Bolsa fecha no zero a zero e dólar cai com dados dos EUA
Lílian Cunha
Colaboração para o UOL
04/10/2024 10h12Atualizada em 04/10/2024 17h23
A Bolsa de Valores de São Paulo praticamente andou de lado nesta sexta-feira (04). O Ibovespa terminou o dia em leve alta de 0,09%, indo a 131.791 pontos. O mercado repercutiu a criação de vagas acima do esperado nos Estados Unidos e as tensões no Oriente Médio.
O dólar também perdeu depois de começar o dia subindo e fechou em baixa de 0,33%, indo a R$ 5,455. O dólar turismo ia a R$ 5,67.
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O que aconteceu
Importante para dimensionar o corte de juros nos EUA, a criação de vagas foi de 254 mil em setembro. O total , divulgado hoje nos EUA, foi bem melhor do que o esperado, que era de 150 mil postos de trabalho. Em agosto, foram 159 mil novos postos, conforme valor revisado.
O dado é significativo pois afasta qualquer temor de recessão nos EUA. E empurra o Fed (Federal Reserve, o banco central dos EUA) para um corte de 0,25 pontos em novembro. Os juros americanos são relevantes para o mercado brasileiro, pois quanto menores as taxas lá, mais dólares vem para cá. E isso ajuda o real a se valorizar e a diminuir a inflação.
Mas quanto menor o corte, pior para o Brasil. Por isso, a Bolsa abriu o dia em queda e o dólar, em baixa nesta sexta-feira.
Entretanto, antes de completar a primeira hora de pregão, tanto o câmbio quanto o Ibovespa passaram a oscilar, com pequenas altas e baixas. "Houve a entrada de um fluxo comercial grande, junto com o desmonte de posições mais defensivas", explica Ariane Benedito, cofundadora e economista-chefe da Eai Invest.
Investidores que apostaram num cenário de recessão nos EUA, desfizeram suas aplicações e colocaram esse dinheiro em ativos de risco, como a Bolsa brasileira. Christian Iarussi, especialista em mercado de capitais e sócio da The Hill Capital concorda. "O dólar acabou se desvalorizando frente ao real, impulsionado pela entrada de fluxo comercial positivo e pelo desmonte de posições de hedge no mercado futuro", diz ele. Além disso, explica Ariane, a moeda americana se enfraquece mundialmente hoje com a probabilidade mais forte de que o Fed faça cortes menos agressivos nos juros.
Além disso, ações que geralmente puxam o Ibovespa para cima, hoje permaneceram estáveis. "O desempenho fraco de ações de peso como Vale (VALE3) e Petrobras (PETR3 e PETR4) também contribuiu para o desempenho modesto do índice hoje", diz Iarussi. "No fim do dia, os mercados lá foram reagiram muito bem, mas aqui ficamos no zero a zero", diz Fernando Bresciani, analista de investimentos do Andbank.
Petróleo sobe pouco
Após subir mais de 5% nesta quinta-feira, as cotações do petróleo estiveram mais comportadas hoje. O tipo Brent teve elevação de 0,55%, para US$ 78,05 o barril, enquanto o WTI teve acréscimo de 0,90%, indo a US$ 78,05.
Essas variações, entretanto, não se comparam ao que aconteceu em 2022. Quando, no início daquele ano, a Rússia invadiu a Ucrânia, o barril do tipo Brent chegou ao pico de US$ 122 em maio. Isso por conta das sanções ocidentais contra o Kremlin, segundo maior produtor mundial. Até mesmo em 2024, em abril, após o primeiro ataque do Irã contra Israel, o Brent chegou a US$ 90. Mas, atualmente, o preço do barril está em US$ 77.
O que contém essa alta é a economia mundial, em especial a chinesa. A maioria das nações adotou, nesse cenário pós-pandemia, uma política de juros altos, o que esfria a demanda por petróleo.
O consumo vem caindo, principalmente na China, que vê sua atividade economia esfriando cada dia mais. E isso segura a cotação do barril. Tanto é que os preços estão atualmente no menor nível dos últimos três anos. Os cineses compram quase toda a produção do Irã.