Apagões e eventos climáticos têm influenciado o mercado de energia, diz N5X
Claudia Varella
Colaboração para o UOL, em São Paulo
12/09/2024 12h00
Depois do apagão nos anos 2000 no Brasil, foi preciso desenvolver estratégias no mercado brasileiro para enxergar a questão da disponibilidade de energia elétrica, foi o que disse Adriana Barbosa, CEO da N5X ao "UOL Líderes", videocast do UOL Economia que entrevista líderes do mundo empresarial. "Hoje, a gente opera em um modelo em que garante que tem energia sendo gerada. Foi feito muito investimento para conseguir desenvolver o lado da oferta", afirma.
Segundo ela, nos últimos três anos havia muita oferta de energia. "Tanto que nos dois, três anos —uma parte de 2021, 2022 e 2023— muito do mercado de negociação de energia fala que a energia estava no 'floor'. O que é isso? A energia estava no valor inferior porque a gente estava com mais oferta de energia do que consumo", diz.
A matriz energética brasileira é, majoritariamente, hidrelétrica. "A gente tem uma alta influência das chuvas na nossa geração, diferente de outros países. Mas é uma preocupação muito grande e é um setor extremamente relevante para o nosso dia a dia e para a nossa economia. O desenvolvimento feito nos últimos anos, o investimento em garantir essa oferta é bastante relevante para o nosso mercado", declara.
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Estive em 2023 na Nodal Trader Conference, que é a principal conferência nos Estados Unidos de comercialização de energia. E lá eles já falavam sobre 'extreme weather' [condições meteorológicas extremas], que a gente vivenciou e tem vivenciado cada vez com mais frequência. São os grandes eventos climáticos que acontecem.
Adriana Barbosa, CEO da N5X
A N5X, que começou a operar em junho deste ano, é a Bolsa de energia brasileira. É um sistema semelhante ao da Bolsa de Valores do mercado financeiro. Nasceu de uma parceria entre a B3 (a Bolsa de Valores brasileira) e o Grupo EEX, que engloba a Bolsa de Energia Europeia com sede na Alemanha. A operação é destinada a empresas fornecedoras e consumidoras participantes do mercado livre de energia.
Crédito de carbono
Empresa está de olho em outros produtos. "Quando a gente fala que quer ser uma Bolsa de energia, a gente não focou em energia elétrica. Porque o que a gente viu se desenhar fora do Brasil é que uma Bolsa de energia passa por gás natural, energia elétrica, e tem crescido muito a parte de produtos ambientais", afirma.
[É em] Crédito de carbono e outros produtos que o mercado está cada vez mais interessado, e as empresas estão cada vez mais preocupadas em conseguir e se preocupam com a sua pegada ambiental.
Adriana Barbosa, CEO da N5X
Isso a gente também tem explorado com os participantes para trazer para a oferta da N5X, para conseguir ajudar que essas empresas consigam bater suas metas de pegada ambiental, sejam voluntárias ou não, ou regulatórias.
Adriana Barbosa, CEO da N5X
Mercado de atacado maduro
O mercado de energia no Brasil é um mercado bilateral. "São negociações entre uma geradora e uma comercializadora, uma comercializadora e um consumidor final. E a gente trouxe, então, na nossa plataforma, mais segurança jurídica e mais digitalização para formalizar essas negociações por uma plataforma", afirmou Adriana.
Mas a meta é construir um mercado de atacado maduro de negociação de energia. "Nosso grande objetivo é conseguir construir um mercado de atacado maduro de negociação de energia, a exemplo do que a gente vê nesses países que passaram por um processo de liberalização do mercado de energia", declara.
Consumidor vai escolher de quem comprar energia
Até 2030, os consumidores poderão escolher de quem comprar energia. "Cada vez mais as pessoas vão poder ter a oportunidade de escolher de quem comprar energia elétrica", declara Adriana. Esse é um movimento similar com o início da abertura do mercado de telecomunicações, na década de 1990.
A nossa expectativa é de que o Brasil rume para uma liberalização, a exemplo do que aconteceu em outros países, até 2030.
Adriana Barbosa, CEO da N5X
Quem atua no mercado livre de energia? Basicamente, são três figuras: as grandes geradoras de energia, as comercializadoras e os consumidores.
Uso de inteligência artificial. Na entrevista, Adriana diz que, com essa abertura de mercado, há um esforço das comercializadoras para se estruturarem a fim de conseguir atender o usuário final.
As empresas estão se estruturando para conseguir atender esse usuário final, a exemplo do que passaram outros segmentos. E inteligência artificial claramente consegue facilitar esse processo, não só do ponto de vista de trazer uma experiência melhor, mas também trazer uma experiência assertiva.
Adriana Barbosa, CEO da N5X
Veja a entrevista completa