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Entenda a situação que levou a Casas Bahia à recuperação extrajudicial

Imagem: Nacho Doce/Reuters

Alexandre Garcia

Colaboração para o UOL, de São Paulo

29/04/2024 12h33

O Grupo Casas Bahia anunciou neste domingo (28) um pedido de recuperação extrajudicial. A decisão dá sequência ao plano de transformação anunciado pela varejista em agosto do ano passado. O objetivo principal da ação é estender o pagamento de uma dívida que supera R$ 4,1 bilhões.

Entenda a recuperação

O pedido tem como ponto central o alongamento de todas as dívidas da companhia. Conforme a proposta apresentada, o novo prazo para quitação das dívidas saltará de 22 meses (um ano e dez meses) para 72 meses (seis anos). Além disso, haverá a redução de 1,5 ponto percentual no custo médio do endividamento com os credores.

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O chamado "reperfilamento" altera o cronograma de pagamentos dos débitos. Com a mudança, os desembolsos até 2027 caem de R$ 4,8 bilhões para menos de R$ 500 milhões. Para os anos seguintes, os pagamentos saltam expressivamente, até R$ 2,6 bilhões em amortizações e 1,9 bilhão em juros em 2030. A evolução considera que não existe mudança no valor total da dívida.

O apoio de bancos parceiros à companhia sustenta a recuperação. Conforme a divulgação, as instituições detêm 54,5% das dívidas do Grupo Casas Bahia. Com isso, a companhia estima que o anúncio do pedido extrajudicial "nasce pré-aprovado".

A empresa afirma que o plano visa melhorar o fluxo de caixa da varejista. Segundo o CEO do Grupo Casas Bahia, Renato Franklin, a recuperação não envolve dívidas operacionais e não traz impacto para clientes, fornecedores e funcionários.

Esse acordo é substancialmente material. A melhora no nosso fluxo de caixa é de R$ 4,3 bilhões nos próximos quatro anos. Somente em 2024, traz um ganho superior a R$ 1,5 bilhão.
Renato Franklin, CEO do Grupo Casas Bahia

Há ainda um plano de carência determinado pelo processo. Segundo o projeto de recuperação extrajudicial, a empresa terá 24 meses (dois anos) para iniciar o pagamento dos juros da dívida obtida pelas Casas Bahia. Há ainda outros 30 meses para o desembolso principal. As alterações devem resultar em uma economia estimada em R$ 60 milhões por ano.

Conseguimos avançar nessa negociação ao invés de fazer acordos pontuais, que solucionam o curto prazo e, logo depois, exigem a discussão de novos acordos.
Renato Franklin, CEO do Grupo Casas Bahia

A situação representa um novo passo do processo de transformação da empresa. O plano apresentado em agosto de 2023 originou na unificação da Via (ex-Ponto Frio) com as Casas Bahia. A nova formatação do grupo previa a redução dos estoques, a demissão de 8.600 funcionários, o fechamento de 55 lojas e a realocação de centros de distribuição.

Escolha extrajudicial

A recuperação extrajudicial ainda representa um processo de reestruturação de dívida menos utilizado no Brasil. O processo, no entanto, é mais simples e barato. Com a ação, a empresa endividada já ingressa diretamente com o pedido da homologação da proposta de pagamento dos débitos.

O processo de recuperação extrajudicial também é mais barato, porque não envolve os custos com administrador judicial e não há obrigatoriedade da participação do Ministério Público. É possível também ingressar com o pedido somente para equalização de uma classe de credores, como fez a Casas Bahia.
Nadime Geraige, advogada especialista em recuperação e falência

Os credores ao aceitarem esse processo demonstram um pouco mais de confiança na recuperação da empresa.
Claudio Felisoni de Angelo, presidente do Instituto Brasileiro de Executivos de Varejo

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