'Roubo de peça e briga com boleteiras': grupo da Shein tem dicas e hates
Que a Shein caiu no gosto do público, isso não é mais segredo para ninguém. Nos grupos fechados do Facebook, as compradoras compartilham dicas, tiram dúvidas e jogam hate nas chamadas "boleteiras" - pessoas que tentam reservar peças que vão entrar em promoção gerando boletos que nunca serão pagos.
A prática pode até não fazer sentido, mas é semelhante ao velho truque de "esconder a peça no final da arara" com a esperança de que ninguém vai encontrá-la antes de você voltar para concluir a compra. Pode até não ser uma garantia, mas vale a tentativa.
"Gente, me falem o que é boleteira? Eu vejo vocês falando isso, o que é?", questionou uma mulher em um grupo com quase 141 mil membros. "Você tá querendo ser boleteira, é? Que vergonha kkkkk", respondeu outra.
Como isso funciona?
No aplicativo, as compradoras ficam ligadas em quais são os dias de live — nas transmissões ao vivo, alguns produtos ganham astronômicos 80% de desconto.
A lista dos produtos que serão abençoados fica disponível dias antes, já com os preços atualizados.
Alguns itens são limitados e, muitas vezes, já entram na live esgotados. Algumas espertinhas simulam a compra com o preço cheio: enchem o carrinho, selecionam o pagamento em boleto e... não pagam - todo o trabalho é apenas para "reservar" a peça.
Na hora da live, elas cancelam a operação e, rapidamente, já atualizam o carrinho - agora, com o desconto — e finalizam a compra com a forma de pagamento que bem entendem.
Tem quem fique de campana, atualizando a página, esperando os poucos segundos entre as operações na expectativa de "roubar" a peça reservada por outra pessoa.
"Venci a boleteira", comemorou uma compradora neste mesmo grupo, mostrando prints de uma compra que deu certo usando o método.
Torcida pela taxação
As boleteiras não são nada perto da fiscalização aduaneira. Só quem vence a Receita [Federal] merece respeito.
O comentário desta outra mulher se refere as taxas de importação aplicadas em determinadas compras internacionais.
Sim, as "boleteiras" torcem para que as compras dessas supostas ladras sejam taxadas.
Na teoria, todas as compras de sites internacionais deveriam ser taxadas. Mas o volume dessas operações é muito grande e a Receita Federal não tem capacidade de fiscalizar todas as encomendas.
"Dessa vez eu fui boleteira", postou uma terceira mulher, mostrando uma compra de R$ 689,30 que saiu por R$ 181,78. Com cupom de desconto, ficou ainda mais barato, em torno de R$ 160.
A Shein foi procurada pela reportagem para falar sobre a prática das compradoras, mas não retornou o contato.
A marca também foi questionada se faz sentido a lógica de, ao cancelar uma operação, o produto voltar imediatamente ao estoque. O espaço segue aberto para manifestação.
Réplicas de luxo
Mas esses grupos não têm apenas brigas e discussões.
Nas postagens, as mulheres também se ajudam compartilhando compras que não se arrependeram de fazer ou postando comparações de peças de lojas de shopping com as do aplicativo.
Itens inspirados em modelitos de grifes também fazem muito sucesso. Uma bolsa caramelo, réplica do modelo Loulou, da Yves Saint Laurent, que facilmente passa de R$ 20 mil, foi vendida de R$ 446,90 por R$ 66,90 em uma live.
"É um courinho bem fino e macio. Macio demais, super gostoso de carregar. Ela poderia ser mais pesadinha, encorpada (não é couro, eu queria o quê? Kkkk), mas, é levinha", resenhou uma compradora.
Uma outra postagem mostra um colar réplica da Tiffany & Co por apenas R$ 6,90. Em vez do nome da grife, a peça semelhante traz escrito na prata "Forever Love".
Ambas são acompanhadas do lema "please return to New York" e a indicação da prata 925 (valor que faz referência a pureza do material sobre).
A joia original é vendida por mais de R$ 1,6 mil no Brasil.
Briga já foi física
Em novembro, a inauguração de uma loja temporária da Shein no Shopping Vila Olímpia em São Paulo teve confusão: apenas no primeiro dia de funcionamento, 7 mil pessoas tentaram ir ao estabelecimento. As portas tiveram que ser fechadas às 17h30 por causa do tumulto.
Alguns números da empresa dão a dimensão do negócio chinês:
8º e-commerce mais acessado no Brasil (Android e web): 66,8 milhões de visitas em novembro, segundo relatório da Conversion.
4º aplicativo de e-commerce mais visitado no Brasil (Android): quase 40,4 milhões de visitas em novembro, à frente de Magazine Luiza.
BTG Pactual estima que a Shein tenha faturado R$ 2 bilhões no Brasil em 2021. Empresa não confirma valor.
Presente em mais de 150 países, com 10 mil funcionários em todo o mundo.
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