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Lula questiona autonomia do BC e lamenta juros mantidos: 'Brasil que perde'

O presidente Lula (PT) dá entrevista à rádio Verdinha, no Ceará Imagem: Reprodução/YouTube/CanalGov

Do UOL, em Brasília

20/06/2024 12h17Atualizada em 20/06/2024 15h17

O presidente Lula (PT) disse nesta quinta-feira (20) que a decisão anunciada ontem pelo Banco Central de manter a taxa básica de juros em 10,5% ao ano foi "uma pena". Ele voltou a criticar a autonomia do órgão.

O que aconteceu

A decisão do Copom (Comitê de Política Monetária) foi unânime. Todos, incluindo os conselheiros indicados por Lula, votaram pela manutenção da taxa. A decisão interrompeu um ciclo de quedas da Selic desde agosto de 2023: foram sete reuniões seguidas, com redução de 13,75% para 10,5%.

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A reclamação de Lula já era esperada. De olho no estímulo econômico, o presidente tem sido um dos principais críticos aos juros altos. Quando o Copom começou a se reunir, na terça (18), ele fez duras críticas ao presidente do BC, Roberto Campos Neto.

Na entrevista de hoje, ele também voltou a questionar a autonomia do BC. "Autonomia de quem? Autonomia para servir quem? Autonomia para atender quem?", questionou Lula. Ele tem dito que Campos Neto tem viés político.

Como argumento, usou seus dois primeiros mandatos, quando indicou Henrique Meirelles. "O Meirelles tinha autonomia tanto quanto tem esse rapaz [Campos Neto], mas o Meirelles era uma cara que eu tinha o poder de tirar", disse. Meirelles foi presidente do BC entre 2003 e 2010.

Como o UOL mostrou, os indicados pelo governo estavam em uma situação delicada. Em especial, o diretor de Política Monetária, Gabriel Galípolo, cotado a assumir o BC neste ano. Eles tinham de mostrar ao governo que estão alinhados à queda da Selic e, ao mesmo tempo, acenar ao mercado que não são submissos a Lula e também estão comprometidos com o controle da inflação.

A manutenção era esperada pelo mercado financeiro. Os analistas que respondem a pesquisa semanal Focus, do próprio BC, projetam que a Selic vai terminar 2024 em 10,5% ao ano — ou seja, que não haverá reduções adicionais até dezembro.

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Justificativas do Copom

Para justificar a manutenção dos juros no patamar atual, o Copom citou fatores externos e internos. Disse, no comunicado em que anunciou a sua decisão, que existe elevada incerteza sobre a flexibilização da política monetária nos Estados Unidos e sobre a velocidade de queda da inflação em diversos países.

Internamente, o que preocupa são os indicadores de atividade econômica, especialmente de mercado de trabalho, que "apresentam dinamismo maior do que o esperado". As dúvidas sobre o desenvolvimento futuro dessas situações demandam maior cautela na condução da política monetária, de acordo com o comunicado.

O Copom também seguirá monitorando com atenção os impactos da política fiscal na política monetária e nos ativos financeiros. "O comitê reafirma que uma política fiscal crível e comprometida com a sustentabilidade da dívida contribui para a ancoragem das expectativas de inflação e para a redução dos prêmios de risco dos ativos financeiros, consequentemente impactando a política monetária", diz o comunicado.

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