Haddad e Campos Neto no G20: Mercados reagem melhor do que esperado a crise
Os mercados estão reagindo melhor do que o esperado a crises globais. Esta é a avaliação do presidente do BC (Banco Central), Roberto Campos Neto, e do ministro da Fazenda, Fernando Haddad. As autoridades participaram de reunião do G20 em Washington, nos Estados Unidos, nesta quinta-feira (24).
O que aconteceu
Campos Neto diz que mercado tem reagido melhor a momentos de crise. O presidente do BC citou o início da guerra entre Rússia e Ucrânia. Segundo ele, a expectativa do G20 era de que haveria uma ruptura em comércio e negociações, o que não aconteceu da forma prevista. Ao citar o Oriente Médio, ele diz que havia a projeção de que os preços do petróleo fossem subir muito mais do que de fato aconteceu.
É verdade que tivemos crises sequenciais e precisamos olhar as coisas de uma forma mais estruturada sobre como fazer a economia crescer com produtividade, com o desafio de pagar uma dívida alta e de gerar igualdade. Então, este é um tópico recorrente e isso vai acontecer, não importa a crise. Mas me deixe enfatizar que, sim, tivemos muitas crises, mas, em geral, o mercado se comportou melhor do que o esperado.
Roberto Campos Neto, presidente do BC
Haddad concordou com Campos Neto. O ministro disse, no entanto, que reconhece um aumento dos riscos em relação a conflitos e que precisam de mais atenção. Haddad afirma que a crise de 2008 não foi completamente solucionada.
O Brasil tem tentado muito para procurar diálogo com vários outros jogadores para tentar criar soluções que vão ajudar a superar os obstáculos que enfrentamos.
Fernando Haddad, ministro da Fazenda
Discurso de Haddad no G20
Haddad defendeu maior cooperação econômica global para o enfrentamento dos desafios atuais. O ministro discursou na última reunião ministerial da presidência do Brasil no G20, em Washington, nos Estados Unidos. "'Policrise' é uma nova expressão que entrou no léxico econômico global nos últimos anos", disse ele, em suas palavras iniciais.
Ministro mencionou cinco desafios, que classificou como "urgentes". O primeiro está relacionado às mudanças nos padrões de produção e circulação e que criaram uma nova realidade econômica global. "É imperativo que o G20 continue a promover políticas capazes de apoiar um crescimento forte, sustentável, equilibrado e inclusivo em todo o mundo", defendeu.
Em segundo lugar, essas mesmas mudanças causaram uma concentração "sem precedentes" de renda e riqueza, com o aumento "dramático" da desigualdade em vários países. Haddad voltou a defender uma "nova e ambiciosa agenda de tributação". "Devemos agir juntos para garantir que os super-ricos paguem sua cota justa em impostos de modo a combater a desigualdade", disse.
O terceiro desafio é a mudança climática. Ele cobrou o aumento substancial do financiamento climático e ações para facilitar transições energéticas rápidas e equitativas. Como quarto desafio, Haddad citou maiores riscos de uma nova pandemia, exacerbados pela perda de biodiversidade e pelas mudanças climáticas.
O quinto desafio está relacionado à nova era de instabilidade e fragmentação política e econômica. "Juntos, precisamos continuar a avançar nas reformas de governança econômica global, atualizando e modernizando as instituições existentes e equipando-as para lidar com os desafios que acabei de mencionar", disse.
*Com Estadão Conteúdo.
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