Aço brasileiro deve enfrentar nova barreira nos EUA; relembre taxações
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O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou neste fim de semana uma nova tarifa de 25% sobre a importação de aço, atingindo diretamente o Brasil, segundo maior fornecedor do produto para o mercado americano. A medida ainda não é oficial, mas foi divulgada pelo republicano antes da apresentação do Super Bowl e marca mais um capítulo da política protecionista do atual governo americano. O anúncio oficial é esperado para esta segunda-feira (10).
A decisão amplia as restrições comerciais impostas por Trump, que já havia adotado medidas semelhantes em 2018, mesmo com Jair Bolsonaro na presidência do Brasil e mantendo uma relação diplomática próxima com Washington. A taxação pode afetar a indústria siderúrgica nacional, que tem nos Estados Unidos um de seus principais mercados.
Histórico de taxação
Estados Unidos impuseram tarifas sobre o aço brasileiro em diferentes momentos. Em março de 2018, o governo do então presidente Donald Trump anunciou uma tarifa de 25% sobre as importações do produto, afetando o Brasil e outros países. Em maio do mesmo ano, o país adotou cotas de exportação para continuar acessando o mercado americano sem a tarifa extra.

Tarifas foram retomadas em dezembro de 2019. Trump justificou a medida com a desvalorização do real e do peso argentino, afirmando que isso prejudicava os agricultores dos EUA.
Em 2024, siderúrgicas americanas pediram novas restrições. Em setembro, grandes empresas do setor solicitaram ao Departamento de Comércio e à Comissão de Comércio Internacional a aplicação de tarifas antidumping sobre aço laminado plano resistente à corrosão importado de dez países, incluindo o Brasil.
Respostas do Brasil
Brasil busca soluções diplomáticas para disputas comerciais. Historicamente, o país tem adotado negociações para resolver impasses tarifários com os Estados Unidos.
Empresas brasileiras adotam estratégias para reduzir impactos. A Gerdau investiu em operações nos EUA para se proteger do protecionismo americano. O diretor financeiro da empresa, Rafael Japur, disse ainda em 2024 que as medidas de Trump poderiam aumentar a demanda por aço no mercado americano, beneficiando suas siderúrgicas no país.

Brasil negociou uma isenção em 2018. Quando os EUA impuseram uma tarifa de 25% sobre as importações de aço, o país argumentou que a maior parte das exportações era de aço semiacabado, essencial para a indústria americana. Como resultado, conseguiu evitar a sobretaxa ao aceitar cotas de exportação.
Governo brasileiro reagiu à retomada das tarifas em 2019. Após o anúncio de Trump, autoridades iniciaram diálogos em Washington para tentar reverter a medida. O então presidente Jair Bolsonaro disse que ligaria para Trump e demonstrou otimismo quanto a um desfecho positivo, ressaltando a proximidade entre os dois países.
Nova taxação
Trump anunciou novas tarifas sobre aço e alumínio. O presidente dos Estados Unidos afirmou que elevará as tarifas para todos os países, com assinatura prevista para esta segunda-feira (10). A taxação deve ser de 25% sobre os produtos.
Brasil será um dos mais afetados. As novas taxas podem impactar cerca de US$ 6 bilhões em vendas brasileiras, assim como as exportações da Coreia do Sul, México e Canadá. O país envia 48% de sua produção de aço bruto e 16% da de alumínio para os Estados Unidos. O Itamaraty, procurado, não comentou a decisão.
Lula defendeu reciprocidade antes do anúncio oficial. Dias antes da declaração de Trump, o presidente brasileiro afirmou que, caso os EUA impusessem tarifas ao Brasil, haveria retaliação. Lula classificou a medida como uma questão de "decência" e ressaltou que a reciprocidade é comum nas relações comerciais.
Governo brasileiro avalia taxar as big techs americanas. Caso a taxação do aço se mantenha, o Brasil pode adotar medidas semelhantes às do Canadá, México e China, que têm buscado alternativas para contrabalançar restrições comerciais impostas pelos EUA.
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