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Bolsa fecha em alta à espera de corte de gasto e eleição dos EUA; dólar cai

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad Imagem: Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil

Denyse Godoy e Lílian Cunha

do UOL e Colaboração para o UOL, em São Paulo (SP)

05/11/2024 09h13Atualizada em 05/11/2024 18h20

A Bolsa de Valores de São Paulo terminou esta terça-feira (5) em leve alta e o dólar teve baixa. Tanto a moeda americana, quanto a Bolsa, mudaram de sinal durante à tarde, depois que uma nova reunião no Palácio do Planalto para discutir os cortes de gastos no Orçamento de 2026 foi adiantada. Maiores chances de Kamala Harris vencer a disputa na eleição presidencial americana também levaram a divisa a se desvalorizar globalmente.

O que aconteceu

O Ibovespa, principal índice acionário brasileiro, teve leve alta 0,10%, a 130.660 pontos. .

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O dólar comercial teve queda de 0,63%, vendido a R$ 5,746. O dólar turismo teve desvalorização de 0,57%, vendido a R$ 5,97.

Nos Estados Unidos, à medida que os americanos foram comparecendo às urnas, o dólar acentuou sua queda globalmente nesta terça (5). Os operadores de mesas de câmbio passaram a ver menos chances de Donald Trump (Republicano) ganhar a Presidência devido ao resultado de algumas pesquisas recentes mostrando a liderança crescente de Kamala Harris (Democrata). O efeito de Harris à frente das pesquisa é o contrário do que provoca o chamado "Trump Trade".

Nas últimas semanas, a possibilidade de uma vitória de Trump fez a moeda americana se valorizar ante outras divisas. Como o republicano tem um programa econômico visto como inflacionário, um eventual novo governo dele poderia levar a aumentos de juros nos EUA. A hipótese de elevação dos rendimentos da renda fixa americana fez investidores correrem para deixar seus países de origem e migrar para esse tipo de ativo, movimento que requer a compra de dólares e pressiona as cotações da moeda.

A única coisa que se sabe é que o resultado oficial vai demorar um pouco para sair. Até lá, os mercados emergentes devem apresentar oscilação.

À medida que forem saindo resultados, poderemos ter uma ideia sobre quem vai ganhar essa disputa. De toda forma, o ambiente de incerteza contribui para uma postura defensiva, para uma aversão ao risco global, com investidores buscando se proteger em ativos mais líquidos e seguros para esse momento.
Leonel Mattos, analista de inteligência de mercado da StoneX

Gastos do governo brasileiro

O mercado esperava que o governo brasileiro divulgasse na segunda (4) mais detalhes do pacote de gastos de despesas. O presidente Lula (PT) se reuniu com sete ministros para dsicutir as medidas, mas o encontro terminou sem nenhum anúncio — só com o aviso da Fazenda de que haveria uma nova rodada de conversas com outras pastas nesta terça (5). A reunião estava marcada inicialmente para as 16h, foi adiantada para as 14h e, até o final da tarde, ainda não tinha terminado. Participam os ministros Rui Costa (Casa Civil), Fernando Haddad (Fazenda), Carlos Lupi (Previdência Social), Wellington Dias (Desenvolvimento Social), Simone Tebet (Planejamento e Orlamento), Esther Dweck (Gestão e Inovação em Serviços Públicos), além de representantes do INSS, da DataPrev e do Serpro.

A Bolsa abriu em queda, mas a baixa foi diminuindo ao longo da tarde. O mercado de ações acompanhou a melhora de humor do câmbio enquanto se espera o fim do encontro.

A gente torce para que venha um número decente. O mercado fala em torno de R$ 50 bilhões para estancar o déficit fiscal. Se o número que sair não agradar, o mercado vai piorar ainda mais.
Fernando Bresciani, analista de investimentos do Andbank

Por que a espera pelo corte de gastos afeta dólar e Bolsa?

Pimeiro: o mercado financeiro teme o aumento dos gastos públicos por causa de efeitos inflacionários. Com mais dinheiro circulando na economia, os preços sobem, o que sempre leva a um aumento de juros pelo Banco Central. Essa elevação faz com que os investidores abandonem suas aplicações na Bolsa para colocar dinheiro na renda fixa, que passa a pagar mais e tem menos risco. Então, a Bolsa cai.

O crescimento dos gastos alimenta também a preocupação de que o governo não vai conseguir pagar suas despesas. Nesse caso, a administração pública passa a se endividar mais. Com medo de que a dívida cresça demais e fique difícil de pagar, muitos investidores saem do país e preferem aplicar em lugares mais estáveis. Para isso, compram dólares, o que faz as cotações subirem. Em outubro, houve saldo negativo de capital externo na Bolsa, com saída de R$ 2,533 bilhões. No ano, a fuga de capital estrangeiro chega a R$ 30,761 bilhões.

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