Bolsa fecha em alta e dólar sobe com Rússia elevando a aversão a risco

A Bolsa de Valores de São Paulo fechou em alta nesta terça-feira (19), véspera de feriado. O dólar avançou com o mercado buscando aplicações mais seguras, num cenário de aversão a risco com a escalada das tensões entre Rússia e Ucrânia. Mesmo assim, a expectativa pelo pacote de corte de gastos ainda animou alguns investidores.

O Ibovespa foi impulsionado pela alta de 3,05% do minério de ferro em Dalian, na China. Lá, nesta terça-feira à noite, o banco central divulgará sua taxa de juros de longo prazo. A expectativa de um corte, que pode aquecer a economia local, acaba elevando a Bolsa aqui também. Assim, ações de empresas exportadoras, como a Vale (VALE3) fecham o dia em valorização moderada.

O que aconteceu

A Bolsa de Valores de São Paulo teve alta de 0,34%. O Ibovespa, principal índice acionário brasileiro, valorizou para 128.196 pontos.

O dólar comercial avançou 0,36%, vendido a R$ 5,768. O turismo terminou o dia com valorização de 0,57%, para R$ 6,002.

O dólar subiu por conta da fuga do risco que afeta particularmente moedas emergentes, mais voláteis (com tendência a quedas drásticas) nesses cenários. "O real esteve hoje em desvantagem em relação às moedas 'porto seguro'. A aversão ao risco varreu os mercados em meio a temores de uma possível escalada na guerra entre a Rússia e a Ucrânia. No entanto, até o momento, o movimento foi relativamente contido", disse Eduardo Moutinho, analista de mercados do Ebury Bank.

No cenário doméstico, investidores continuam no aguardo do anúncio de medidas de contenção de gastos pelo governo. Espera-se que o pacote de corte de gastos seja divulgado na quinta-feira (21).

Essa expectativa acaba impondo um teto de alta para o dólar. "Pelo menos na aparência, os investidores parecem não querer apostar contra o real neste momento, não ultrapassando a barreira dos R$ 5,80, por conta da iminência dessa divulgação", diz Leonel Mattos, analista de inteligência de mercado da StoneX.

Quando o pacote for divulgado, isso pode provocar uma queda expressiva na taxa de câmbio. "Por isso, os investidores parecem não querer apostar em uma alta e acabar perdendo dinheiro", explica Mattos.

Existem três cenários possíveis. Se os cortes somarem algo acima de R$ 60 bilhões, é provável uma valorização do real. Entre R$ 30 e R$ 50 bilhões: nada muda. Caso venha abaixo de R$ 30 bilhões, a tendência é de alta da moeda americana. As projeções são de Elson Gusmão, diretor de câmbio da Ourominas.

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Na Bolsa, o que ajudou o Ibovespa foram as ações da Vale. Elas terminaram o dia cotadas a R$ 57,75, em alta de 0,35% (conforme dados preliminares). Mas o dia não foi bom para vário mercados. Na Europa, por exemplo, o principal índice de ações atingiu seu nível mais baixo em três meses nesta terça-feira, com a tensão geopolítica alimentada pela redução do limite estabelecido pela Rússia para um ataque nuclear, estimulando investidores a buscarem ativos mais seguros.

O índice pan-europeu STOXX 600 fechou em queda de 0,45%, a 500,60 pontos, depois de recuar 1% mais cedo na sessão e atingir seu ponto mais baixo desde 8 de agosto. Ele registrou o terceiro dia consecutivo de perdas.

Com Reuters

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