considerada uma forma de disfarçar a inflação, reduzindo a quantidade de produto oferecido, deixando mais cara a unidade comprada (o preço é o mesmo, mas o consumidor recebe menos pelo que paga).

Ele também falou sobre:

  • Os planos da empresa para ganhar mercado nas regiões Sudeste, Centro-Oeste e Sul.
  • A aposta em novos segmentos de mercado, como produtos saudáveis e snacks salgados.
  • Como as pessoas passaram a consumir produtos mais caros depois da pandemia.
  • A importância de estimular a produção de trigo no Brasil e incentivar a importação em momentos de crise.

Ouça a íntegra da entrevista no podcast UOL Líderes. Você também pode assistir à entrevista em vídeo no canal do UOL no YouTube. Veja a seguir destaques da entrevista:

Gustavo Theodozio - Marcus Steinmeyer e Editoria de Arte/UOL - Marcus Steinmeyer e Editoria de Arte/UOL
Gustavo Theodozio, vice-presidente da M. Dias Branco
Imagem: Marcus Steinmeyer e Editoria de Arte/UOL

Redução das embalagens foi saída para alta de preços

Com a pandemia, as commodities no mundo subiram a preços absurdos. No caso do trigo, além da pandemia a gente pegou uma guerra. Rússia e Ucrânia são dois dos maiores exportadores de trigo do mundo. Tivemos que ser criativos, com programas de eficiência e produtividade. Também tivemos que fazer redução de embalagem, onde passávamos parte da redução para o consumidor.

Eliminar taxa de importação em momento de crise

O Brasil, até pouco tempo atrás, produzia 6 milhões de toneladas de trigo e consumia o dobro. Com crise global, uma das soluções é eliminar a taxação para que haja condições de trazer esse trigo sem tributo, já que o Brasil não produz. Acabou essa pandemia e a guerra, volta com a taxação. A outra solução, mais de longo prazo, é o governo incentivar a produção, e ele tem feito por meio da Embrapa.

Potencial de expansão no Sudeste, Sul e Centro-Oeste

Temos um pouco mais de um terço do mercado de massas e um pouco mais de um terço no mercado de biscoitos. Quando você estratifica esse market share, temos 60% no Norte e Nordeste, e 20% no Sul, Sudeste e Centro-Oeste. Por isso entendemos que existe uma avenida inexplorada ainda pela M. Dias nessas regiões.

Rio Grande do Sul gosta de biscoito de pêssego

O Brasil tem vários países dentro dele. Uma das únicas regiões onde temos uma venda relevante de biscoito recheado sabor pêssego é no Rio Grande do Sul. No Rio de Janeiro tem um biscoito feito com malte que é best-seller. Agora estamos tentando mostrar um pouco esse sabor para o Brasil. Cada região tem a sua peculiaridade.

Caminho para ficar menos dependente do trigo

A M. Dias estava muito dependente da cadeia do trigo. Então começamos a diversificar. Olhamos quatro pilares: Nutrição e saudabilidade é um mercado importante. Entendemos que tem mercado para a indulgência também, e temos olhado para ele. Outro pilar é o da praticidade. As pessoas estão sem tempo, então oferecer na loja de bairro algo prático. E um quarto segmento é o de snacks salgados.

Consumidor buscou produtos mais caros após pandemia

Surgiu um mercado da indulgência, que a gente não esperava que fosse crescer tanto. Imaginamos que pelo fato de as pessoas terem ficado muito tempo em casa na pandemia, quando começaram a sair, passaram a se dar o luxo de consumir produtos de mais valor agregado. A marca Piraquê, que é de biscoito premium, foi uma das que mais cresceu.