Material escolar pesa no orçamento familiar: veja dicas para economizar
Gabriela Bulhões
Colaboração para o UOL
18/01/2025 05h30
O mês de janeiro chega com vários compromissos financeiros e para quem tem filho em casa, a compra do material escolar pode ser uma dor de cabeça, principalmente porque os itens podem subir até 9%, conforme a ABFIAE (Associação Brasileira de Fabricantes e Importadores de Artigos Escolares). Nessas horas, o planejamento faz diferença no bolso e para isso, o UOL ouviu alguns especialistas para colocar as dicas em prática.
Na ponta do lápis
Procon-SP realiza uma pesquisa todo início do ano para auxiliar os consumidores. Desta vez, as variações foram expressivas, dentre todos os 132 itens pesquisados, foram encontradas variações que chegaram a 268,75%.
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Régua de 30 cm (Acrimet) é campeã de oscilações de preço, variando de R$ 5,90 a R$ 1,60. Apontador de lápis, caneta esferográfica, caixa de tintas e caixa de giz de cera seguem no ranking dos preços que mais mudam entre um estabelecimento e outro.
Gastos por ano comprometem o orçamento de 85% das famílias com crianças em idade escolar. Em 2024, o gasto chegou a R$ 49,3 bilhões no total e a projeção para 2025 pode ultrapassar os R$ 52 bilhões. É o que aponta uma pesquisa do Instituto Locomotiva e QuestionPro.
Dólar alto pode impactar os preços. É o que explica Igor Marchetti, advogado do Idec (Instituto de Defesa do Consumidor). Segundo ele, "alguns levantamentos fazem menção de que o dólar, como está muito valorizado e alguns insumos são importados, tem um custo de importação que com certeza encareceu muito neste ano."
O que fazer para economizar
Primeiro passo para aliviar a conta é listar o que realmente precisa comprar, fugindo do impulso. Pesquisar os preços em diferentes lojas também ajuda a ver onde compensa mais, valendo até comprar material já utilizado por outro aluno para economizar e ser mais sustentável, aconselha Aline Soaper, educadora financeira.
Nem tudo precisa ser novinho em folha. Reutilizar certos materiais do ano anterior vale a pena. Sobras de cadernos, folhas, canetas, lápis de cor e tintas podem ser reaproveitados.
Se junte com outros pais para conseguir um desconto. Essa dica vale muito para compras em atacado em que a quantidade contribui para um preço menor. Outra opção é trocar com outros pais os materiais que estão em bom estado e não serão mais utilizados.
Pesquise em lojas online, que tendem a ter um preço menor e evite marcas famosas, produtos de marcas menos conhecidas costumam ser mais baratos e oferecer a mesma qualidade.
Aline Soaper, educadora financeira
Atenção na hora de comprar
Lista de material escolar não pode exigir a compra de materiais de uso coletivo. Isso vale para materiais de escritório, de higiene ou limpeza. Precisam ser itens que realmente vão ser utilizados e também nessa solicitação pode ser questionado qual é o plano, qual é o cronograma, o programa que vai ser feito para solicitar aquele tipo de material, explica Igor Marchetti, advogado do Idec.
Preços devem ser informados de forma clara. O estabelecimento precisa deixar visível e com precisão, assim como promoções mais comuns como "pague dois e leve três", para o consumidor saber se são vantajosas de fato, pontua a assessora executiva do Procon-SP, Carina Minc.
Veja se há valor diferenciado para tipos de pagamento. Desde 2017, é permitida a diferenciação de preços de bens e serviços oferecidos ao público em função do prazo ou do instrumento de pagamento utilizado. Por exemplo, pagar no PIX pode ter um desconto considerável.
Saiba identificar preços abusivos nas escolas
Não há tabelamentos exatos de preços para mensalidades ou produtos escolares. Porém, a assessora executiva do Procon-SP explica que qualquer aumento deve ser justificado e não pode ser exorbitante. Por exemplo, dobrar o preço sem justificativa plausível é considerado abuso. É importante questionar se o aumento é razoável.
Reajustes de mensalidades escolares são definidos por uma lei que prevê algumas regras. Uma delas é que, anualmente, a instituição de ensino precisa divulgar, disponibilizar para os pais e estudantes a planilha de custos em local visível. Se após toda essa análise for constatado que há uma ilegalidade, os pais podem se unir para entrar com uma ação coletiva. A criação de uma associação de pais tem uma finalidade essencial, diz Marchetti.
Os consumidores podem acessar o site oficial do Procon para serem ouvidos. Logo na página inicial, há um botão amarelo para reclamações que também dá a opção de anexar documentos relevantes, como contratos, boletos atuais e anteriores, para que o órgão possa questionar a escola e analisar planilhas de custo.
Há custos que realmente sobem, mas é preciso verificar a razoabilidade desse reajuste. Se o consumidor se sentir prejudicado, pode registrar uma reclamação no site do Procon.
Carina Minc, assessora executiva do Procon-SP