Dólar a R$ 2 e café a R$ 13: como era o país quando Neymar jogava no Santos

Em quase 12 anos desde que Neymar jogou sua última partida pelo Santos, em 26 de maio de 2013, a economia brasileira passou por grandes transformações. O salário mínimo mais que dobrou, enquanto o dólar disparou, refletindo um cenário de instabilidade e mudanças políticas e econômicas.

Nesse período, o Brasil teve sete ministros da Fazenda — de Guido Mantega a Fernando Haddad — e quatro presidentes do Banco Central, de Alexandre Tombini a Gabriel Galípolo. As trocas no comando econômico acompanharam oscilações no câmbio, na inflação e nas políticas fiscais do país.

Café

Preço do café aumentou nos últimos anos. O café torrado e moído no varejo teve uma alta de aproximadamente 220,2% entre maio de 2013 e dezembro de 2024. O preço médio do produto passou de R$ 13,32 por kg para R$ 42,65 por kg nesse período. No último dado de inflação divulgado pelo IPCA-15, o café moído foi o alimento que mais pesou em janeiro: aumento de 7,07%.

Compra de café ficou mais cara. Em maio de 2013, com um salário mínimo, era possível adquirir cerca de 50,9 kg de café. Já em dezembro de 2024, considerando o salário mínimo de R$ 1.412,00, esse poder de compra caiu para 33,1 kg.

Dólar e euro

Valorização expressiva. Em 2024, o dólar chegou a atingir o maior valor registrado na história, R$ 6,2672, mas antes de chegar a esse pico, a moeda passou por uma constante volatilidade. Entre maio de 2013 e janeiro de 2025, o dólar comercial aumentou 180,7%, o dólar turismo subiu 174,0%, e o euro teve uma alta de 116,0%.

Taxas de câmbio estão altas. No dia 4 de janeiro de 2025, o dólar comercial estava cotado a R$ 5,771, o dólar turismo a R$ 6,001 e o euro a R$ 5,991. Comparando com 27 de maio de 2013, quando o dólar comercial estava a R$ 2,056, o dólar turismo a R$ 2,19 e o euro a R$ 2,774, os valores tiveram um aumento considerável.

Gasolina

Preço da gasolina sobe muito. O preço médio de revenda da gasolina no Brasil aumentou 116,4%, passando de R$ 2,862 em maio de 2013 para R$ 6,18 em janeiro de 2025.

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Aumento salarial compensou o preço da gasolina. Em 2013, com um salário mínimo de R$ 678, era possível comprar 236,8 litros de gasolina. Já em 2025, com o salário mínimo de R$ 1.518, o trabalhador poderá adquirir 245,6 litros do combustível, o que significa, ainda que a variação seja pequena, um maior poder de compra desse item.

Azeite

Azeite sofre com climas mais quentes. O azeite é o vilão da vez sendo visto muitas vezes por aí preso nas prateleiras dos supermercados, e essa alta de preço não é só no Brasil. As mudanças climáticas têm prejudicado as oliveiras e tornado as safras cada vez mais escassas. Assim, o preço tende a aumentar bastante.

Preço do azeite de oliva aumentou mais do que o salário mínimo. Dados analisados em pesquisas de ceias de Natal do Procon de São Paulo em 2013 e 2024, mostraram que o aumento no preço do azeite de oliva extra virgem da marca Andorinha, uma das mais famosas do país, foi de 213,1% no período, passando de R$ 14,67 para R$ 46,09. Esse aumento supera o crescimento do salário mínimo no período, que foi de 123,88%.

Trabalhador consegue comprar menos azeite. Em 2013, com o preço do azeite a R$ 14,67, era possível comprar 46,2 frascos de azeite com o salário mínimo de R$ 678,00. Já em 2024, com o preço médio de R$ 46,09, o trabalhador pode adquirir apenas 32,9 frascos de azeite com o salário mínimo de R$ 1.518,00.

Imóveis

Está mais caro o sonho da casa própria. Em maio de 2013, o preço médio do metro quadrado em 16 cidades brasileiras era de R$ 6.748, com variações significativas, como R$ 9.160 no Rio de Janeiro se destacando como o metro quadrado mais caro do país.

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Em janeiro de 2025, o preço médio do metro quadrado subiu ainda mais. O preço médio de venda residencial nas 56 cidades monitoradas foi de R$ 9.069/m², evidenciando uma valorização no setor imobiliário. O preço médio do metro quadrado no Rio de Janeiro saiu de R$ 9.160 para R$ 10.330, aumento de aproximadamente 12,77%.

Taxa Selic

Selic também passou por mudanças significativas. Em 2013, a taxa Selic estava em 7,5% ao ano, durante a presidência de Alexandre Tombini no Banco Central. Em 2025, com Gabriel Galípolo estreando na presidência do BC, a taxa Selic subiu para 13,25% ao ano, refletindo uma política monetária mais restritiva. O aumento da Selic impacta diretamente os custos de crédito e a economia como um todo, tornando o ambiente financeiro mais desafiador.

Controle da inflação. O BC tem aumentado constantemente a taxa básica de juros alegando que há uma necessidade de controlar a inflação do país, uma vez que a economia está bastante aquecida.

Inflação

Inflação seguiu uma tendência de alta. Em maio de 2013, o índice de inflação (IPCA) foi de 0,37% no mês, com uma taxa anual de 2,88% e um acumulado de 6,5% em 12 meses. Já em dezembro de 2024, a inflação mensal foi de 0,52%, com uma taxa anual de 4,83% e também um acumulado de 4,83% nos últimos 12 meses.

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Brasil atingiu meta de inflação em 2013. A meta de inflação para 2024 foi de 3%, com uma margem entre 1,5% e 4,5%. No entanto, a inflação anual de 4,83% superou a meta, ultrapassando o limite superior da margem. Em comparação, a meta para 2013 foi de 4,5%, com margem entre 2,5% e 6,5%. A inflação no ano foi de 5,91%, superando a meta e ficando 0,59% abaixo do pico.

Desemprego

Taxa de desocupação teve uma redução significativa. A taxa de desocupação no Brasil foi de 7,5% no período de maio a julho de 2013. Já entre outubro e dezembro de 2024, a taxa caiu para 6,2%, alcançando o menor nível da série histórica da Pnad Contínua, coletada desde 2012.

Banco Central aponta o aumento do emprego como uma preocupação. Com a melhora no mercado de trabalho, o consumo tende a aumentar, o que pode pressionar os preços e descontrolar a inflação. Esse é um dos motivos citados pelo Banco Central para justificar a necessidade de manter os juros elevados para equilibrar o crescimento econômico.

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