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Juros do Plano Safra não estão 'efetivamente fechados', diz ministério

Roberto Perosa, secretário de comércio e relações internacionais do Ministério da Agricultura Imagem: Carlos Silva/Mapa

Mariana Grilli

Colaboração para o UOL, em São Paulo (SP)

27/06/2024 16h52Atualizada em 27/06/2024 16h52

Produtores rurais brasileiros tinham a expectativa de saber nesta semana os valores que serão destinados pelo governo federal para o Plano Safra 2024/25, mas o anúncio foi postergado para 3 de julho. Embora o ministro Carlos Fávaro tenha tentado colocar "panos quentes" sobre o adiamento, o setor se mostra insatisfeito por ainda não saber quais serão as taxas de juros aplicadas para o calendário safra que se inicia em julho.

Durante o evento Global Agribusiness Forum (GAFFFF), realizado nesta quinta-feira (27) em São Paulo, Roberto Perosa, secretário de Comércio e Relações Internacionais do Ministério da Agricultura, disse que, mediante a queda da Selic de 13,75% ao ano para 10,50% ao ano, os juros do Plano Safra deverão ser baixados, mas "nada está efetivamente fechado".

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O valor cogitado para toda a política pública é de R$ 500 bilhões, a serem divididos entre agricultura familiar e empresarial. De acordo com Perosa, o ministro está em grande negociação com a Fazenda para fechar um Plano Safra com mais robusto. Ainda assim, é um "desafio de fazer um Plano Safra maior que do ano passado, com notório os problemas que a área econômica do governo está tendo que enfrentar, com restrição de crédito, restrição orçamentária".

Fávaro também tem outro ponto relevante para resolver simultaneamente: a situações dos produtores rurais do Rio Grande do Sul. O governador gaúcho Eduardo Leite, também presente no evento de São Paulo, promovido pela consultoria Datagro, afirmou que "há uma insatisfação do agronegócio ao que nos foi ofertado pelo governo federal".

"Ontem nos reunimos com o ministro e as federações de produtores e pecuaristas gaúchos, quando recebemos a sinalização de recursos específicos", afirmou o govenador. Ainda segundo ele, o ministro da Secretaria Extraordinária de Apoio à Reconstrução do estado, Paulo Pimenta, deve anunciar até esta sexta-feira, 28, novas medidas de apoio aos produtores afetados pelas enchentes. Até o momento, foram contabilizados 50 mil produtores e 4 mil pecuaristas atingidos nos últimos 60 dias.

Relações internacionais

Na ocasião, em São Paulo, Roberto Perosa também se pronunciou sobre a relação com a União Europeia, já que em 2025 está previsto para entrar em vigor a lei antidesmatamento aplicada pelo bloco europeu, e que recai sobre o agronegócio brasileiro.
O secretário reforçou a sugestão da plataforma chamada Agro Brasil Mais Sustentável, cuja proposta é fornecer rastreabilidade e mostrar os processos sustentáveis da agropecuária aos países importadores. "Vamos atestar os produtos que podem ser exportados para a União Europeia. Foi muito bem recebida e pode ser usada em outras regiões do mundo", disse. Mesmo assim, ele ponderou que a relação com os europeus tem pendências.

"A União Europeia fez dez exigências para fechamos um acordo, nove já foram atendidas. O último ponto é uma questão de arbitragem, saber quem vai arbitrar em questão de conflito", afirmou.

De acordo com o comissário da União Europeia Janusz Wojciechowski, é preciso ter "gratidão aos agricultores brasileiros". Por isso, em face às mudanças climáticas, mais do que penalizar produtores e aplicar restrições severas em caso de descumprimento às exigências europeias, Wojciechowski defende que haja incentivo financeiro e apoio para a adoção de práticas sustentáveis.

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