Com crescimento tímido, shoppings focam em restaurante para atrair público

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O espaço dos shoppings dedicado aos restaurantes fora das praças de alimentação está aumentando, enquanto o espaço de lojas diminui. O objetivo da mudança é fazer frente às compras pela internet e conquistar a geração Z em um cenário de crescimento tímido do setor.
Entenda
Faturamento dos shoppings chegou a R$ 198,4 bilhões em 2024, com alta de 1,9% em relação a 2023. O crescimento é menor que o do PIB (Produto Interno Bruto) do país para o ano, que deve ficar em mais de 3%.
Home office e geração Z ajudam a explicar o crescimento tímido. Segundo Glauco Humai, presidente da Abrasce (Associação Brasileira de Shopping Centers), parte da desaceleração do setor se explica pelo home office, que impacta o movimento dos shoppings próximos aos escritórios. Outra parte se deve ao perfil de comportamento da geração Z (quem nasceu a partir da segunda metade da década de 1990), que ainda está sendo entendido pelo mercado.
Outra parte se deve ao perfil dos novos shoppings abertos no país. Há um crescimento maior do setor em cidades menores, muitas das quais estão recebendo seu primeiro shopping center. Esses estabelecimentos são menores e menos maduros. Com isso têm menos espaço para adaptar seu mix de lojas a um cenário de maior competição com as vendas online.
Estamos passando por uma mudança de paradigma do varejo. Nesse cenário, os shoppings consolidados têm condições de mudar seu mix e ampliar serviços e serviços. Mas, o primeiro shopping de uma cidade foca nas lojas que existem na cidade, e isso sofre uma competição maior do mundo online.
Glauco Humai, presidente da Abrasce (Associação Brasileira de Shopping Centers)
Vendas cresceram mais no Nordeste e menos no Centro-Oeste. As vendas em shoppings no Nordeste tiveram alta de 2,9% em 2024, na comparação com o ano anterior. No Sul, o crescimento foi de 2,4%, no Sudeste 1,7%, no Norte 1,6% e no Centro-Oeste, 1,2%. Enquanto as dos shoppings no Centro-Oeste cresceram 1,2%.
Visitas ficaram mais numerosas e longas. A média mensal de visitas ao shopping em 2024 foi de 476 milhões, uma alta de 2,9% em comparação com 2023. O crescimento não é tão expressivo quanto o verificado em anos anteriores. De 2022 para 2023, por exemplo, o número de visitas cresceu cerca de 4%, e 2021 para 2022 o crescimento foi de cerca de 11%. A desaceleração se explica em parte pelo forte movimento de volta aos shoppings no pós-pandemia. Ainda que o crescimento do número de visitas tenha desacelerado, elas ficaram mais longas, o que amplia o potencial de gasto por visita. Em 2018, a visita ao shopping durava em média 72 minutos, em 2023, durava 80 minutos.
Expansão no interior
Expansão do setor mira cidades menores que hoje não têm shopping center. Em 2024 foram abertos nove novos estabelecimentos, sendo cinco deles em cidades que não tinham shopping. São elas: Boituva (SP) Rio das Ostras (RJ), Cravinhos (SP), Araucária (RS) e Araguaína (TO).
País tem 648 shoppings, 46% deles em cidades de até 500 mil habitantes. Se antes a expansão do setor ocorria nas grandes capitais, hoje o espaço nas metrópoles ficou mais escasso e o setor está indo para o interior. As cidades entre 100 mil e 500 mil habitantes já abrigam a maioria dos shoppings do país, com 260 estabelecimentos (40,1% do total). Se consideradas também as cidades até 100 mil pessoas, a proporção chega a 46%.
Restaurantes estão tomando o espaço das lojas menores. Em 2024, o espaço ocupado por lojas menores (chamadas de lojas satélites) caiu 3% - foi de 60% para 57% do espaço total dos shoppings. Enquanto isso, a área dedicada à alimentação cresceu 1,6%, a de conveniência e serviços cresceu 0,6% e o lazer cresceu 0,2%.
A oferta online é tão grande e a logística melhorou tanto que esse é um momento de adequação, para não perder venda e relevância, com isso vemos mais área para serviços, lazer e gastronomia.
Mais de 80% dos shoppings têm operações de alimentação fora da praça de alimentação. Dentre os estabelecimentos, 95% têm praça de alimentação, 82% têm operações de alimentação distribuídas pelo shopping e 31% têm um boulevard gastronômico.
Expectativas para 2025
Para 2025, a expectativa é de crescimento menor. A previsão da Abrasce é um crescimento de 1,6% no ano, chegando a um faturamento de R$ 201 bilhões. A desaceleração se deve às expectativas em relação à economia (as projeções são de um crescimento de pouco mais de 2% do PIB no ano) e também às operações ainda não maduras.
Ainda que o crescimento seja menor, o país deve ter mais inaugurações. Estão previstos 17 novos shoppings em 2025, sendo sete em novas cidades. Ao menos um terço desses 17 devem ficar para o ano seguinte, devido a imprevistos no projeto. As cidades que devem receber seu primeiro shopping center são Lavras (MG), Americana (SP), Olímpia (SP), Balneário Piçarras (SC), Caldas Novas (GO), Lagarto (SE) e Vilhena (RO).
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