É fraude? Como funciona a memecoin, a criptomoeda divulgada por Milei

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A memecoin, a polêmica criptomoeda propagandeada pelo presidente da Argentina Javier Milei, é um ativo digital com comportamento viral e alta volatilidade. Sendo assim, quem opta por adquiri-lo, deve estar atento aos riscos envolvidos. "Não pode ser considerado um investimento", diz José Cassiolato, sócio da RGW Investimentos.
O que é uma memecoin
Memecoin é uma criptomoeda que se valoriza de forma viral, conforme sua difusão na internet. "Muitas vezes ela acaba sendo associada a personalidades, porque essa é uma forma interessante de viralizar", diz Cassiolato.
Moeda surge mais como piada do que como proposta séria. É diferente do bitcoin, que surge como moeda alternativa às moedas emitidas pelos estados, diz Marcelo Godke, sócio do Godke Advogados e especialista em direito bancário.
Uma das primeiras memecoins que ganhou relevância foi a dogecoin, em referência a um meme com cachorro. Criada em 2013, ela homenageia o meme "doge", da cachorrinha de feição impressionada que viralizou na internet naquela época.
O que começou com uma brincadeira ganhou a adesão de Elon Musk. Em 2021, após postagens de Elon Musk no antigo Twitter a respeito da dogecoin, a moeda valorizou mais de 1.000%. Ela existe até hoje e teve grande valorização em 2024. Outras memecoins conhecidas são a do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e a da primeira-dama, Melania.
Vale investir em memecoin?
Moeda é extremamente volátil e não pode ser considerada um investimento. Como sua valorização está diretamente associada à viralização na internet, e não a variáveis econômicas que podem ser consideradas pelo investidor, a memecoin não pode ser vista como um investimento.
Não consideramos o memecoin como uma classe de ativos, um investimento, e sim como uma mercadoria, algo que você pode adquirir na internet. Isso porque o seu comportamento não pode ser analisado com base em critérios econômicos.
José Cassiolato, sócio da RGW Investimentos
Como está sujeita à volatilidade de um comentário na internet, o risco é muito alto. A moeda representa "todo risco do mundo" ao investidor, diz Gotke. "As memecoins não têm fundamento econômico. Quando alguém famoso se manifesta a respeito, pode ser que ela suba ou pode ser que ela desça", diz.
É fraude?
O problema é quando quem detém a maior parte da moeda a coloca à venda de uma vez. Foi o que aconteceu com a $Libra, a criptomoeda divulgada por Milei. O valor da memecoin alcançou US$ 4.978 (R$ 28.375, na cotação atual) após a propaganda do presidente argentino. Com a disparada, os desenvolvedores da moeda virtual passaram a vender seus ativos e estimularam a derrocada da $Libra.
Caso semelhante ocorreu com memecoin de influenciadora americana. A influenciadora Haliey Welch lançou uma criptomoeda após um meme seu viralizar. A criptomoeda chegou rapidamente a um valor de US$ 500 milhões, para logo em seguida perder mais de 90% do valor.
Nesses casos, os idealizadores da criptomoeda são os principais beneficiados. Eles disponibilizam apenas um baixo percentual das moedas virtuais em um momento inicial. Com o aumento da procura, colocam em circulação os ativos remanescentes. Isso acontece quando poucas pessoas detém uma grande parte do ativo em circulação. Para Cassiolato, esses são casos de fraude que devem ser analisados pelo estado. "É como o insider trading e precisa ser regulamentado", diz.
Ainda assim, a memecoin não é necessariamente pirâmide. Ainda que adquirir esse tipo de criptomoeda traga riscos altíssimos, elas não são necessariamente pirâmides financeiras, na visão dos analistas ouvidos pelo UOL. "Simplesmente subir ou descer o preço de um ativo não é por si só um esquema de pirâmide", diz Gotke.
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