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Com juros e dólar altos, empresas perdem mais de R$ 500 bi na Bolsa

Imagem: GETTY IMAGES

Do UOL, em São Paulo

15/03/2025 05h30

O momento econômico do país, com juros e dólar altos e inflação ainda não controlada, tem se refletido nos resultados e no valor de mercado das empresas na Bolsa de Valores brasileira, a B3. Desde agosto de 2024, o Ibovespa (principal índice da Bolsa) perdeu cerca de 12 mil pontos, o que equivale a aproximadamente R$ 500 bilhões.

Entenda

Ibovespa atingiu sua máxima histórica em agosto de 2024. O Ibovespa é o índice que reúne as principais empresas com ações negociadas na Bolsa. Em agosto de 2024, atingiu 137 mil pontos, um recorde.

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País estava no fim do ciclo de queda dos juros. Na época, a taxa básica de juros do país, a Selic, estava em 10,5%. No mês seguinte o Banco Central iniciou um novo ciclo de aumento de juros, que estão atualmente em 13,25%. O aumento dos juros é uma das principais ferramentas para segurar a inflação, que ficou em 4,83% em 2024, acima do teto da meta estabelecida.

Com a alta dos juros, a Bolsa começou a cair. Com os juros altos, o investidor passa a emprestar para o governo em vez de investir na Bolsa, onde o risco é maior. "A volta da alta dos juros foi a mais alta que já vi. E a inflação não está controlada. Isso assustou o investidor estrangeiro, que derrubou a Bolsa", diz Fábio Chiaparini, analista da Nova Futura Investimentos.

O dólar alto também aumenta o custo e reduz o lucro das empresas, o que afugenta o investidor. "O dólar subiu e isso pressiona o custo das empresas. Com isso, os resultados não são tão favoráveis, o que significa menos dividendo para o acionista. E aí a ação vai cair na Bolsa", diz Carlos Alberto Di Agustini, professor de MBAs da FGV.

Menos R$ 500 bilhões na Bolsa

Empresas perderam R$ 500 bilhões em valor de mercado. Seis meses depois do pico, o Ibovespa caiu cerca de 12 mil pontos. A pontuação equivale a uma perda de cerca de R$ 500 bilhões em valor de mercado das empresas que integram o índice (as mais negociadas na Bolsa), conforme levantamento feito pela Economática a pedido do UOL.

Quando a Bolsa cai, são as empresas perdendo valor. É um reflexo de como está a situação do país. O pessoal tira dinheiro do risco e coloca em dólar e isso influencia a cadeia econômica. É a economia esfriando.
Fábio Chiaparini, analista da Nova Futura Investimentos

Com a Bolsa em queda e os juros altos, empresas têm dificuldade de captar dinheiro e investir. O reflexo desse movimento na economia real pode ser sentido na dificuldade de as empresas investirem e com isso, criarem empregos de qualidade.

A taxa de juros impede que as empresas se desenvolvam. É uma engrenagem que tem suas contenções. Se elas não têm como captar dinheiro, não investem e então não geram empregos de qualidade.
Carlos Alberto Di Agustini, professor de MBAs da FGV

Os setores mais afetados

Alguns setores são afetados mais rapidamente pela alta de preços. "São os setores que a população corta o consumo de forma imediata, como varejo de forma geral, lazer, turismo, serviços de saúde", diz Agustini, da FGV. As construtoras também tendem a ter dificuldade nesse cenário.

Já empresas exportadoras tendem a se beneficiar, devido à valorização do dólar. Bancos e seguradoras também se beneficiam do cenário. Empresas de commodities e de energia também costumam resistir aos solavancos causados pelo cenário desafiador.

Dentre as empresas que mais caíram na Bolsa nos últimos seis meses, boa parte é do setor de varejo. Uma das quedas mais expressivas é da Azzas 2154, dona de marcas como Arezzo e Farm, que despencou cerca de 50% no período entre 28 de agosto e 28 de fevereiro, conforme levantamento da Economática. A ação da Hapvida, de planos de saúde, também caiu cerca de 50% no período.

Poucas empresas tiveram alta na Bolsa no período. A principal delas foi a Embraer, exportadora de aviões, com alta de cerca de 50% no período. Seguradoras e empresas de energia também tiveram alta, com destaque para Porto Seguro e CPFL Energia.

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