Bolsa e dólar ficam no zero a zero com alta do petróleo e dados dos EUA

A Bolsa de Valores de São Paulo teve uma suave elevação nesta quinta-feira (10), com o Ibovespa fechando em alta de 0,30%, a 130.352 pontos. O preço do petróleo foi o catalisador do dia, que teve também aumento na inflação dos Estados Unidos e no número de pedidos de auxílio-desemprego.

O dólar ficou quase parado e terminou em baixa de 0,02%, indo a R$ 5,587 e o dólar turismo fechou a R$ 5,80.

O que aconteceu

Os preços do petróleo voltaram a subir nesta quinta-feira, sustentados por potenciais interrupções no fornecimento do Oriente Médio. O ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant, afirmou que a retaliação contra o Irã por seu ataque com mísseis será letal, precisa e surpreendente, em um vídeo publicado na mídia israelense na quarta (9).

E foi o que ajudou a Bolsa nesta quinta. "Com essa nova alta do petróleo, Petrobras (PETR3 e PETR4) volta a se valorizar e a Vale (VALE3) acompanha subindo um pouco", diz Fernando Bresciani, analista de investimentos do Andbank. As duas companhias juntas correspondem a 23,18% do Ibovespa.

O barril do tipo Brent fechou nesta quinta em alta de 3,68%, a US$ 79,40. Já o WTI avançou 3,56%, a US$ 75,85 por barril. Com isso, PETR3 subiu para R$ 41,58, com elevação de 1,84%, enquanto PETR4 alcançou ganhos de 1,29%, chegando a R$ 37,70, conforme dados preliminares. O cobre e minério de ferro operaram estáveis, aguardando o possível anúncio de medidas econômicas da China no sábado. Vale fechou em alta de 0,26%, indo para R$ 61,12, conforme dados preliminares.

Por que a Bolsa andou de lado hoje?

Nos EUA, os preços gerais ao consumidor aumentaram 2,4% em setembro, em relação ao ano passado, abaixo dos 2,5% registrados em agosto. Os dados do índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) são do Departamento do Trabalho. Esse é o menor aumento desde fevereiro de 2021 e o sexto recuo consecutivo, deixando a inflação levemente acima da meta de 2% do Fed (Federal Reserve, o banco central dos EUA). Tanto a taxa mensal quanto a anual — ambas em 2,4% — ficaram 0,1 ponto percentual acima das estimativas do mercado.

O CPI é o principal dado que Fed leva em consideração para definir os juros. Com os preços em alta, sobem as apostas de que o Fed deixe de fazer cortes — ou faça uma baixa pequena, de 0,25 ponto.

Mas - na outra ponta - o número de pedidos de auxílio-desemprego cresceu para 258 mil solicitações, na semana encerrada em 5 de outubro. É o nível mais alto de pedidos semanais desde o início de agosto de 2023, segundo dados do Departamento do Trabalho americano divulgados nesta quinta. Especialistas esperavam 230 mil pedidos.

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Foi a maior alta em um ano. Provavelmente, é mais resultado do furacão Helene, do que de uma desaceleração mais ampla no mercado de trabalho.

O problema é que os dois indicadores divergem entre si. É o que diz Rodrigo Cohen, analista de investimentos e cofundador da Escola de Investimentos. "Um recorde de pedidos de auxílio-desemprego faz pressão para que os juros caiam. Mas, ao mesmo tempo, a inflação vindo acima do esperado implica numa queda menor. Então, esses dados divergentes acabam atrapalhando, deixando o investidor indeciso. Por isso o mercado ficou mais lateral hoje, majoritariamente."

E por que esses dados Importam?

Porque a política de juros dos EUA afeta diretamente o Brasil. Se as taxas continuarem altas, investidores seguirão saindo das Bolsas de mercados emergentes para aplicar em investimentos que pagas os juros americanos. Ou seja, em vez de se arriscar no mercado de renda variável daqui, eles vão para o Tesouro Americano. Mas se os juros caírem, o inverso acontece. Eles emprestam a taxas menores lá para investir no mercado nacional.

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