Trump não descarta possível recessão nos EUA, e Bolsas caem; dólar sobe
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As bolsas de Nova York e também a de São Paulo caem forte nesta segunda-feira após declarações do presidente americano Donald Trump no fim de semana. Ele se recusou, em uma entrevista divulgada neste domingo, a prever se haverá ou não uma recessão nos Estados Unidos este ano.
"Detesto fazer previsões como essas", disse Trump ao canal Fox News, ao ser questionado sobre uma possível recessão na economia americana em 2025.
O que está acontecendo?
A mera menção de recessão nos EUA gera uma reação em cadeia. É o que explica Gabriel Cecco, especialista da Valor Investimentos. "A confiança do investidor diminui, os mercados ficam mais sensíveis e as decisões de consumo e investimento são adiadas", descreve ele. As declarações de Trump alimentaram o temor de que uma guerra comercial pode desencadear uma desaceleração econômica.
Por isso, muitos investidores nesta segunda-feira estão retirando suas aplicações de Bolsas internacionais e indo para o dólar, considerado um porto seguro em momentos de crise. Tanto é que o Dow Jones Industrial Average caiu nesta segunda 2,08%, enquanto o S&P 500 perdeu 2,70%. O Nasdaq Composite teve queda de 4%. Todos os dados são preliminares.
Dentre as maiores quedas no exterior, Nvidia chegou a perder mais de 5%, fechando preliminarmente com baixa de 3,77%. Meta e a Amazon.com tiveram baixas de 4,42% e 1,34%, respectivamente. Aqui, o Ibovespa fechou em queda de 0,41, para 124.519 pontos enquanto o dólar comercial subiu 1,06%, para R$ 5,852.
O que mais Trump disse?
Trump não descartou que podem acontecer aumentos nos preços ainda neste ano, nos EUA. Para ele, sua estratégia de tarifas (que sobretaxam importações, como as do aço) e cortes de gastos públicos fazem parte de uma "transição necessária". As demissões no setor público lançadas pelo governo por seu assessor bilionário, Elon Musk, geram ainda mais preocupação.
Inflação nos Estados Unidos não é bom para os negócios no mundo todo. Isso porque a escalada de preços aumenta os juros e prejudica as empresas, que vendem menos e pagam mais caro para financiar seu crescimento. Os investidores deixam de investir na Bolsa e vão para o Tesouro Americano, aproveitar as taxas maiores. "Os impactos de uma recessão nos EUA seriam sentidos em vários outros países, inclusive no Brasil, porque as exportações são afetadas, o fluxo de investimentos diminui e a instabilidade financeira aumenta", afirma o analista.
Essas previsões de recessão ganharam ainda mais força depois que o Fed (Federal Reserve, banco central dos EUA) de Atlanta estimou uma contração de 2,4% no PIB no primeiro trimestre. Seria o pior resultado desde o auge da pandemia de covid-19. Isso, mais as declarações pouco incisivas de Trump, segundo Christopher Galvão, analista da Nord Investimentos, fizeram os investidores ligarem o sinal de alerta. "Mas até o momento, no geral, o que temos são sinais de uma economia forte nos EUA, uma inflação pressionada. Entretanto, há sim uma necessidade de acompanhamento em relação às tarifas de importação e também à política de imigração que também impacta a economia americana", diz ele.
Com agências internacionais
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