Fuga com bilhões: o sumiço misterioso da 'criptorainha' na mira do FBI

A búlgara Ruja Ignatova, de 44 anos, está na lista das dez pessoas mais procuradas pelo FBI, a polícia federal dos EUA, por acusações de fraude em um golpe de criptomoedas, considerado um dos maiores da história.
Há poucos rastros desde seu desaparecimento, em 2017, mas novas pistas apontam que ela pode ter sido assassinada pelo chefe do crime organizado na Bulgária —e seu ex-aliado.
Quem é Ruja Ignatova
Ruja Ignatova nasceu na Bulgária, mas foi criada na Alemanha. Ela tem doutorado em direito e diz ter estudado em Oxford, uma das instituições mais famosas do mundo.
"Assassina do bitcoin". Ignatova fundou em 2014 a OneCoin, criptomoeda que rivalizaria com o bitcoin e prometia lucros elevados, até dez vezes superiores. Por isso, se vendia como a "assassina do bitcoin". A búlgara, que se autointitulou "criptorainha", viajava o mundo para divulgar a empresa e atrair investidores.
Fraude de R$ 20 bilhões. Em 2017, autoridades descobriram que a OneCoin era falsa, já que não tinha blockchain própria (tecnologia comum às criptomoedas). A empresa foi acusada de operar um esquema de pirâmide, que teria arrecado US$ 4 bilhões (mais de R$ 20 bilhões) de investimentos no mundo todo, incluindo no Brasil.
Desaparecida desde 2017. Ruja Ignatova sumiu em outubro de 2017, enquanto órgãos de vários países investigavam a operação da OneCoin. A última informação é que ela embarcou em um voo com destino a Atenas, na Grécia.
Fuga com fortuna de bilhões. Jamie Bartlett, jornalista da BBC que investiga o caso, disse em 2022 que um dos motivos para a sua captura ser difícil é que Ignatova fugiu com uma alta fortuna, avaliada em US$ 500 milhões (mais de R$ 2,6 bilhões).
Procurada pelo FBI. A búlgara é a única mulher na lista das dez pessoas mais procuradas pelo FBI. Em 2019, ela foi indiciada nos EUA por oito crimes, como fraudes eletrônica e mobiliária. A polícia norte-americana oferecia US$ 100 mil (mais de R$ 500 mil) como recompensa por pistas sobre o seu paradeiro em 2022.

Qual o paradeiro da 'criptorainha'?
Relação com o crime organizado da Bulgária. Informações divulgadas nesta semana pela BBC mostram que o chefe do crime organizado búlgaro seria responsável pela segurança de Ruja Ignatova. Hristoforos Nikos Amanatidis, conhecido como Taki, teve o nome associado à "criptorainha" com frequência, segundo as investigações.
Fomos informados que, supostamente, um grande traficante estava encarregado da sua segurança física. Taki veio à tona mais de uma vez, não parecia um caso isolado. Era um tema recorrente.
Richard Reinhardt, que abriu a investigação contra a OneCoin na Receita Federal dos EUA, em entrevista à BBC
Suspeita de assassinato. Documentos obtidos pela BBC, porém, indicam a possibilidade de Taki ter mandado matar Ruja Ignatova. Um informante da polícia afirma ter ouvido do cunhado do criminoso que ele deu ordem para assassiná-la em 2018. O corpo teria sido desmembrado e jogado no Mar Jônico. Fontes também afirmaram que imóveis de Ignatova na Bulgária seriam usados por Taki.
Risco para Taki. O motivo do assassinato seria a investigação contra Ignatova. Matá-la seria a saída para afastar o nome de Taki da mira dos investigadores nas fraudes da OneCoin.
Sem provas contra o ex-aliado. No entanto, investigadores afirmam não existirem provas suficientes para Taki ser considerado suspeito e preso. O investigador Richard Reinhardt também afirmou que o FBI não manteria o nome de Ignatova na lista dos mais procurados se acreditasse que ela está morta.
Mais teorias sobre o paradeiro da "criptorainha". Há especulações de que Ignatova vive em Frankfurt, na Alemanha. Seu então marido trabalhava como advogado em uma empresa na cidade e eles tiveram uma filha em 2016, um ano antes do sumiço da búlgara. Também há teorias de que ela teria passado por cirurgias plásticas para ficar irreconhecível, além de se esconder no mar, em uma distância onde a polícia não teria jurisdição para prendê-la.
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