Ações da Gol sobem 14% após anúncio de reestruturação financeira; entenda
A GOL Linhas Aéreas, em processo de recuperação judicial, divulgou um plano de reestruturação financeira nesta segunda-feira (9). Isso significa que a empresa está reorganizando suas dívidas e obrigações financeiras para garantir que continue funcionando.
O plano inclui a redução da dívida de US$ 2,55 bilhões da companhia e a captação de recursos de até US$ 1,85 bilhões. Apoiado pela Abra Group, sua principal credora e investidora, o documento prevê a conversão de dívida em ações e diluição acionária. A aprovação do plano está prevista para janeiro de 2025.
As ações da empresa que amanheceram custando R$ 1,28, tiveram um aumento de 14,4%. Até às 16h, as ações eram avaliadas na Bolsa de Valores por R$ 1,43.
O que está acontecendo
Credores da GOL podem ser seus novos sócios. A empresa planeja reduzir significativamente o quanto deve, convertendo até US$ 1,7 bilhão de sua dívida em capital (como ações), ou seja, ao invés de pagar os credores com dinheiro, a empresa oferece ações, tornando esses credores sócios.
Principal credora aceitou plano. A Abra concordou em receber US$ 850 milhões em dívida reestruturada, dos quais US$ 250 milhões serão obrigatoriamente convertidos em novas ações da GOL a partir do 30º mês após a saída da GOL do processo de recuperação judicial nos Estados Unidos, o Chapter 11.
Plano será apresentado a tribunal dos Estados Unidos. A empresa precisará da aprovação do plano pelo Tribunal de Falências dos Estados Unidos, o U.S. Bankruptcy Court. Apesar de ser brasileira, recorrer a um tribunal internacional é comum a muitas empresas que possuem ativos, operações ou dívidas relevantes no mercado americano.
Outros acionistas também precisarão aprovar a proposta. Após a aprovação pelo tribunal, a GOL iniciará o processo de coleta de votos de outros acionistas. A Kroll Restructuring Administration atuará como agente de votação e buscará obter votos suficientes para a confirmação do plano. Os procedimentos, datas e informações serão disponibilizados no site da Kroll e divulgados ao mercado.
Documento divulgado pela companhia aérea não detalha as consequências caso os credores discordem do plano. É possível que, se um número significativo de credores rejeitar o plano, a GOL precise renegociar os termos ou buscar alternativas para sua reestruturação.
Termos do acordo já foram apresentados antes. O documento atual faz parte do Acordo de Apoio ao Plano de Reestruturação (PSA, na sigla em inglês), anunciado em 6 de novembro de 2024. Esse acordo foi firmado entre a GOL, a Abra, algumas afiliadas e o comitê de credores quirografários — ou seja, credores que não têm garantias específicas para receber o que lhes é devido.
Mais informações ainda serão divulgadas. A GOL informou que também protocolará ainda nesta terça-feira junto ao tribunal um resumo do plano para "permitir que os credores da GOL habilitados a votar no plano tomem uma decisão informada sobre aceitá-lo ou rejeitá-lo".
Início do processo de votação será no próximo ano. O anúncio da companhia aérea afirma que a votação do plano acontecerá em audiência perante o tribunal, atualmente agendada para 15 de janeiro de 2025.
Impactos
Diminuição do valor das ações já existentes. A conversão de boa parte da dívida em ações pode levar a uma diluição de ações já existentes, ou seja, a diminuição do valor das ações que já estão no mercado. Isso acontece porque haverá mais ações disponíveis, reduzindo o valor individual para os atuais acionistas.
Ações da GOL operam em alta. No entanto, o anúncio da reestruturação financeira da companhia foi visto com bons olhos pelos investidores. Nesta terça-feira (10), as ações da GOL operam em alta, tendo tido uma variação diária positiva de 12,8%. No entanto, a variação no ano de 2024 é de -84,5%, e nos últimos 12 meses a queda foi de -83,45%.
GOL demonstra fragilidade financeira. Em seu último relatório financeiro, a GOL apresentou uma dívida líquida de R$ 27,6 bilhões, valor que corresponde ao total de suas dívidas subtraído do montante disponível em caixa. No mesmo período, registrou um prejuízo de R$ 830 milhões. Mesmo assim, está listada no segmento Nível 2 de governança corporativa da B3 (bolsa de valores do Brasil), o que indica um compromisso com boas práticas de gestão.
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