Plano Safra 24/25 será disponibilizado por recorde de 25 instituições
Danielle Castro
Colaboração para o UOL, de Ribeirão Preto, SP
09/08/2024 12h00
O Plano Safra 2024/2025 liberou R$ 400,59 bilhões para agricultura, o valor mais alto já disponibilizado pelo governo federal para o segmento. Há ainda outros R$ 108 bilhões em títulos de dívida emitidos por instituições financeiras, em um total de R$ 508,59 bilhões para fomento do agro nacional.
Quem irá oferecer crédito
Os recursos podem ser solicitados pelos produtores e empresas agropecuários por meio de 25 instituições financeiras, número também recorde. São quatro entidades a mais em relação ao plano anterior. O conjunto de agentes inclui bancos públicos, privados, de capital misto e cooperativas de crédito, sendo quatro destes atuantes pela primeira vez: Itaú, Banpará, Credicoopavel e CrediSeara.
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Os agentes parceiros desta edição são: Badesul, Banco DLL, Banco do Brasil, Banco John Deere, Banco Safra, Banpará, Banrisul, Basa, BDMG, BNDES, Bradesco, BRDE, BRB, Caixa, CNH Industrial, Credialiança, Credicoamo, Credicoopavel, CrediSeara, Credisis, Cresol, Desenbahia, Itaú, Sicoob e Sicredi. Todos eles permitem receber crédito do Safra com a subvenção direta do Tesouro Nacional.
Divisão dos recursos. Dos R$ 400,59 bilhões, R$ 293,29 bilhões (+8%) serão para custeio e comercialização e R$ 107,3 bilhões (+16,5%) para investimentos. Outros R$ 189,09 bilhões serão com taxas controladas e mais R$ 211,5 bilhões destinados a taxas livres.
Banco do Brasil
Apenas o Banco do Brasil deve operacionalizar 51,1% desse montante. São R$ 260 bilhões, 13% a mais que na edição anterior. Até o momento e apenas nos primeiros dias do Safra, o Banco do Brasil já liberou algo em torno de R$ 22 bilhões para atender a cadeia do agro.
"As demandas e propostas dos produtores rurais, cooperativas e agroindústrias estão sendo prontamente acolhidas e tratadas com agilidade. Recursos não faltarão ao setor", declarou Luiz Gustavo Braz Lage, vice-presidente de Agronegócios e Agricultura Familiar do BB.
A instituição já havia divulgado ações para produtores atingidos pelas enchentes no Rio Grande do Sul. No documento, Tarciana Medeiros, presidente do BB, lembrou que todo recurso do Plano Safra anterior disponibilizado através do banco foi alocado.
Presidente falou da presença nacional do banco. Ela destacou a importância da capilaridade nacional da rede para que o crédito chegasse aos produtores. Além das agências, a instituição tem buscado levar as linhas de crédito aos agricultores por meio de participação em feiras, circuitos de negócios e com as chamadas Carretas Agro do BB, que no último ciclo percorreram 220 mil quilômetros e cerca de 300 cidades.
Divisão dos recursos. Cerca de R$ 120 bilhões estão alocados para custeio, visando aquisição de insumos, sementes, adubos e outros itens para as lavouras e para a produção pecuária, conta Lage.
Nas linhas de Investimentos, estão destinados ainda R$ 44 bilhões para financiar máquinas e equipamentos, obras, modernizações, armazenagem, irrigação, energias renováveis e recuperação de solos e pastagens, com destaque também para inovações e mecanização no campo, biodiversidade e transição agroecológica.
Para Comercialização e Industrialização, são R$ 30 bilhões, destinados por exemplo para estocagem e beneficiamento da produção agropecuária. "E ainda há mais R$ 66 bilhões abrangendo títulos do agro, como CPRs, e para linhas da cadeia de valor do Agro, como crédito agroindustrial, capital de giro em geral e financiamento a exportações", afirma Lage.
Juros mais baixos e sustentabilidade premiada
O grande chamariz dos recursos do Plano Safra são os juros mais baixos. Para a agricultura familiar, as taxas variam entre 0,5% e 6% ao ano por meio do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf). Os médios produtores, por sua vez, contam com juros de 8% a 10,5% ao ano no âmbito do Programa Nacional de Apoio ao Médio Produtor Rural (Pronampl). Os grandes produtores rurais conseguem financiamentos com taxas entre 7% e 12% ao ano. O prazo para quitação é de até 16 anos e as parcelas podem ser anuais.
Quem cumpre com as regras de sustentabilidade na produção têm benefícios extras. De acordo com Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), são premiados com taxas melhores no Safra os que estão com o Cadastro Ambiental Rural (CAR) analisado e aqueles que adotam práticas agropecuárias consideradas mais sustentáveis. Neste ano, a redução poderá ser de até um ponto percentual na taxa.
Como solicitar
As linhas de financiamento do Safra são distribuídas por meio de 13 programas. Para acessar essas linhas, é preciso comprovar a condição de produtor e apresentar a documentação descrita no Manual de Crédito Rural (MCR).
Serão solicitados ainda documentos pessoais e do imóvel rural para que seja feita a análise de crédito. Pequenos agricultores devem estar inscritos no Cadastro de Agricultor Familiar (CAF). De posse dos documentos ou se precisar esclarecer dúvidas, pode-se procurar diretamente uma ou mais das instituições autorizadas pelo Ministério da Fazenda.
O que saber antes de contratar
É importante comparar os benefícios e como as propostas se encaixam nos objetivos da propriedade. "Os recursos do Plano Safra são essenciais para que os produtores possam investir em tecnologia, insumos e infraestrutura, garantindo uma produção mais eficiente e competitiva. No entanto, é fundamental que saibam como acessar e utilizar esses recursos de forma estratégica", explica Romário Alves, CEO e Fundador da Sonhagro, uma rede especializada em assessorar soluções de crédito rural.
No Brasil, todas as operações de crédito voltadas para o setor rural seguem as normas. Elas são estabelecidas no MCR, que é elaborado pelo Banco Central do Brasil (BACEN) e são colocadas no mercado pelo Sistema Nacional de Crédito Rural (SNCR).
Restrições no nome, portanto, podem dificultar o acesso às linhas de crédito. Segundo Alves, o produtor também precisa saber detalhar como o dinheiro será utilizado - o que pode demandar um projeto técnico e uma estimativa de orçamento.
Depois de concedido, o uso do recurso será fiscalizado e deve ter sido aplicado nas finalidades especificadas. "Planejar a longo prazo e reservar parte dos recursos para imprevistos é essencial", completa o especialista.