Os grupos estrangeiros bilionários que faturam com as bets no Brasil

O mercado de apostas está no foco do governo federal, que tem definido regras para seu funcionamento. Recentemente, o Ministério da Fazenda divulgou uma lista de empresas autorizadas a operar. Liberado desde 2018 no Brasil, o setor já fatura bilhões e é dominado por grupos estrangeiros. Veja quem são eles e o que esperar desse mercado nos próximos meses.

Casas europeias e paraíso fiscal

As principais casas de apostas em operação no Brasil são de origem europeia. Parte delas opera no Brasil a partir da ilha de Malta, que tem regime fiscal diferenciado (ou seja, oferece benefícios fiscais) e se tornou um polo mundial do setor. Há também as que operam via Curaçao, um paraíso fiscal no Caribe.

A lista divulgada pelo Ministério da Fazenda tem agora 96 empresas, com 210 bets. A lista foi atualizada na última terça-feira (8). Estão na lista tanto companhias já consolidadas, com décadas de história, até empresas mais recentes.

Veja algumas das principais empresas que operam no Brasil

A britânica Bet365 é uma das maiores do mundo e sua fundadora é bilionária. A empresa foi fundada no ano 2000 pela britânica Denise Coates, que antes de iniciar seu próprio negócio trabalhou na casa de apostas do pai. Denise tem uma fortuna estimada em US$ 9,4 bilhões, segundo a revista Forbes, e é uma das mulheres mais bem pagas do Reino Unido. Ela comanda a empresa ao lado do irmão, John Coates. A empresa tem mais de 7.000 funcionários no mundo.

A irlandesa Flutter comprou uma empresa brasileira por US$ 350 milhões. A Flutter Entertainment foi fundada em 1988 na Irlanda. Ela é dona de marcas como Betfair e PokerStars. Com ações negociadas na bolsa de Nova York, ela tem valor de mercado de cerca de US$ 42 bilhões. Em 2023, teve faturamento de US$ 11,8 bilhões, alta de 24% em comparação com 2022. Em setembro, a Flutter anunciou a compra de uma participação majoritária no grupo brasileiro NSX, dono da Betnacional, por cerca de US$ 350 milhões.

A Betano, uma das mais conhecidas do setor no Brasil, é uma marca da grega Kaizen Gaming. A empresa foi fundada pelo empresário grego George Daskalakis, tem cerca de 2.500 funcionários pelo mundo, e escritórios na Grécia, Portugal, Romênia, Bulgária, República Tcheca, e na ilha de Malta, de onde opera no mercado brasileiro. Tem presença principalmente na Europa e na América Latina.

A sueca Betsson está no mercado desde 1963. Em 2019, após a liberação das apostas, comprou participação em uma empresa brasileira do setor. A Betsson tem capital aberto na bolsa de Estocolmo e vale cerca de 17,7 bilhões de coroas suecas (equivalente a cerca de US$ 1,7 bilhões). O faturamento da Betsson aumentou 45% de 2021 para 2023. O grupo tem cerca de 2.300 funcionários, atua de forma online em diversos países e recentemente tem expandido sua presença na América Latina, com destaque para o Brasil.

A KTO foi fundada em 2018. Ela foi criada por Andreas Bardun, que, antes de iniciar sua própria empresa de apostas, atuou em diversas casas do setor em Malta. Em seu site, a KTO diz que é operada pela Bravalla BV, empresa registrada em Curaçao. Um dos principais focos de expansão da empresa é o mercado da América Latina.

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Aquisições e investimentos

Com a regulação, mercado deve ver mais aquisições. Para André Gelfi, presidente do IBJR (Instituto Brasileiro de Jogo Responsável), ainda há espaço no Brasil para grupos importantes no cenário internacional, em especial os norte-americanos, e o mercado deve ter mais aquisições. "As transações vão acontecer depois que tiverem a licença. Hoje ainda tem muita incerteza, o que acaba bloqueando potenciais acordos", diz.

Emissoras de TV se movimentam para atuar com apostas. Dentre as empresas brasileiras, destaca-se o movimento das emissoras Globo, SBT e Band para atuar no setor, diz Galfi. "É um movimento que chama a atenção. Um dos pontos de conexão com o setor é a proximidade com o esporte", diz.

Setor movimenta cerca de R$ 25 bilhões. Pelas contas do IBJR, o setor movimenta cerca de R$ 25 bilhões ao ano no Brasil (o número é diferente do calculado pelo Banco Central).

Com a regulação, país deve receber investimentos. "Se estamos de um mercado de R$ 25 bilhões de faturamento, não é absurdo pensar em um investimento entre R$ 20 bilhões e R$ 30 bilhões no primeiro ano de mercado regulado", diz Gelfi. Ele inclui na conta a licença para operar (que é de R$ 30 milhões), além de investimentos em escritórios, call centers, publicidade e patrocínios.

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