Olimpíadas animaram você a viajar? Saiba quando o dólar vai voltar a cair
O dólar já subiu 16,21% neste ano (até 25 de julho). Só na última semana, a alta foi 3,66%, conforme dados da consultoria Elos Ayta. Isso atrapalha muito quem planeja viajar e também alimenta a inflação no Brasil
Afinal, quando o dólar vai parar de subir?
No fim de junho, a moeda americana deu uma grande arrancada e chegou, no dia 2 de julho, a R$ 5,68. Depois passou a cair e voltou a subir depois do dia 16. Mas ainda estamos um pouco longe do pico histórico da moeda, que registrou o maior valor nominal em 14 de maio de 2020, chegando a R$ 5,9372, conforme levantamento da Elos Ayta.
A moeda brasileira tem essa característica de subir muito e cair bastante conforme as notícias vão repercutindo no mercado. É o que diz Matheus Massote, especialista em câmbio da One Investimentos.
É difícil prever quando - e se - o dólar vai parar de subir. Mas os especialistas acreditam que a moeda deve terminar o ano entre R$ 5,20 e R$ 5,30. O Itaú, por exemplo, aposta em R$ R$ 5,30 por dólar.
Mas até lá não descarto a probabilidade de a moeda chegar a R$ 5,80 em curtos momentos
Matheus Massote, especialista em câmbio da One Investimentos.
No entanto, há quem preveja uma situação bem pior. "A moeda permanece em tendência de alta, com o objetivo de R$ 5,717. O pior é que, se romper esse valor, a projeção indica que pode ir a R$ 5,923", diz Marcelo Coutinho, especialista em investimentos e analista TradersClub.
Sergio Brotto, diretor executivo da Dascam Corretora de Câmbio, também não está otimista. "Acredito que só para o segundo trimestre do próximo ano possamos ter dias mais tranquilos, com o dólar em um patamar mais baixo", afirma ele.
Por que tantas previsões diferentes?
A moeda responde a notícias sobre a situação fiscal do Brasil, o cenário internacional e os juros. Em alguns momentos, a situação fica mais nervosa e aí a moeda sobe. Mas em seguida, ela sofre uma correção.
Qual a melhor hora para comprar, então?
Quem vai viajar precisa ficar atento. Geralmente, sempre depois de alguns dias de alta, o dólar cai. Essa é uma hora boa para compras. O melhor é fazer as aquisições aos poucos, meses antes da viagem.
Existem também épocas do ano que são melhores para isso. A melhor temporada é no final do ano. "Nas últimas semanas do ano, a agenda política está mais esvaziada, o resultado fiscal do ano já foi divulgado e as coisas ficam mais calmas. Por isso, a cotação da moeda fica mais próxima do "dólar real", explica Massote.
O que é "dólar real"?
É a cotação da moeda livre de interferências momentâneas, como uma entrevista do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. "Na teoria, a cotação de uma moeda é feita matematicamente, comparando-se a inflação de um país com a de outro. No caso, a do Brasil com as dos Estados Unidos", explica o especialista em câmbio.
Sem essas interferências, o real hoje, segundo ele, estaria valendo em torno de R$ 5,20.
O que pode fazer o dólar cair?
Se o banco central americano baixar os juros, o dólar pode cair. É o que diz Tiago Ramos, presidente da corretora de câmbio Freex. A expectativa do mercado, por enquanto, é que ele diminua as taxas em setembro. Mas isso só vai acontecer se os dados da economia americana continuarem apontando para uma menor inflação.
O que pode fazer subir?
Gastos do governo brasileiro acima da arrecadação. Quando um governo gasta mais do que arrecada, a moeda se desvaloriza.
Mas não é só isso: há múltiplos fatores externos. Por exemplo: o banco central japonês decidiu comprar ienes para fazer a moeda local se valorizar na última semana. Isso afetou o real e provocou a desvalorização da moeda.
Como o que aconteceu no Japão afetou o real?
Os investidores fazem uma operação chamada "carry trade". Eles pegam dinheiro emprestado no Japão, onde a taxa de juros é uma das menores do mundo e aplicam em países emergentes, como o Brasil, que tem uma das maiores.
Com a recente valorização do iene feita pelo banco central japonês, esses investidores passaram a ter prejuízo. "Eles começaram a desmontar essas operações, gerando vendendo as moedas desses países emergentes, como o real, e provocando uma forte desvalorização frente ao dólar", explica Andre Fernandes, diretor de renda variável e sócio da A7 Capital.
E a China?
A China é a maior compradora de produtos de exportação do Brasil. O que acontece lá, afeta a moeda aqui. Se a economia chinesa vai mal, as exportações do Brasil também caem. "No cenário externo são esperadas mais ações do governo chinês para reduzir o pessimismo em relação ao crescimento deste ano e dos próximos", diz Brotto.
Também é importante não haver uma piora nas guerras. Uma piora no conflito entre Israel e o Hamas, ou entre a Rússia e a Ucrânia ou o surgimento de um novo embate, faz a moeda americana subir.
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