Brasil não é problema para os EUA, diz Alckmin sobre tarifas de Trump

O vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, afirmou hoje que o Brasil "não é um problema" para os Estados Unidos. Ele garantiu ser possível buscar uma boa relação comercial entre os países, apesar das tarifas impostas por Donald Trump.

O que aconteceu

Alckmin destaca superávit comercial dos Estados Unidos. O vice-presidente afirma que os norte-americanos exportam mais para o Brasil do que importam, diferentemente do que acontece com outros países do mundo. "No caso do Brasil, há superávit comercial na balança de bens e de serviços. Então, o Brasil não é problema", disse em entrevista ao Jornal da CBN.

Vice-presidente cita negociações para barrar tarifas. Segundo Alckmin, conversas com representantes dos Estados Unidos levam à criação de um grupo de trabalho para "cooperação econômica" entre os dois países. "O comércio exterior tem que ser um ganha-ganha. Se eu sou mais competitivo em uma área, vendo para você. Se você é mais competitivo, vende para mim", disse.

Trump defende reciprocidade contra tarifas de importação. Desde que reassumiu a presidência dos Estados Unidos, o republicano publicou inúmeros decretos contra parceiros comerciais. Em citação nominal, a Casa Branca destaca que o Brasil cobra 18% de tarifas para o etanol dos EUA, mas taxam o produto nacional em apenas 2,5%.

Os EUA importaram US$ 200 milhões em etanol do Brasil em 2024, mas exportaram apenas US$ 52 milhões em etanol para o Brasil.
Casa Branca, em nota

"Mais de 70% das importações dos EUA para o Brasil têm alíquota zero", diz Alckmin. O vice-presidente reconheceu que a alíquota de importação sobre o etanol é maior, mas ressaltou que o imposto norte-americano sobre o açúcar é mais alto. "É preciso ver o conjunto", afirmou Alckmin ao citar uma tarifa efetiva média de 2,7% na relação comercial entre os países.

Ele defendeu relações de "Estado" entre as nações durante as negociações. "O Brasil comemora 200 anos de relações diplomáticas com os Estados Unidos. Nós temos mais de 4.000 empresas americanas no Brasil, crescendo e gerando emprego", disse ao ser questionado sobre os recuos de Trump. "Os governos passam, mas as relações devem ser de Estado", completou.

Eu defendo sempre o diálogo. Essa é a nossa disposição colocada para o secretário Howard Lutnick, que negocia em nome do presidente [Donald Trump].
Geraldo Alckmin, vice-presidente do Brasil

Inflação

Alckmin garante que não haverá "heterodoxia" nas medidas para segurar os preços. Ao citar a inflação recente dos alimentos e a postura recente do presidente Lula, o vice-presidente recordou que o governo já zerou os impostos para os produtos da cesta básica e ressaltou que as decisões para conter o avanço dos preços serão tomadas de maneira "correta" e "adequada".

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O Brasil tem quase 34% de carga tributária. Reduzir os impostos deve ser festejado.
Geraldo Alckmin, vice-presidente do Brasil

Governo zerou as alíquotas de importação de dez alimentos por tempo indeterminado. A fala de Alckmin surge após a decisão de isentar as cobranças sobre café, carne, açúcar, milho, óleo de girassol, azeite de oliva, sardinha, biscoitos e massas alimentícias. Os itens estão entre os principais vilões da inflação nos últimos meses.

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