Bolsa fecha no positivo com alta do petróleo, e dólar cai

A Bolsa de Valores de São Paulo fechou esta segunda-feira (9) em alta de 0,12%, indo a 134.734 pontos. O que impulsionou a valorização, principalmente, foi a recuperação do preço do petróleo que se reflete nas ações da Petrobras (PETR3 e PETR4), que têm peso de 11,86% no Ibovespa.

O dólar, que subiu pela manhã, passou a oscilar entre altas e baixa na parte da tarde. Mas terminou o dia em queda de 0,15%, cotado a R$ 5,582. O dólar turismo ficou em R$ 5,80.

O que aconteceu

A alta do petróleo nesta segunda favoreceu as ações da Petrobras. Na semana passada, o valor do barril do tipo Brent caiu 7,6%, o menor preço em dois anos. Mas hoje subiu 1,09% (US$ 0,78), a US$ 71,84 o barril.

Um potencial furacão se formando e com previsão de atingir a Costa do Golfo dos EUA no meio da semana inverteu a cotação do óleo. A possibilidade do fenômeno climático atingir regiões produtoras dos Estados Unidos e afetar a demanda foi o que provocou a virada.

Desta maneira, as ações da Petrobras fecharam em alta. PETR3 foi para R$ 41,87, com ganhos de 1,8% e PETR4 avançou 1,36%, para R$ 38,06, conforme dados preliminares.

Outro destaque — mas negativo — são as ações da companhia aérea Azul (AZUL4), com baixa de 8,56%, para R$ 4,06, conforme dados preliminares. "Houve queda devido a confirmação de negociações para captação de recursos. A empresa está enfrentando dificuldades de caixa, o que pode levar a uma eventual recuperação judicial", diz Hemelin Mendonça, especialista em mercado de capitais e sócio da AVG Capital.

E o dólar?

Duas forças fizeram um cabo de guerra com o dólar nesta segunda. O custo de vida no Japão, segundo Paulo Gala, economista-chefe do Banco Master, forçou o real a perder valor. "A inflação anual no país que era conhecido pela estabilidade de preços está perto de 3% e isso vem pressionando o Banco Central a subir as taxas de juros", diz o economista. Diante dessa expectativa, muitos investidores desmontam operações de "carry trade", pela qual emprestaram dinheiro a juros baixos no mercado japonês para aplicar aqui, em taxas altas. Isso provoca uma saída de dólares do Brasil.

É difícil estimar quanto movimenta o "carry trade". "Grandes multinacionais com matrizes em outros países pegam moeda com taxa de juros menores e aplicam em suas filiais aqui, ganhando no diferencial", explica Elson Gusmão, diretor de câmbio da Ourominas, empresa de ouro e câmbio. "Grandes fundos e investidores de todos os tamanhos fazem essa operação, que movimenta algo na casa dos bilhões de dólares", diz ele.

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O que segurou o valor do real?

"O mercado está no aguardo dos dados dos EUA e aproveita para realizar lucros", diz Gusmão. Ou seja, enquanto espera o corte nos juros dos Estados Unidos, na semana que vem, os investidores vendem dólares para ganhar com a cotação em alta. E isso fez a moeda perder valor hoje frente ao real. "Com o corte de juros americanos no dia 18, a tendência é de dólar para baixo", completa ele. A manutenção ou até subida de juros por aqui também pode colaborar para um câmbio mais ameno, a não ser que questões políticas, tributárias e fiscais tragam influências negativas.

A Selic vai subir?

O Focus acha que sim. As 100 instituições financeiras que o Banco Central pesquisa semanalmente agora preveem que o Comitê de Política Monetária (Copom) deva subir os juros dos atuais 10,50% para 10,75% ao ano na semana que vem. Até o fim deste ano, a expectativa é de mais aumentos até que a Selic atinja 11,25% ao ano.

Essa também é a opinião do Bank Of America (BofA). Em relatório ao mercado divulgado esta tarde, o banco diz que espera que o Banco Central aumente as taxas em 25 pontos base na próxima semana, com mais dois aumentos de 50 pontos base em seguida, elevando a Selic para 11,75% até o fim do ano.

Esperamos então um aumento final de 25 pontos base em janeiro com as taxas mantidas em 12% por 4 reuniões. A Selic deve terminar o ano que vem em 10,75% (de 9% que previmos anteriormente).
David Beker, Natacha Perez e Gustavo Mendes, economistas do Bank of America (Merrill Lynch)

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Qual é a justificativa?

A inflação não está cedendo. O dólar, diz o BofA, permaneceu acima de R$ 5,50 e "a curva de juros local está precificando totalmente uma alta para a próxima reunião do Copom". Além disso, um ciclo de alta deve "reforçar a credibilidade do Banco Central" , publicou o banco.

Os efeitos do câmbio já puderam ser sentidos no IPCA-15 (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15) de agosto. É o que diz o Itaú, em documento enviado hoje a investidores. "O núcleo de bens sensíveis ao câmbio acelerou para 8,4%, frente 4,2% em julho (na média móvel de 3 meses dessazonalizada e anualizada), enquanto os preços dos demais bens industriais aceleraram de 3,1% para 3,4%, sugerindo que a inflação já está sendo afetada pela depreciação cambial recente", publicou o banco.

O Boletim Focus também elevou pela oitava semana seguida a expectativa de inflação. Agora, ela passou de 4,26% para 4,3% ao ano. As preocupações são principalmente com a seca, que aumenta preços da energia elétrica, e o câmbio. Amanhã, terça-feira (10), sai o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) de agosto. A expectativa é que ele deve ficar próximo de zero.

A primeira prévia da inflação de setembro já saiu. O Índice de Preços ao Consumidor Semanal (IPC-S) subiu 0,05% na primeira quadrissemana de setembro, após fechar agosto com deflação de 0,16%, segundo a Fundação Getulio Vargas (FGV). Com o resultado, o índice acumula alta de 3,94% em 12 meses. Amanhã sai o IPC-Fipe.

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