'Mercado está muito mais tenso do que em outros tempos', afirma Haddad

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta terça-feira (25) que o mercado financeiro está "muito mais tenso" do que antigamente.

O que aconteceu

Haddad avalia que tensões foram amplificadas. Questionado sobre as incertezas geradas ao final do ano passado, o ministro avaliou que o movimento refletiu as instabilidades atuais dos analistas. "As pessoas estão com mais dedo no gatilho, esperando uma notícia para agir, para se proteger ou especular", disse durante apresentação no CEO Conference 2025, organizado pelo BTG Pactual.

Ministro observa cenário global mais desafiador. Segundo Haddad, as turbulências na economia norte-americana resultam em imprevisibilidades. "Há maior tensão na Colômbia, no México e no Chile, que são países relativamente organizados", reforçou ao mencionar o eventual tabelamento do preço do petróleo no Oriente Médio. "A situação externa é mais desafiadora", afirmou.

"As coisas estão se acomodando", afirmou Haddad. Ele reconheceu que o Brasil viveu um "deslocamento maior" das incertezas em dezembro, com a disparada do dólar e a fuga de recursos. Agora, o ministro vê o ambiente equiparado com o de outros países com economias semelhantes à do Brasil. "Algum escape do câmbio, em função do déficit de transações correntes, ia acontecer", disse.

Ele ressaltou o olhar externo positivo sobre o Brasil. Segundo Haddad, as agências de classificação de risco, o FMI (Fundo Monetário Internacional) e os fundos de investimento têm uma visão diferente em relação à avaliação dos investidores locais. "Eles não têm a força que os [investidores] domésticos têm. Então, eles ficam aguardando um pouco antes de tomar investimento", avaliou.

"Passado exuberante não aconteceu", afirma o ministro. Durante a apresentação, Haddad cobrou o reconhecimento, independentemente das preferências ideológicas, das reformas estruturais trabalhadas pela equipe econômica desde 2022 para melhorar o ambiente de negócios. "Se a gente for negacionista em relação ao que vivemos, não vamos avançar."

Não vai ser bom para o país ficar negando as coisas e ficar inventando um passado exuberante que não aconteceu.
Fernando Haddad, ministro da Fazenda

Contas públicas

Haddad reafirmou que Congresso impediu o governo de zerar o déficit fiscal. Apesar de reconhecer o apoio dos parlamentares para a elevação das receitas, o ministro avalia que seria possível zerar as receitas primárias sem outras aprovações. "Parcelaram a reoneração da folha. Parcelaram o Perse. Parcelaram tudo, e eu não consegui o superávit estrutural que teria conseguido, sem maquiagem", ressaltou.

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É fácil para alguns analistas, sobretudo aqueles que foram de governos passados e não conseguiram resolver o problema, jogar pedra agora.
Fernando Haddad, ministro da Fazenda

Ele reforçou o compromisso do presidente com o ajuste das contas públicas. Haddad revelou que Lula tem "obsessão" pelo equilíbrio fiscal sem prejudicar os mais pobres. "O que eu recebo de comando é para arrumar as contas sem fazer com que isso recaia sobre a parte mais fraca da sociedade", disse Haddad. "Eu não penso que seja um comando equivocado", ressaltou ao defender o combate aos privilégios.

Não consigo ver crescimento econômico se a gente bombardear o andar de baixo.
Fernando Haddad, ministro da Fazenda

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