Quem é Miguel Gutierrez, ex-CEO das Americanas preso em Madri
Do UOL, em São Paulo
28/06/2024 11h26
Miguel Gutierrez, ex-presidente das Americanas, foi preso em Madri na manhã de hoje (28). O executivo passou décadas na varejista e estava na Espanha havia mais de um ano.
Mudou-se para a Espanha
Miguel Gutierrez mudou-se para a Espanha no início das investigações contra as fraudes. Ele teve a prisão preventiva decretada ontem, em uma operação da Polícia Federal. Com passaportes brasileiro e espanhol, Miguel Gutierrez estava na Espanha por conta de um tratamento médico, de acordo com o que seus advogados disseram no ano passado.
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Ex-presidente das Americanas, ficou no cargo oficialmente até dezembro de 2022. Passou quase 30 anos na empresa, onde entrou em 1993. Passou mais de 20 anos no cargo de CEO. Depois da sua saída, ele foi substituído por Sergio Rial, nome apontado em agosto de 2022.
Além do ex-CEO, a ex-presidente da B2W, Anna Saicali, também é considerada foragida. Ela viajou para Portugal no último dia 15 e está com ordem de prisão decretada, incluída na lista da Interpol.
Procurada pelo UOL, a empresa disse, por meio de sua assessoria de imprensa, que não irá se posicionar sobre o caso.
Fraude contábil
Diretoria fraudava os resultados. Segundo o comitê independente convocado pelo grupo para apurar o caso, a antiga diretoria das Americanas, Gutierrez incluído, "fraudou os resultados da companhia" para enganar o conselho e o mercado. Segundo o comitê, há pelo menos 25 indícios de materialidade que ligariam a antiga diretoria à fraude.
Deu depoimento à CVM e à Polícia Federal. Em março de 2023, ele deu um depoimento à CVM (Comissão de Valores Mobiliários), ao qual o UOL teve acesso com exclusividade, em que diz que atrasava o pagamento a fornecedores para gerar caixa para a empresa. Em junho do ano passado, disse o mesmo em depoimento à Polícia Federal.
Esquema tinha aprovação dos acionistas, segundo Gutierrez. Ele afirmou ainda que nenhuma decisão estratégica era tomada sem o conhecimento e anuência de seus acionistas de referência, em especial o bilionário Carlos Alberto Sicupira.
O ex-presidente e outros executivos venderam R$ 287 mil em ações antes da divulgação da fraude. O próprio Gutierrez embolsou R$ 171,7 milhões. Com a divulgação da existência de um rombo de R$ 25,3 bilhões no balanço da empresa em razão de "inconsistências contábeis", feita por Rial, a ação da varejista derreteu e ela precisou pedir recuperação judicial.