Bolsa fecha em alta à espera de corte de gasto; dólar tem leve aumento

A alta do Ibovespa enfrentou hoje até queda do petróleo. Os preços internacionais do combustível caíram 6,09% (Brent) e 6,13% (WTI). A retaliação de Israel na sexta-feira (25) à noite contra o Irã no fim de semana não atingiu instalações petrolíferas e nucleares . "Havia muitos temores de que a guerra poderia afetar a oferta global de petróleo", diz Isabela Garcia, analista de inteligência de mercado da StoneX. "Mas Israel acabou atingindo apenas alvos militares e isso acalmou os ânimos dos investidores", diz ela.

A queda normalmente impacta as ações da Petrobras (PETR3 e PETR4). Os ativos da petroleira, com peso de 11,86% sobre o índice, normalmente arrastam o Ibovespa para baixo quando caem. Mas não foi o que aconteceu hoje. A baixa nem foi tão expressiva. Apesar de PETR3 ter tido desvalorização de 0,18%, para R$ 39,33, e de PETR4 ter ido para R$ 36,08, com queda de 0,19% (conforme dados preliminares) o Ibovespa se desvinculou desse movimento. O mercado está realmente comprando ações na esperança de que o pacote de corte de gastos traga ventos de alta para o Ibovespa.

Azul

As ações da aérea Azul (AZUL4) foram as que mais subiram. Fecharam alta de 14,18%, a R$ 6,12 (conforme dados preliminares). A empresa divulgou que fez um acordo com credores para obter um financiamento adicional e assim, afasta a possibilidade de pedir recuperação judicial. A companhia, que domina o setor aéreo brasileiro junto com Latam e Gol, conseguiu evitar o pedido de falência após a pandemia de Covid-19. O capital novo era uma condição do recente acordo da Azul com arrendadores para se desfazer de quase US$ 550 milhões em dívidas em troca de uma participação acionária de cerca de 20% na empresa.

A mineradora Vale (VALE3) também foi um destaque. O ativo teve alta de 1,78%, indo a R$ 62,83 (conforme dados preliminares). "Vale estendeu a alta de sexta, apesar da queda do preço de minério de ferro na China", diz Idean Alves, planejador financeiro e especialista em mercado de capitais. Os resultados em linha com as expectativas de mercado e o acordo definitivo para compensação dos danos referentes ao desastre de Mariana, segundo ele, fizeram o ativo subir — o que ajudou bastante na performance do Ibovespa no dia de hoje.

E o dólar?

A moeda americana ficou entre um cabo de guerra de duas forças e terminou o dia quase na estabilidade. De um lado, o "Trump Trade" puxou a moeda para o campo de alta. As chances de Donald Trump vencer as eleições dos EUA em novembro vem forçando a alta da moeda em todo o mundo nos últimos dias. Com uma proposta de política considerada inflacionária, o mercado prevê que se o candidato ganhar a disputa, os juros americanos devem voltar a subir. Com isso, muitos investidores buscam se proteger no dólar.

Mas a expectativa pelo corte de gastos acabou puxando o real para a valorização. No fim do dia, houve a leve alta de 0,06%.

Eleições

O resultado das eleições municipais — majoritariamente de centro-direita — não chegou a influenciar nem o dólar, nem a Bolsa. É o que diz Fernando Bresciani, analista de investimentos do Andbank."Não tem correlação", afirma ele. "O resultado de São Paulo, sem muitas surpresas, deve influenciar o mercado de forma marginal, sem nenhuma alteração significativa", diz Tayllis Zatti, economista na Faz Capital.

Na verdade, o resultado só ratificou o que já era esperado. "A maioria dos municípios elegeu candidatos de partidos do Centrão, o que torna a missão do governo de negociar com o Congresso ainda mais difícil", afirma Gusmão, da Ourominas.

Focus

A expectativa de inflação de 2024 do relatório Focus subiu pela quarta semana seguida, de 4,50% para 4,55%. Com isso, a estimativa de mais de 100 instituições financeiras consultadas pelo Banco Central supera o teto da meta de inflação, de 4,50%. Um mês antes, a taxa estava em 4,37%.