'Inaceitáveis' e 'ruins': a reação dos países às taxas de Trump
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"Inaceitáveis" e "ruins para os negócios, piores para os consumidores". Foi assim que Canadá e a União Europeia classificaram as tarifas de 25% sobre as importações de aço e alumínio anunciadas na noite desta segunda-feira (10) pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Outros países, como México, Coreia e Japão, planejam negociar a situação com os americanos.
O Brasil ainda não fez declarações oficiais. Na segunda-feira (10), antes do anúncio oficial, representantes do governo aguardavam o anúncio oficial das tarifas antes de qualquer pronunciamento. No final de janeiro, entretanto, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que, se Trump taxar produtos importados do Brasil, haverá reciprocidade.
Até o meio-dia desta terça-feira (11), o governo ainda não havia se pronunciado.
Qual foi a reação de cada país?
Canadá, Brasil, México, Coreia do Sul e a Alemanha, na União Europeia, são os países mais atingidos pelas novas tarifas sobre os metais. Confira a posição de cada um até agora:
O primeiro-ministro canadense Justin Trudeau classificou nesta terça-feira (11) as novas tarifas como "inaceitáveis". O Canadá — se necessário — dará aos EUA uma resposta "firme e clara". "Os canadenses se levantarão forte e firmemente se necessário", disse Trudeau, durante a cúpula de Inteligência Artificial de Paris. Ele não deu detalhes.
O secretário de Economia mexicano, Marcelo Ebrard Casaubón, declarou que a medida de Trump "carece de fundamento econômico". Ebrard explicou que a justificativa americana, baseada em um suposto aumento de 1678% nas exportações mexicanas, é falsa. "O México importa mais aço dos EUA do que exporta, então não há razão lógica para as tarifas",afirmou. Ele disse que tentará negociar com Trump.
Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia, emitiu uma declaração expressando pesar sobre a decisão dos EUA. Von der Leyen disse que tarifas são como impostos: "ruins para os negócios, piores para os consumidores". Ela alertou que as "tarifas são injustificadas sobre a UE e não ficarão sem resposta — elas desencadearão contramedidas firmes e proporcionais". Ela também não especificou quais seriam essa reações.
O ministro das Relações Exteriores francês, Jean-Noël Barrot, deixou claro que a União Europeia não ficará de braços cruzados. "Não há hesitação quando se trata de defender nossos interesses", disse Barrot. Ele lembrou que a UE retaliou os Estados Unidos em 2018 quando Trump introduziu tarifas semelhantes, e que fará isso novamente
O presidente em exercício da Coreia do Sul, Choi Sang-mok, disse que seu governo buscará conversas com a administração dos EUA. Presidentes de 20 grandes conglomerados sul-coreanos planejam visitar os Estados Unidos em um futuro próximo, enquanto o governo também pretende discutir medidas de resposta com o Japão e a União Europeia, disse Choi. Ele declarou que seu governo está fazendo um "esforço total" para construir laços estreitos com o governo dos EUA. No entanto, Trump declarou na segunda (10) que as tarifas serão aplicadas "sem exceções ou isenções". Mais cedo, o ministro do Comércio, Cheong In-kyo, disse que as tarifas podem oferecer oportunidades para as empresas coreanas encontrarem novos mercados de exportação.
O governo de Pequim não se pronunciou ainda sobre as tarifas sobre o aço e o alumínio. China não exporta muito aço ou alumínio diretamente para os Estados Unidos. Há tempos os EUA vêm impondo muitas taxas sobre o aço da China. Em setembro passado, por exemplo, o presidente Joe Biden aumentou as tarifas existentes sobre muitos produtos chineses de aço e alumínio em até 25%. Mas a China domina a indústria global de aço e alumínio. Por isso, as medidas de Trump também afetam o país, que usa aço para construir de tudo, desde arranha-céus e a navios, eletrodomésticos e automóveis.
Chineses já haviam reagido a outra medida de Trump. A China passou a cobrar nesta semana tarifas de 15% sobre GNL (Gás Natural Liquefeito) e carvão, além de uma taxa de 10% sobre petróleo bruto, equipamentos agrícolas e carros. As contramedidas sobre os EUA somam US$ 14 bilhões.
O governo japonês também ainda não se pronunciou oficialmente. Essa resposta é muito aguardada porque a maior empresa siderúrgica japonesa, a Nippon Steel, vinha negociando adquirir todas as ações da US Steel, a maior dos EUA. O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse no domingo (9) que a Nippon Steel não seria autorizada a adquirir uma participação majoritária na U.S. Steel, o que torna muito provável que a empresa japonesa precise revisar o plano de aquisição. Sob a administração de Joe Biden, em 2022, cotas isentas de impostos foram concedidas ao Japão.
Com agências internacionais
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