Tributária: Câmara tira benefício fiscal para fábricas; texto vai ao Senado

A Câmara dos Deputados terminou a votação da reforma tributária e aprovou uma alteração no texto. O trecho que prorrogava benefícios fiscais para montadoras no Norte, Nordeste e Centro-Oeste foi retirado da reforma porque faltou um voto. Agora a PEC (Proposta de Emenda Constitucional) segue para o Senado, onde haverá nova avaliação.
O que mudou
A última proposta de mudança tratava de retirar da reforma benefícios para indústrias e fábricas de automóveis nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste. O destaque foi aprovado porque houve somente 307 votos a favor do texto original, um a menos do que o necessário para ele ser mantido.
O benefício gerou discussão porque uma das diretrizes da reforma é acabar com a guerra fiscal. Parlamentares de diferentes regiões argumentaram a favor de seus estados. O relator, deputado Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), justificou que os benefícios foram incluídos na reforma para honrar contratos já apalavrados.
Ele acabou derrotado e esta é o único ponto de seu texto que não foi aprovado pelo plenário. O texto agora segue para o Senado, onde passará por nova avaliação.
PL em obstrução
Chamou a atenção que o PL entrou em obstrução, o que significa que os votos dos deputados do partido não seriam incluídos no quórum. Foi uma manobra para dificultar a derrubada dos destaques com deserções do próprio partido, mas não funcionou em sua maioria.
A estratégia se deu no dia seguinte ao partido do ex-presidente Jair Bolsonaro dar 20 votos favoráveis à reforma tributária. A orientação da liderança e de Jair Bolsonaro era ser contra a PEC.
O Novo também votou a favorável às sugestões de mudança na reforma tributária. A decisão seguiu uma tendência do partido na discussão da PEC, em que se manteve o tempo todo contra o Planalto.
Quais foram os destaques rejeitados
O primeiro destaque avaliado tratava da retirada do imposto seletivo, que é uma alíquota maior para produtos que fazem mal à saúde, como o cigarro. A sugestão foi recusada por 336 votos contra e 132 a favor - o mínimo para rejeição eram 308 votos.
A segunda proposta de alteração pretendia retirar da reforma o artigo que permite às prefeituras atualizar o IPTU com a variação da inflação, o que resulta em aumento de imposto. Este mecanismo é uma demanda dos prefeitos e a sugestão de mudança foi derrubada por 349 diante de 84 a favor.
O destaque de número três mudava a forma de tributar os planos de saúde, enquadrados em um regime específico. O relator da reforma ressaltou que a alteração aumentaria o valor das mensalidades dos planos. O destaque foi derrubado por 370 votos contra e 20 a favor.
Outras votações econômicas
Lira disse que a votação do arcabouço fiscal, após ter tido alterações no Senado, fica para agosto. Lira afirmou que o relator do projeto, deputado Cláudio Cajado (PP-BA), não está em Brasília e não liberou o texto para os parlamentares analisarem.
Os deputados analisam o voto de desempate no Carf (Conselho Administrativo de Recursos Fiscais). As mudanças impactam empresas com dívidas tributárias e têm potencial de aumentar a arrecadação do governo.
Em caso de empate na votação, o governo tinha um "voto de qualidade" para definir o resultado. Isso foi extinto em 2020 pelo Congresso. Havia a queixa que quase sempre o governo saía vitorioso. Com seu fim, o empate passou a favorecer o contribuinte.
Governo deixou de arrecadar bilhões. Do total de R$ 25,4 bilhões dos processos que deram empate em 2022, a Fazenda ganhou apenas R$ 618 milhões - 2% dos valores envolvidos nos julgamentos. Em 2019, antes do fim do voto de qualidade, a situação era bem diferente. O governo obteve R$ 60,5 bilhões (82%) no desempate.
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