Por que mulheres são líderes mais confiantes do que homens? Há 3 razões
Giovanna Arruda
Colaboração para o UOL
28/10/2024 05h30
Estudo indica que mulheres em posição de liderança se sentem mais confiantes do que os homens que ocupam cargos equivalentes. A pesquisa, feita com mais de 15 mil de trabalhadores ao redor do mundo, relevou que a confiança entre as mulheres diz respeito às habilidades humanas e técnicas no ambiente de trabalho.
Confira abaixo os motivos pelos quais as mulheres são mais confiantes e outros pontos detectados pelo estudo, como a importância das relações sociais e o uso da inteligência artificial nas atividades profissionais.
O que aconteceu
O estudo 2024 Work Relationship Index foi elaborado pela empresa de tecnologia HP. Para a elaboração da pesquisa, foram ouvidos 15.600 trabalhadores dos seguintes países: Alemanha, Austrália, Brasil, Canadá, Espanha, Estados Unidos, França, Índia, Indonésia, Japão, México e Reino Unido.
O resultado indica diferenças entre a percepção pessoal de mulheres e homens líderes em suas respectivas empresas. 54% das mulheres se disseram confiantes de que possuem as habilidades certas para ter sucesso no trabalho, em relação a 46% em 2023. Entre os homens, o índice ficou em 42%, representando uma queda quando comparado a 2023. Na ocasião, o resultado entre os homens havia sido de 44%.
As mulheres são mais confiantes em suas habilidades humanas. Recursos como empatia, atenção plena, comunicação, pensamento criativo, resiliência e inteligência emocional fazem parte deste conjunto, em que 52% das mulheres se consideram confiantes. Entre os homens, a confiança neste quesito é de 39%.
Nos Estados Unidos, 53% das líderes mulheres são confiantes em suas habilidades humanas. Este resultado é 12% maior do que o percentual visto entre os homens em posição de liderança no país.
Diferentes recursos técnicos também foram questionados na pesquisa. 48% das mulheres se sentem confiantes em habilidades como conhecimentos de informática, habilidades de marketing, de apresentação e de escrita foram avaliados entre os líderes, contra 38% entre os homens.
3 razões explicam a confiança maior entre as mulheres
As companhias têm apostado em treinamentos geralmente mais procurados por mulheres. "Muitas empresas estão investindo e dando maior ênfase ao treinamento e aos recursos específicos para habilidades humanas, como o treinamento em empatia, que pode estar capacitando as mulheres com a confiança necessária para ampliar e desenvolver suas habilidades nessas áreas", declarou Neil Sawyer, diretor da HP no Reino Unido e na Irlanda, à Forbes.
Ao ver mais mulheres em posição de liderança, as funcionárias se sentem mais representadas e atuam com mais segurança. Dentro das empresas nas quais há mulheres em cargos hierarquicamente altos, as funcionárias se sentem mais à vontade para demonstrar suas habilidades e pontos positivos de suas personalidades. Em entrevista à Forbes, a Dra. Alexa Chilcutt, professora de educação executiva na Johns Hopkins Carey Business School (EUA), afirma que ter mentoras mulheres também tem um papel fundamental na confiança das funcionárias em relação ao próprio desempenho profissional.
A dinâmica dos ambientes de trabalho atuais pode favorecer a atuação de uma líder mulher. Segundo a Dra. Alexa, a convivência com pessoas de diferentes gerações e a crescente busca por empatia por parte dos funcionários faz com que, muitas vezes, a mulher se destaque na corrida por um cargo de liderança.
Trabalhadores buscam reconhecimento individual
O estudo indica, ainda, a tendência que as empresas têm seguido em relação a seus funcionários. Segundo a HP, a atenção das companhias deve estar voltada ao trabalhador, "que quer ser tratado como um indivíduo, e não simplesmente como parte de uma força de trabalho coletiva". Para que o ambiente de trabalho seja mais harmônico para todos os envolvidos, os líderes e os funcionários devem enfatizar a escolha, a personalização dos processos e a autonomia.
Segundo a pesquisa, a maioria dos funcionários busca um ambiente de trabalho personalizado. 68% dos trabalhadores entrevistados pela HP declararam ser importante trabalhar para uma empresa que permita que o funcionário defina e molde um ambiente de trabalho flexível. Entre os líderes, o percentual neste quesito é maior: 76%.
No Brasil, 86% dos líderes buscam uma jornada individualizada dentro das empresas. Entre os funcionários, 79% dos brasileiros acreditam que a possibilidade de personalizar a própria atuação dentro da companhia faria com que a relação com o trabalho fosse mais saudável.
Os funcionários que têm esta experiência personalizada apresentam melhor relacionamento com o trabalho. Conforme o resultado da pesquisa, 87% dos trabalhadores estão dispostos, inclusive, a renunciar a uma parte do salário para ter uma experiência de trabalho mais individualizada.
As interações sociais são fundamentais nas empresas, e a conexão é considerada um componente-chave para uma relação saudável com o trabalho. O estudo revela que o aspecto mais importante neste ambiente é ter um bom relacionamento com os colegas e com a chamada gestão imediata, ou seja, com os líderes que têm maior contato com as equipes de trabalho no dia a dia. Quando há colaboração mútua entre os funcionários, as tarefas tendem a ser mais facilmente executadas, segundo a HP.
Quando foi pedido aos entrevistados que descrevessem o que os tornariam mais felizes e produtivos, vários mencionaram a importância de se sentirem conectados aos seus colegas e ao trabalho Trecho da pesquisa HP Work Relationship Index
Uso da IA no trabalho também foi discutido na pesquisa
Conforme os dados do estudo, a inteligência artificial pode promover uma relação mais saudável com o trabalho. 73% dos entrevistados que utilizam o recurso em suas atividades profissionais declararam que a IA faz com que o trabalho fique mais fácil.
82% dos brasileiros entrevistados disseram utilizar IA. O uso da inteligência artificial nas equipes brasileiras acontece, em sua maioria, com o auxílio de colegas mais jovens, que representam as gerações que vêm sendo inseridas no mercado de trabalho nos últimos anos.
No Canadá, o uso da IA no trabalho aumentou mais de 20% em um ano. Em 2023, o percentual de funcionários utilizando o recurso foi de 38%. Na pesquisa de 2024, o índice pulou para 59%. Na Austrália, a diferença de um ano para o outro é ainda maior: em 2023, o uso da IA no trabalho registrava 32%. Em 2024, o resultado foi de 69%.
Na Índia, a aplicação da inteligência artificial é ainda mais ampla. No país, 80% dos funcionários não-líderes personalizam a IA para serem mais produtivos no trabalho.