Vendas de imóveis novos crescem 12% e superam 186 mil unidades em 2024

O mercado imobiliário brasileiro se manteve aquecido em 2024 e cresceu pelo segundo ano consecutivo, totalizando a venda de 186.540 unidades, segundo dados apresentados nesta terça-feira pela Abrainc (Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias). O número foi impulsionado pelo avanço do Minha Casa, Minha Vida.

O que aconteceu

Minha Casa, Minha Vida guia crescimento da construção. A venda de 136.741 unidades entre janeiro e dezembro do ano passado supera em 13,1% o volume de negócios fechados em 2023 (121 mil). O número representa 73,3% de todos os imóveis adquiridos das incorporadoras em 2024.

Segmento de médio e alto padrão apresenta estabilidade. Na contramão do bom desempenho do programa habitacional, a categoria firmou 43.235 contratos em 2024, mesmo número apurado pelo índice elaborado pela Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas) com 20 construtoras associadas à Abrainc.

Lançamentos crescem guiados por programa habitacional. O levantamento mostra ainda o anúncio de 150.193 novas unidades a serem construídas, número equivalente a um aumento de 21,9% em relação a 2023. A alta maior foi registrada pelos 122.103 imóveis destinados ao Minha Casa, Minha Vida (+25,2%), seguido pelos segmentos de médio e alto padrão (21,4%), com 28.089 unidades.

Juros altos e crédito escasso minam compra na classe média. Os mais prejudicados são aqueles que dependem de financiamento e não estão enquadrados nas regras do Minha Casa, Minha Vida, explica Luiz França, presidente da Abrainc. "Altíssimo padrão independe de qualquer coisa e continua indo bem em várias cidades", avalia.

"Bônus demográfico" contribui para o mercado imobiliário. França destaca que as mudanças sociais contribuíram para o desempenho positivo do setor nos últimos anos. "As pessoas com idade entre 35 e 40 anos impulsionam o setor, porque estão se casando mais tarde", afirmou.

Locação

Sair do aluguel é principal motivação para a compra do imóvel. A percepção foi apontada por 37% dos entrevistados em estudo da Brain Inteligência Estratégica. Na sequência, aparecem a troca por um imóvel maior (17%), a saída da casa dos pais (11%), o investimento para alugar (7%) e a mudança de cidade, bairro ou região (6%).

Abrainc vê recente valorização das locações como determinante. O valor dos aluguéis saltou 63,6% desde 2020, enquanto a inflação medida pelo IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) foi de 33,5% no período. "Os salários não acompanham essa realidade", observa França ao justificar o resultado.

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Terrenos

Busca por terrenos cresce para imóveis do Minha Casa, Minha Vida. Na contramão do índice geral (que caiu de 80% para 75%) e da linha de médio e alto padrão (que recuou de 63% para 51%), a busca por locais para unidades do programa habitacional aumentou de 84% para 97%. Os dados integram o indicador de confiança Deloitte.

Migração das empresas para outros segmentos não tem ocorrido, diz França. "Eu não tenho notícia de nenhuma empresa que está saindo do médio e alto padrão", afirma o presidente da Abrainc ao destacar o papel do setor em atuar alinhado com o empenho do presidente Lula em ampliar o Minha Casa, Minha Vida. Segundo ele, há uma "cabeça muito diferente" entre os segmentos.

Não há necessidade de adquirir terrenos [no médio e alto padrão]. Isso, eu chamo de administração responsável.
Luiz França, presidente da Abrainc

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