Fundadores da Tok&Stok pedem indenização por prejuízos em venda para Mobly

A tradicional rede de lojas de móveis Tok&Stok foi vendida para a Mobly no final de 2024, sob protesto dos fundadores da rede, o casal Régis e Ghislaine Dubrule. Eles acusam um antigo sócio de usar manobras para concretizar o negócio, pedem a reversão da venda da companhia e também uma indenização milionária.

Entenda

Os fundadores da Tok&Stok venderam 60% da empresa para o fundo Carlyle em 2012. Em 2021, a gestora SPX assumiu a operação do Carlyle no Brasil, e passou então a deter o controle da rede de móveis, que precisava melhorar sua situação financeira.

A SPX passou a negociar a venda do controle da Tok&Stok para a Mobly. A avaliação da gestora era de que já tinham sido tomadas diversas medidas para melhorar a situação da companhia, inclusive com altos investimentos, sem sucesso. Por isso a gestora passou a considerar a venda de sua participação. Mas os fundadores, que continuam donos de parte do negócio, não gostaram da solução. Régis Dubrule chegou a dizer em entrevista que a união entre as duas empresas seria um "abraço de afogados".

Os fundadores buscaram outra solução: se comprometeram a investir mais de R$ 100 milhões no negócio. Para não ser diluída, a SPX também precisaria colocar mais dinheiro na empresa. Caso contrário, os Dubrule passariam a ser os controladores do negócio. Para a gestora, a proposta foi uma tentativa dos fundadores de retomarem o comando do negócio.

A proposta de aumento de capital foi aprovada em julho de 2024, em uma reunião do conselho de administração da empresa. A reunião não teve a presença do presidente do conselho, representante da SPX. A SPX então convocou uma assembleia, que alterou a composição do conselho, e depois uma nova reunião do conselho, que revogou a decisão sobre o aumento de capital.

A venda para a Mobly

Em seguida, a Tok&Stok entrou com um pedido de recuperação extrajudicial. A medida tinha como objetivo conseguir um acordo com os credores da Tok&Stok para garantir a venda para a Mobly.

O pedido de recuperação é contestado pelos fundadores. Eles dizem que a empresa não tinha necessidade de uma recuperação extrajudicial, e que o processo foi usado de forma abusiva para viabilizar a venda do controle societário. Já a SPX argumenta que o processo era necessário e que a recuperação extrajudicial foi usada de forma legítima.

Para os fundadores, o processo de recuperação foi usado para burlar o pagamento de uma dívida da empresa com eles. A Tok&Stok tinha uma dívida de cerca de R$ 150 milhões com os fundadores. E o contrato de parte desse montante previa o vencimento antecipado da dívida em caso de mudança no controle da companhia. Ou seja, com a recuperação, o vencimento antecipado não ocorreu.

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Apesar dos protestos dos fundadores, a recuperação extrajudicial foi aprovada pela Justiça. O controle da Tok&Stok foi então vendido para a Mobly em novembro de 2024.

Como está a briga agora?

A briga não acabou. A disputa agora é alvo de um processo de arbitragem que corre em sigilo. A primeira audiência da arbitragem ocorreu na última terça-feira (18). A família Dubrule é representada pelo Tannuri Advogados. A SPX é representada por Fabiano Robalinho e Caetano Berenguer, do Bermudes Advogados.

A família Dubrule pede a anulação de diversos atos da SPX que levaram à venda da companhia. Dentre eles estão a anulação da reunião que aprovou o aumento de capital na empresa e a assembleia de credores que aprovou a recuperação extrajudicial, conforme apurou o UOL.

Família também pede indenização pelos prejuízos sofridos. O valor pedido como indenização pode ficar entre R$ 250 milhões e R$ 350 milhões. Os prejuízos teriam sido causados pelo impedimento ao aumento de capital da Tok&Stok, pela impossibilidade de os fundadores se tornarem novamente controladores da empresa e por eles terem ficado impedidos de executar antecipadamente a dívida que a empresa tinha com eles. Já a SPX pede reembolso das despesas decorrentes da disputa judicial iniciada pelos Dubrule. Contatadas, as partes não comentam.

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