PIB se fantasia de 'pibão', mas é um 'pibinho', avalia economista

O crescimento da economia brasileira de 3,4%, em 2024, não é considerado um número desprezível, mas o cenário apresentado nos dois últimos trimestres revela que o crescimento esperado para 2025 pode não ser tão promissor assim, analisou a economista e professora do Insper Juliana Inhasz durante entrevista ao UOL News, do Canal UOL, nesta sexta-feira (7).

Então, é um PIB que se fantasia de 'pibão' e, na verdade, é um 'pibinho'. Julianha Inhasz, economista

O PIB (Produto Interno Bruto) cresceu 3,4% no ano passado, na comparação com 2023, totalizando assim R$ 11,7 trilhões. É considerada a maior taxa anual desde 2021. Os dados foram divulgados hoje pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

O resultado anual, no entanto, ficou abaixo do projetado pelo Banco Central. O IBC-Br (Índice de Atividade Econômica), indicador divulgado pelo BC e conhecido por antecipar o comportamento do PIB, sinalizou um crescimento de 3,8% da economia nacional em 2024.

Há uma leitura de que a economia cresceu no ano passado, e é inegável que estamos numa trajetória de crescimento econômico. Muitos dizem que é uma trajetória de recuperação, mas tenho mais calma em usar essa palavra, porque, na verdade, a gente tem estimulado bastante a economia por alguns caminhos que tem feito a gente chegar a esses resultados. Um desses caminhos é o aumento do gasto do governo em consumo. Juliana Inhasz, economista

A despesa do consumo do governo, ou seja, o custeio da máquina pública, teve crescimento de 1,9% no ano, segundo os dados divulgados pelo IBGE.

A questão é que, primeiro, esse crescimento, esse tipo de medida ou essa forma de crescer, é bem complexa. Complexa, porque a gente não sabe fazer isso para sempre. A gente tem um problema fiscal grande que não conseguimos resolver. O governo, inclusive, mostra que o baixo comprometimento continua existindo. Esse crescimento das despesas correntes do consumo do governo mostra isso. E o PIB desacelerou bastante no terceiro e no quarto trimestre.

Então é aquele PIB que vem alto, relativamente o número é bom. A gente não está falando que 3,4 é desprezível... porém, a gente vê nos últimos dois trimestres uma desaceleração e uma perspectiva de que esse ano de 2025 seja um ano em que a gente vai crescer muito menos. Juliana Inhasz, economista

O Brasil teve crescimento de 0,2% no 4º trimestre, se comparado com o terceiro trimestre do ano. Em relação ao 4º trimestre de 2023, o PIB avançou 3,6%. É 16º resultado positivo consecutivo nesta comparação.

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O desempenho da economia foi puxado pelos setores de serviços e indústria. O setor de serviços teve alta de 3,7% na comparação com 2023, enquanto a indústria cresceu 3,3%. A agropecuária sofreu queda de 3,2%.

Economista: zerar imposto de alimentos pode ser alívio momentâneo

No UOL News, a economista Juliana Inhasz disse que zerar imposto para importação de diversos alimentos, na tentativa de frear o aumento da inflação, terá um alívio momentâneo.

Eu acho que é muito pouco. A gente está falando de algumas medidas que, para alguns produtos, podem ser mais efetivas, mas para o café temos um problema que não é só nosso. Então, a gente pode ter um pequeno alívio num primeiro momento, mas precisamos ter uma consciência bem grande de que esse tipo de problema não se resolve só tirando essa alíquota.

Se a oferta é baixa no mundo todo, a gente não vai conseguir estimular a entrada por aqui só com a redução da alíquota. Portanto, acho que a gente pode ter um alívio, mas será bem momentâneo. Não será tão significativo assim para derrubar os indicadores de inflação, que é o [objetivo] que o governo [Lula] quer mais visualizar. Julianha Inhasz, economista

Serão zeradas as alíquotas de importação de dez produtos. São eles:

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  • Carne (hoje, é 10,8%)
  • Café (9%)
  • Açúcar (14%)
  • Milho (7,2%)
  • Óleo de girassol (9%)
  • Azeite de oliva (9%)
  • Sardinha (32%)
  • Biscoitos (16%)
  • Massas alimentícias: (14,4%)
  • Óleo de palma: aumentar limite de 65 mil para 150 mil toneladas.

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