Itaú e Santander com lucro recorde: o que explica resultado positivo?
Ler resumo da notícia
Os juros altos e a eficiência administrativa explicam o lucro recorde dos bancos Itaú Unibanco e Santander Brasil, avaliou Denyse Godoy, editora-chefe de economia do UOL no UOL News, do Canal UOL, nesta quinta-feira (6).
A explicação básica é que os juros do Brasil são muito altos e estão subindo. A gente acabou de sair de uma reunião do Copom, do Banco Central, que aumentou a taxa de juros. E a expectativa é que continue subindo. Mas é claro que [o bom resultado] sempre depende também da eficiência de cada instituição financeira. Denyse Godoy, editora-chefe de economia do UOL
Nesta quarta, o Itaú Unibanco (ITUB4) —tido como uma das maiores instituições bancárias do Brasil— anunciou o lucro líquido recorrente de R$ 41,4 bilhões em 2024, uma expansão de 16,2% sobre os ganhos do ano anterior. É considerado o maior lucro na história de um banco brasileiro. O Itaú anunciou ainda o pagamento de R$ 15 bilhões em dividendos e juros sobre o capital próprio (JCP) extraordinários.
Já o Santander Brasil (SAN11) registrou lucro líquido recorrente de R$ 3,855 bilhões no quarto trimestre de 2024, alta de 74,9% no comparativo anual, enquanto na comparação com o terceiro trimestre do ano passado, a variação foi positiva em 5,2%.
Ao Canal UOL, Denyse explicou como os juros impactam na vida do correntista e como beneficiam as empresas do setor.
Quem estabelece os juros básicos do país é o governo. Neste caso, a taxa é de 13,25% ao ano. O negócio do banco é pegar esse dinheiro emprestado de alguém —uma grande proporção é dos seus próprios correntistas. Se você investe no banco, num CDB, ou numa outra aplicação qualquer, o banco 'pega' esse dinheiro, pagando juros para o correntista, para emprestar a outros clientes que pegam crédito.
Aí você pode argumentar, e essa é uma crítica muito forte, sobre a diferença desses juros. Seria essa a diferença, que é o spread bancário [a diferença entre os juros que o banco cobra ao emprestar e a taxa que ele mesmo paga ao captar dinheiro], não seria muito elevado? É uma discussão permanente. Denyse Godoy, editora-chefe de economia do UOL
No fim de janeiro, o Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central) decidiu aumentar a Selic, taxa básica de juros da economia brasileira, em 1 ponto percentual, para 13,25% ao ano, seu nível mais alto desde agosto de 2023. O aumento da Selic é uma tentativa de conter a inflação no País. A alta encarece principalmente o crédito e os serviços financeiros. Ou seja, fica mais caro o custo dos empréstimos pessoais e para empresas, dos financiamentos imobiliários e para a compra de veículos.
Denyse disse que mudanças feitas pelo Itaú e a transição de serviços para o digital são outros fatores que ajudam a explicar os bons resultados apresentados pela instituição.
O resultado do Itaú, por exemplo, tem a ver com a eficiência da administração. Eles têm uma administração muito enxuta, muito eficiente. Estão fazendo também a migração para os serviços digitais. Você vê que os clientes estão usando mais os canais digitais. O Itaú está investindo mais em tecnologia, tem um superaplicativo, que vai integrando todos os serviços do banco num mesmo lugar. Então, [a explicação para esse resultado] são os juros muito altos (um bom ponto de partida para um banco no Brasil) e a gestão de cada instituição.
Denyse Godoy, editora-chefe de economia do UOL
Economista: 'Falta concorrência no Brasil'
No UOL News, o economista Teco Medina disse que a falta de concorrência entre os bancos, no Brasil, ajuda a explicar os bons resultados apresentados pelo Itaú e o Santander.
São empresas bem administradas, bem geridas, são empresas que têm tecnologia, mas é quase um mini-oligopólio ali. Você imagina que são 200 milhões de brasileiros para cinco bancos. Então, sim, acho que uma das razões que explica esses lucros muito fortes dos bancos é a falta de concorrência. A gente tem muito pouco banco para a quantidade de brasileiro que utiliza o tempo todo. O desenho do sistema bancário brasileiro é altamente concentrador. Teco Medina, economista
Em 2020, os cinco maiores bancos do Brasil concentravam mais de 80% dos empréstimos em 2020 em todo o país, segundo Relatório de Economia Bancária divulgado pelo BC (Banco Central). De cada R$ 10 emprestados, R$ 8,18 eram financiados pela Itaú Unibanco, Bradesco, Banco do Brasil, Santander e Caixa Econômica Federal.
O setor, no entanto, tem visto o surgimento das chamadas fintechs —empresas que introduzem inovações nos mercados financeiros por meio do uso intenso de tecnologia—, como Nubank, C6, Inter e Pagbank, entre outros.
Em maio, o Nubank fechou o pregão como a instituição financeira brasileira mais valiosa pela primeira vez. Na ocasião, o banco digital foi avaliado em R$ 299,2 bilhões. O Itaú valia R$ 288,6 bilhões naquele momento. O Nubank também ultrapassou o Itaú em número de clientes em outubro. Foram 100,7 milhões contra 98,5, segundo o Banco Central.
Assista ao trecho no vídeo abaixo
Bancos na lista de marcas mais valiosas
Itaú, Banco do Brasil e Bradesco entraram para a lista de marcas mais valiosas da América Latina, segundo levantamento feito pela consultoria britânica Brand Finance. Apesar disso, o Itaú perdeu a posição de número 1 para a cerveja Corona Extra, do grupo AB Inbev.
O banco brasileiro teve um declínio de marca de 4,4%, passando para US$ 8,4 bilhões.
O UOL News vai ao ar de segunda a sexta-feira em duas edições: às 10h, com apresentação de Fabíola Cidral, e às 17h, com Diego Sarza. Aos sábados, o programa é exibido às 11h e 17h, e aos domingos, às 17h.
Onde assistir: Ao vivo na home UOL, UOL no YouTube e Facebook do UOL. O Canal UOL também está disponível na Claro (canal nº 549), Vivo TV (canal nº 613), Sky (canal nº 88), Oi TV (canal nº 140), TVRO Embratel (canal nº 546), Zapping (canal nº 64), Samsung TV Plus (canal nº 2074) e no UOL Play.
Veja a íntegra do programa:
Deixe seu comentário
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Leia as Regras de Uso do UOL.