Comida ficará mais barata com 'supersafra' e dólar em queda, diz Haddad
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Uma "supersafra" e a desvalorização do dólar frente ao real vão derrubar os preços de muito produtos alimentícios, afirmou hoje o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, em entrevista ao Flow Podcast.
O que aconteceu
Haddad afirmou que a inflação aumentou também porque o Brasil cresceu. Hoje foi divulgado que o PIB (Produto Interno Bruto) aumentou 3,4% em 2024, maior alta desde 2021. "A oferta de produtos não acompanhou a demanda", afirmou. "Essa calibragem é fundamental para continuar crescendo com inflação minimamente controlada."
O ministro aposta em uma "supersafra" para conter a inflação de alimentos. "Acredito que uma série de produtos mais caros vão reduzir com a entrada da safra este ano, uma supersafra. Tudo indica que será uma supersafra, ao contrário do ano passado", afirmou.
Haddad também espera que a desvalorização do dólar frente ao real contenha os preços. "A entrada da safra vai ajudar, a redução do preço do dólar vai ajudar", disse o ministro ao lembrar das mudanças climáticas que afetaram a produção agrícola em 2024.
Teve inundação no Rio Grande do Sul, seca no Centro-Oeste, o milho ficou caro, a galinha come milho, o frango e ovo ficaram caros.
Fernando Haddad, ministro da Fazenda
O valor de outros produtos, no entanto, devem continuar elevados. Ele deu como exemplo o café, cujo consumo "está aumentando muito no mundo".
Para o ministro, sua missão de momento é conter a alta de preços. "O PIB cresceu, o desemprego está na mínima histórica. Temos de cuidar da inflação. É uma engenharia que você vai calibrando", afirmou. "Crescer acertando as contas públicas."
Pressionado pelo mercado financeiro, Haddad disse que também defende corte de gastos. "É importante voltar a ter as contas no azul? A minha resposta há dois anos: 'sim'. Tem gente que discorda e tem quem quer fazer mais rápido sacrificando direitos sociais", afirmou. "O Brasil precisa fazer um ajuste, mas ele não precisa ser recessivo", continuou, ao comparar o Brasil com a Argentina. "A condição do Brasil não é aquela. O Brasil tem reservas cambiais."
"Taxad" e Pix?
Haddad criticou a dificuldade em tributar super-ricos. "O pessoal fala muito em cortar gasto, e está correto", mas quando se fala em gasto tributário, dos super-ricos, disse, "eles falam 'pera aí, isso é direito adquirido'."
Se você vai pra cima do cara, ele começa a distribuir meme teu na internet.
Fernando Haddad, ministro
O ministro, que ganhou o apelido de "taxad" na internet, lamentou o ambiente virtual, "que não tem filtro". "É muito difícil combater fake news contra um exército pago para macular a reputação de uma pessoa", disse ele. "Meu patrimônio é o mesmo de 30 anos atrás, e o cara começa a invocar comigo e a fazer esse tipo de coisa."
Haddad citou o vídeo do deputado Nikolas Ferreira (PL-MG) com fake new sobre o Pix. "Quando você fala uma mentira reiteradamente, ela se torna verdade", afirmou. "É muito estranho que o número de pessoas atingidas pelo vídeo seja maior do que os brasileiros que têm Instagram. O que está por trás dessa história?", questionou.
Trump taxar o Brasil seria "capricho"
Haddad afirmou que o Brasil está em "posição confortável" para negociar as taxações do governo americano. Ele citou o acordo recente da União Europeia com Mercosul, a parceria com a China e a relação com EUA "boa até a saída de Joe Biden" da presidência americana. "A conta de serviços, para além do comércio de mercadorias, eles são superavitáveis em relação a nós. Seria um capricho arrumar confusão com o Brasil", afirmou.
Haddad também aposta no poder de negociação de Lula. "O presidente Lula se deu muito bem com o presidente [George W.] Bush, que era republicano. Não acredito que não possamos contornar problemas que surgem nessa relação bilateral", disse. "Ele [Lula] é um cara querido [no exterior] e isso pode ajudar muito o Brasil."
Ele ainda ironizou a taxação imposta aos países estrangeiros pelo presidente dos EUA, Donald Trump. "Que coisa né? O cara que o Bolsonaro apoia nos EUA quer taxar o mundo inteiro", alfinetou.
Haddad também falou da pressão de ser ministro da Fazenda. "Você vai do céu ao inferno em três semanas", afirmou. "Não precisava ser essa montanha russa, mas você vai se calejando, aprendendo a se proteger espiritualmente. Eu tenho algumas atividades para a minha integridade física e mental: minha hora de leitura, minha hora de ginástica, minha hora de família."
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