Lula diz que Galípolo 'consertará' taxa de juros, mas é preciso dar tempo

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta quarta-feira ter certeza que o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, "consertará" a taxa de juros do Brasil, mas afirmou que é preciso dar o tempo necessário para que ele faça isso.

Em entrevista à rádio Diário, de Macapá (AP), Lula avaliou que não se pode dar um "cavalo de pau" na economia brasileira e atribuiu o patamar elevado da taxa básica de juros ao ex-presidente do BC Roberto Campos Neto, a quem classificou como um "cidadão" que tinha um "comportamento muito anti-Brasil".

Inflação

Durante a entrevista, o presidente disse que o custo de vida "preocupa" o governo. O presidente falou que vai se reunir com setores empresariais para tentar um acordo sobre a alta no custo de vida. "Estamos vendo como fazer para baratear alimentos e continuar aumentando salário", declarou.

Segundo o presidente, é preciso "nos preparar para atender o mercado externo (com os alimentos exportados) sem criar problema para o mercado interno". "Estamos vendo como fazer para baratear alimentos e continuar aumentando salário", declarou.

Emprego

garantiu que o governo tem trabalhado em medidas para o mercado de trabalho, especialmente para atender as pessoas que trabalham por conta própria. Ele disse que tem conversado com empresários, que se queixam que não conseguem mão de obra para suas empresas por causa dos benefícios sociais oferecidos pelo governo.

"Tenho conversado com muitos empresários e eles se queixam muito que querem contratar mão de obra e não existe, e eles jogam culpa nos benefícios que o governo oferece. O governo oferece benefício na perspectiva de que as pessoas possam conseguir empregos e sair do benefício, porque ele é para ajudar os mais necessitados", declarou.

"Precisamos saber a causa para as pessoas não quererem entrar no mercado de trabalho. Possivelmente o salário seja baixo, possivelmente a juventude não tenha mais o sonho que eu tinha de assinar a carteira profissional e trabalhar das 7h às 18h, possivelmente a juventude quer ser empreendedora. Estamos trabalhando para dar oportunidade também às pessoas que querem trabalhar por conta própria", completou.

Crescimento

Lula voltou a falar que a economia está crescendo, a inflação está controlada, e o salário real e o crédito estão aumentando. O presidente tem tentado passar uma imagem positiva do governo nas entrevistas que tem dado a rádios locais nas últimas semanas.

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Nesta quarta-feira (12), disse estar "com muita vontade de trabalhar, de participar dessa colheita e muita vontade de entregar os resultados" ao povo brasileiro. "Quem passou dois anos reconstruindo o país agora tem que entregar para o povo o resultado para o povo daquilo que trabalhamos nos últimos dois anos", declarou.

Lula disse que "quase nada foi feito nesse país" desde que o PT deixou o governo em 2016, com o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff. "Quase nada foi feito na educação, na saúde, na cultura. Fico olhando para o passado recente para não repetir nenhum erro que eles cometeram", afirmou.

O presidente cutucou, ainda, o ex-presidente Jair Bolsonaro. Disse que terá os "dois anos mais importantes da minha vida". Ele afirmou que quer fazer entregas nos próximos dois anos e "sair de cabeça erguida" da Presidência, e não "fugir para Miami", uma referência à recusa do ex-presidente em passar a faixa presidencial após perder as eleições de 2022.

"Tenho dois anos muito primorosos, os dois anos mais importantes da minha vida. Preciso entregar tudo aquilo que prometi para o povo. Quero entregar porque quero sair de cabeça erguida, como entrei. Ir lá, descer a rampa, cumprimentar o povo. Não quero fugir para Miami e nem deixar de colocar a faixa no presidente que ganhar as eleições. Se alguém ganhar, vou lá e entrego a faixa", declarou.

Viagem ao Japão

Lula disse ainda que viajará ao Japão no dia 27 deste mês para tentar abrir o mercado japonês para as exportações de carne do Brasil. "Já tinha aberto em 2005 para comprar frutas brasileiras. É assim que o Brasil é respeitado", declarou.

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O presidente voltou a criticar a condução da política externa durante o governo de Jair Bolsonaro e disse que seu esforço, nos últimos anos, tem sido de abrir mercados e estipular relações com os mais diversos países.

*Com Reuters e Agência Estado