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Novo golpe da "agência investigada" engana clientes com falsas promessas

Imagem: xijian/Getty Images

Bárbara Muniz Vieira

Colaboração para o UOL, em Ottawa (Canadá)

23/10/2024 05h30

Um novo golpe financeiro está assustando clientes de bancos em todo o Brasil. Conhecido como o golpe da "agência investigada", a fraude envolve golpistas que se passam por representantes de instituições bancárias para convencer vítimas a transferir dinheiro para contas fraudulentas, supostamente em nome de sua própria segurança.

A Febraban (Federação Brasileira de Bancos) emitiu um alerta sobre o aumento dessa modalidade de golpe.

O que aconteceu

Manipulação. A estratégia, embora recente, é baseada em técnicas antigas de engenharia social — um conjunto de práticas que envolve a manipulação psicológica para obter informações sigilosas ou convencer pessoas a realizar transações financeiras.

Como os criminosos agem? No caso do golpe da agência investigada, os criminosos telefonam para os clientes, alegando que a agência bancária em que possuem conta, ou mesmo o gerente responsável por sua conta, está sendo alvo de uma investigação.

Para reforçar a credibilidade da farsa, os golpistas chegam a enviar boletins de ocorrência falsos. Eles recomendam que o cliente faça uma transferência imediata de seus recursos para contas específicas, sob o pretexto de que isso seria uma medida temporária de proteção até que a suposta investigação seja concluída. No entanto, uma vez realizada a transferência, o dinheiro cai diretamente nas mãos dos criminosos.

Febraban alerta sobre o golpe

Instituições sérias não pedem transferências. Bancos, autoridades policiais ou quaisquer outras entidades legítimas nunca solicitam que clientes façam transferências de recursos como parte de investigações, de acordo com José Gomes, diretor do Comitê de Prevenção a Fraudes da Febraban. "Se receber um contato desse tipo, encerre imediatamente a chamada e busque esclarecimentos nos canais oficiais do banco", afirma Gomes.

Seu banco nunca vai pedir sua senha. Bancos podem, sim, entrar em contato com os clientes para confirmar transações suspeitas, mas jamais pedem senhas, dados pessoais ou solicitam que o cliente realize estornos ou pagamentos por telefone ou qualquer outro meio.

Campanha contra fraudes e parceria com autoridades. A Febraban, em parceria com instituições financeiras e órgãos governamentais, está intensificando os esforços para conscientizar a população sobre esse tipo de golpe.

A Federação tem investido em campanhas de prevenção, veiculadas na televisão, rádio e redes sociais, alertando sobre as táticas dos golpistas e orientando sobre como agir diante de tentativas de fraude.

Além disso, a entidade firmou um ACT (Acordo de Cooperação Técnica) com o Ministério da Justiça e Segurança Pública, que permitirá um intercâmbio de informações e estratégias para a prevenção e combate a fraudes financeiras. Essa parceria inclui ainda a Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações), que colabora bloqueando números usados nas fraudes, após recebê-los da Febraban.

Golpe já fez vítimas

Esse tipo de golpe não é o único que vem prejudicando clientes bancários. Outros golpes clássicos, como o famoso "golpe do filho em apuros", continuam sendo aplicados. Nesta modalidade, os criminosos fingem ser filhos ou parentes da vítima, geralmente uma pessoa idosa, pedindo dinheiro para situações de emergência fictícias.

A artesã Nádia Oliveira (*), 68, foi vítima recentemente deste golpe. Ela recebeu uma mensagem de uma pessoa se passando por sua filha e pedindo que ela pagasse um boleto de R$ 1.800. "A pessoa colocou o nome completo da minha filha no perfil do WhatsApp e disse que tinha trocado o número. Me chamou de 'mãezinha' do mesmo jeito que minha filha costuma me chamar e me pediu para pagar um boleto. Nem desconfiei. Tentei ligar no número antes de pagar e não atendeu, aí já estava na lotérica e fiz o pagamento. Assim que paguei, a pessoa me pediu para pagar outro boleto. Foi aí que percebi que tinha caído em um golpe", diz Nádia.

Diante do aumento dessas fraudes, a Febraban reforça a necessidade de cautela. Clientes que desconfiarem de qualquer contato que envolva pedidos de transferência de dinheiro ou fornecimento de informações sigilosas devem entrar em contato diretamente com seu banco pelos canais oficiais e nunca realizar transações sob pressão.

O que fazer após cair em um golpe? A Febraban informa que cada instituição financeira tem sua própria política de análise e devolução, baseada em análises individuais, considerando as evidências apresentadas pelos clientes e informações das transações realizadas.

No caso de Nádia, ela registrou boletim de ocorrência e foi pessoalmente à agência da Caixa Econômica Federal no dia seguinte. Segundo ela, foi informada que não era possível "fazer nada" e o dinheiro "estava perdido".

Após contato com a reportagem do UOL, porém, a artesã conseguiu ser recebida no banco e falar com um gerente, que abriu uma investigação. O dinheiro foi reavido e devolvido à Nádia dias depois.

Em nota, a Caixa informou que, em caso de movimentação em contas não reconhecida pelos clientes, é possível realizar pedido de contestação em uma das agências do banco, portando CPF e documento de identificação. As contestações são analisadas, de forma individualizada e considerando os detalhes de cada caso e, para os casos considerados procedentes, o valor é ressarcido.

O banco esclarece que monitora as transações financeiras de seus clientes e atua em conjunto com os órgãos de segurança pública nas investigações e operações que combatem fraudes e golpes.

Como se proteger

A Febraban orienta que, em caso de dúvida sobre a autenticidade de um contato ou solicitação, os clientes devem seguir alguns passos essenciais para evitar cair em golpes:

Desconfie de ligações ou mensagens solicitando dados pessoais, transferências ou senhas.

Verifique a veracidade de qualquer pedido de transação diretamente com o banco, usando os canais oficiais.

Não compartilhe dados pessoais, bancários ou senhas com terceiros.

Caso seja vítima de um golpe, notifique imediatamente seu banco e faça um boletim de ocorrência para registrar o crime.

Para mais informações sobre como se proteger de fraudes, os clientes podem acessar o site antifraudes.febraban.org.br, onde encontram orientações detalhadas e vídeos explicativos sobre como reconhecer tentativas de golpe e proteger suas finanças.

*O nome foi trocado a pedido da entrevistada.

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