Haddad: 'Não faz sentido levar inflação do RS em conta para os juros'

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, comentou a ata do Copom, divulgada nesta terça-feira (25). Ele afirmou que apenas passou os olhos, mas que está havendo uma interrupção do ciclo de cortes. Também afirmou que a "pressão inflacionária relacionada aos últimos acontecimentos do Rio Grande do Sul não deveria ser levada em consideração pelo Copom."
Na última reunião, o Copom (Comitê de Política Monetária) manteve a taxa básica de juros, a Selic, em 10,5%, interrompendo a sequência de cortes nos juros.
O que aconteceu
Copom faz uma interrupção dos cortes de juros. Ao deixar o ministério, ao ser questionado por jornalistas, o ministro afirmou que "a ata (do Copom) está muito aderente ao comunicado. Transmite a ideia de que está havendo uma interrupção (nos cortes de juros) para avaliar o cenário interno e externo para que o Copom posso tomar decisões a partir de novos dados."
Para o ministro, a pressão inflacionária se deve ao que aconteceu no Rio Grande do Sul e não deveria ser levada em conta pelo Copom. Segundo Haddad, a pressão inflacionária afeta no curto prazo e não faz sentido levar em consideração para a política monetária.
Acredito que tenha uma pequena pressão inflacionária em função do que aconteceu no Rio Grande do Sul, mas essa é uma inflação que afeta no curto prazo. O horizonte do Banco Central é de médio e longo prazo. Não faz muito sentido levar em consideração o que está acontecendo em função do Rio Grande do Sul para política monetária. O juro de hoje está afetando 12 ou 18 meses para frente, quando a questão do Rio Grande do Sul todos nós estamos trabalhando para ser superada.
Fernando Haddad, ministro da Fazenda
Questionado sobre uma possível elevação nos juros, o ministro reforçou a interrupção do ciclo de cortes. "Eventuais ajustes quando forem necessários é algo que sempre vai acontecer, mas a diretoria fala numa interrupção do ciclo e me parece que essa é uma diferença importante.
Ata do Copom
O BC publicou nesta manhã a ata da reunião do Copom de 18 e 19 de junho. No encontro, o comitê decidiu manter a taxa básica de juros da economia em 10,5% ao ano.
O comitê, unanimemente, optou por interromper o ciclo de queda de juros, destacando que o cenário global incerto e o cenário doméstico marcado por resiliência na atividade, elevação das projeções de inflação e expectativas desancoradas demandam maior cautela.
Ata do Copom
A decisão do dia 19 interrompeu um ciclo de quedas da Selic que havia começado em agosto de 2023. Em sete reuniões seguidas ao longo de dez meses, o Copom tinha reduzido a taxa de 13,75% ao ano para 10,5% ao ano.
A reunião de junho do Copom estava cercada de mais expectativa do que o costume por questões políticas. No encontro de maio, o comitê havia resolvido cortar a taxa em 0,25 ponto percentual, para 10,5% ao ano, em uma decisão que dividiu os membros. De um lado, defendendo uma redução maior, de 0,5 p.p., estavam os diretores indicados pelo governo Lula. Do outro, que acabou prevalecendo, membros mais antigos. Essa discordância alimentou a preocupação de que, quando acabar o mandato do atual presidente do BC, Roberto Campos Neto, em dezembro, um novo chefe indicado pelo atual governo seja mais agressivo nos cortes.
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