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PIB se mantém estável e cresce 0,1% no 3º trimestre de 2023

Alexa Meirelles

Do UOL, em São Paulo

05/12/2023 09h04

A economia brasileira se manteve estável e cresceu 0,1% no terceiro trimestre do ano, na comparação com o trimestre anterior. Os dados do PIB foram divulgados na manhã desta terça-feira (5) pelo IBGE.

O que aconteceu

Em relação ao mesmo trimestre do ano passado, o PIB cresceu 2%. Já no acumulado nos quatro trimestres encerrados em setembro de 2023, o crescimento foi de 3,1% (quando comparado aos quatro trimestres imediatamente anteriores). O acumulado do ano (janeiro a setembro) apresentou alta de 3,2%.

O dado veio positivo, mas mostra uma desaceleração da atividade econômica. A expectativa em pesquisa da Reuters era de uma contração de 0,2% no período.

Ainda assim, o ministro da Fazenda Fernando Haddad se mostrou otimista sobre o crescimento da economia brasileira. Ele participou de uma live ao lado do presidente Lula (PT) em Berlim, na Alemanha, e manteve a previsão de crescimento de 3% este ano. Segundo o ministro, com a aprovação das medidas econômicas sendo discutida no Congresso, as pessoas podem acreditar que a economia brasileira ficará "cada vez mais forte".

Em valores correntes, o PIB no terceiro trimestre de 2023 totalizou R$ 2,741 trilhões. O indicador está no maior patamar da série histórica e opera 7,2% acima do nível pré-pandemia, registrado no quarto trimestre de 2019.

Também foram divulgadas as revisões das séries das Contas Nacionais Trimestrais relativas a todos os trimestres do ano passado e dos dois primeiros deste ano. Com a revisão, o resultado anual de 2022 variou positivamente 0,1%. O dado é explicado principalmente pela mudança de pesos do Sistema de Contas Nacionais.

As revisões do primeiro e segundo trimestres de 2023 foram relacionadas à agropecuária. Houve a incorporação das estimativas de novembro do LSPA (Levantamento Sistemático da Produção Agrícola), com o ano já terminando.

Os dados também mostram que a despesa de consumo das famílias aumentou 1,1%, e a do governo, 0,5%. Rebeca Palis, coordenadora de Contas Nacionais do IBGE, aponta que a alta é explicada por alguns fatores, como os programas governamentais de transferência de renda, a continuação da melhora do mercado de trabalho, a inflação mais baixa e o crescimento do crédito. "Por outro lado, apesar de começarem a diminuir, os juros seguem altos e as famílias seguem endividadas. Houve também a queda no consumo de bens duráveis", afirma.

Houve queda de 2,5% nos investimentos (Formação Bruta de Capital Fixo) ante o segundo trimestre do ano. Trata-se da quarta queda consecutiva, reflexo da política monetária contracionista, com queda na construção e também na produção e importação de bens de capital analisa Rebeca.

Destaques dos setores econômicos

Em relação ao segundo trimestre do ano, os setores de Serviços e Indústria foram os destaques; ambos avançaram 0,6%. Por outro lado, a Agropecuária recuou 3,3%.

Das sete atividades analisadas dentro do setor de serviços, seis apresentaram alta. Segundo Rebeca, os maiores aumentos percentuais vieram das atividades financeiras, de seguros e serviços relacionados (1,3%) e as imobiliárias (1,3%). O setor de serviços representa cerca de 67% da economia brasileira.

Entre as atividades industriais, o crescimento foi do setor de eletricidade e gás, água, esgoto, atividades de gestão de resíduos (3,6%). Os dados foram influenciados pelo crescimento no consumo de energia. Rebeca destaca que está sendo um ano bom para o setor, sem problemas hídricos e com bandeira verde. "Também foi muito quente, o que favoreceu o consumo de eletricidade e de água", diz.

As indústrias extrativas e as indústrias de transformação ficaram estáveis. A única atividade industrial que apresentou retração foi a construção (-3,6%). A coordenadora explica que 2023 não está sendo um ano bom para a atividade por conta dos juros altos, queda na ocupação e produção de insumos típicos e no comércio de material de construção. No acumulado do ano, o recuo é de 0,9%.

A queda da agropecuária aconteceu após cinco trimestres com taxas positivas. A pesquisadora pondera, no entanto, que o resultado já era esperado e a atividade acumula alta de 18,1% até o terceiro trimestre do ano.

A agropecuária atingiu o seu maior patamar no trimestre passado e neste há a saída da safra da soja, a maior lavoura brasileira, que é concentrada no primeiro semestre. Então há a comparação de um trimestre em que há um grande peso da soja com outro em que ela não pesa quase nada.
Rebeca Palis, coordenadora de Contas Nacionais do IBGE

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