Shein amplia base de vendedores para 'driblar' taxa das blusinhas
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Para reduzir a dependência das importações e minimizar o impacto da nova taxa do governo federal sobre compras internacionais, a Shein tem acelerado a adesão de lojistas brasileiros à sua plataforma. Desde agosto de 2024, passou a vigorar a cobrança de 20% de imposto para compras de até US$ 50 e 60% para valores superiores, além do ICMS de 17%.
Hoje, no entanto, o marketplace já responde por 60% das vendas da empresa no país e se tornou sua principal fonte de receita.
A companhia anunciou que triplicou o número de lojistas cadastrados desde novembro de 2023 chegando a 30 mil. A meta é que 85% das vendas venham do mercado nacional até o fim de 2026. Atualmente, a Shein tem mais de 50 milhões de consumidores no Brasil e pretende encerrar o ano com até 50 mil vendedores.
Expansão do marketplace
Redução no consumo de importados. De acordo com dados da Receita Federal, o volume de encomendas internacionais caiu 11% em 2024 na comparação com o ano anterior. Apesar de admitir que deseja crescer em todas as suas áreas de atuação, a Shein, que já investia no marketplace desde 2023, viu nesse setor uma forma de driblar a taxação e continuar relevante no país.
Esse imposto tirou o acesso de muitas pessoas a produtos que não existiam no mercado local.
Felipe Feistler, diretor-executivo da Shein no Brasil
Marketplace começa como um teste. A operação foi iniciada em São Paulo nos bairros do Brás e Bom Retiro e, com o crescimento do modelo, a empresa ampliou sua atuação para o Rio de Janeiro e Paraná. Hoje, a expansão do marketplace prioriza quatro estados, além da capital do país. A empresa tem focado sua atuação em Santa Catarina, Distrito Federal, Espírito Santo, Goiás e Rio Grande do Sul. No primeiro trimestre de 2025, Santa Catarina será o principal mercado para o avanço da plataforma no país.
Número de vendedores cresceu rapidamente. Em novembro de 2023, sete meses após o lançamento do marketplace, a plataforma já contava com 10 mil lojistas. Esse total subiu para 25 mil em agosto de 2024. Em fevereiro deste ano, a empresa superou a marca de 30 mil lojistas.
Marketplace representa a maior parte das vendas da Shein. Em novembro de 2023, quando a plataforma que contava com 10 mil lojistas cadastrados, o marketplace respondia por 50% do faturamento da empresa. Agora, com 30 mil vendedores, 60% das vendas vêm do modelo.
Vendedores passam por um processo de avaliação. Antes de serem certificados para operar na plataforma, eles precisam comprovar que atendem aos requisitos exigidos. É necessário ter um CNPJ ativo e estar em conformidade com a legislação tributária brasileira para comercializar produtos no marketplace.
Custos para os vendedores incluem comissão e logística. A Shein cobra 16% sobre o valor de cada peça vendida, além de taxas relacionadas ao transporte, que variam conforme o peso dos produtos.
Fabricação no Brasil
Dificuldades para expandir a produção no país. A empresa pretende contar com 2 mil fábricas parceiras até 2026. Até agora, conseguiu 300. E uma das principais parceiras da Shein entrou em crise financeira. A Coteminas, que foi anunciada como fabricante parceira em junho de 2023, entrou em recuperação judicial em maio de 2024, tendo acumulado uma dívida líquida de R$ 672,5 milhões.
Esperando a Coteminas sair do processo para retomar a parceria.
Felipe Feistler, diretor-executivo da Shein no Brasil
Cadeia produtiva no Brasil enfrenta desafios logísticos. Ao contrário da Ásia, onde as etapas da fabricação estão concentradas em polos industriais, no Brasil os insumos vêm de diferentes estados e até do exterior, o que torna o abastecimento mais lento. Felipe Feistler explica que alguns materiais podem levar até três meses para chegar, o que vai de encontro à proposta da Shein de entregar produtos rapidamente. Para minimizar esses entraves, a empresa busca soluções como a criação de estoques de tecidos no Brasil. Segundo Feistler, a produção local também melhora a eficiência logística, reduzindo os prazos de entrega e aprimorando o atendimento ao consumidor.
Produção nacional domina o segmento de vestuário e calçados. A Shein concentra sua atuação em três categorias principais. Roupas, calçados e artigos para casa representam a maior parte do marketplace da empresa no Brasil, com cerca de 75% dos produtos sendo fabricados localmente. Aproximadamente 85% das peças de moda feminina, moda masculina e calçados comercializados na plataforma são produzidos no Brasil.
Produção nacional faz parte de uma estratégia global. A Shein adota o modelo de "near shoring", que aproxima a fabricação dos mercados consumidores, reduzindo a dependência de importações.
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