Conteúdo publicado há 16 dias

Restaurantes boicotam Carrefour Brasil após declaração de CEO na França

Restaurantes e hotéis brasileiros decidiram boicotar o Carrefour Brasil, em resposta à decisão da rede na França de suspender a compra de carnes dos países do Mercosul.

O que aconteceu

Entidade repudia declarações da rede Carrefour. Em comunicado, a Fhoresp (Federação de Hotéis, Bares e Restaurantes do Estado de São Paulo) "expressa seu veemente repúdio" às declarações recentes do Carrefour na França, e diz que a rede, "por medida puramente protecionista, decidiu não apenas suspender a compra de carnes dos países do Mercosul, mas também questionar sua qualidade".

Executivo disse que não venderia mais carnes do Mercosul. Alexandre Bompard, CEO do Carrefour na França, divulgou na quarta-feira (20), um comunicado em suas redes sociais, em que afirma que a varejista se compromete a não vender carnes do Mercosul, independentemente dos "preços e quantidades de carne" que esses países possam oferecer.

Postura do Carrefour é desrespeitosa, diz federação. A Fhoresp afirma ainda que a atitude da rede é "prejudicial a toda a cadeia produtiva brasileira". A entidade representa cerca de 500 mil empresas.

Entidade convocou empresários a boicotarem Carrefour no Brasil. "Convocamos todos os empresários do setor de hotelaria e alimentação fora do lar a se engajarem em uma ação de reciprocidade, boicotando essa rede de supermercados enquanto continuar a desvalorizar os produtos brasileiros", diz.

Entidades do agronegócio sugeriram o não fornecimento de carnes ao Carrefour Brasil. Em comunicado, entidades do setor disseram que "se não serve para abastecer o Carrefour no mercado francês, não serve para abastecer o Carrefour em nenhum outro país". Assinam a nota a CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil), a ABIEC (Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes), a ABPA (Associação Brasileira de Proteína Animal), a ABAG (Associação Brasileira do Agronegócio), a SRB (Sociedade Rural Brasileira) e a FIESP (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo).

O que disse o CEO

Carrefour tenta pressionar contra acordo do Mercosul com a União Europeia. O comunicado publicado pelo CEO da rede foi direcionado ao presidente da FNSEA (Federação Nacional dos Sindicatos de Agricultores da França).

Em toda a França, ouvimos o desânimo e a raiva dos agricultores face ao acordo de livre-comércio proposto entre a União Europeia e o Mercosul e o risco de o mercado francês ser inundado com carne que não atende às suas exigências e normas.

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Alexandre Bompard, CEO do Carrefour na França

Anúncio acontece em meio a protestos de agricultores franceses. Eles defendem que o acordo de livre comércio entre Mercosul e União Europeia abre uma concorrência desleal da carne brasileira e argentina no mercado francês. Isso porque os padrões sociais e ambientais exigidos pelo bloco para a produção agropecuária não se aplicariam aos parceiros comerciais, permitindo a entrada de alimentos mais baratos.

Ministério rechaça declaração

Ministério da Agricultura brasileiro rechaçou declarações. Em nota, o Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento), rechaçou as declarações do CEO do Carrefour na França quanto às carnes produzidas pelos países do Mercosul. "O Mapa lamenta tal postura que, por questões protecionistas, influenciam negativamente o entendimento de consumidores sem quaisquer critérios técnicos que justifiquem tais declarações", criticou o ministério na nota.

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