Azeite pode ficar mais barato em abril com isenção de imposto

O azeite de oliva pode ficar mais barato por conta da isenção do imposto para importação, anunciada pelo governo no início do mês. A alíquota zerada passou a valer na última sexta-feira (14), mas o impacto para os consumidores deve ser sentido apenas em abril.

Outros oito alimentos também podem ter redução no preço. Veja abaixo quais são.

O que aconteceu

A isenção na taxa de importação de alguns alimentos faz parte das medidas do governo Lula (PT) para tentar diminuir a inflação dos insumos. O anúncio foi feito por Geraldo Alckmin, vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria e do Comércio, após reunião da Camex (Câmara de Comércio Exterior), formada por dez ministérios.

Os alimentos têm sido um dos principais vilões da inflação. Em fevereiro, o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) bateu recorde com o maior nível para o mês em 22 anos.

Nove alimentos tiveram o imposto de importação zerado. Veja quais eram as alíquotas:

  1. Azeite (9%)
  2. Milho (7,2%)
  3. Óleo de girassol (9%)
  4. Sardinha (32%)
  5. Biscoitos (16,2%)
  6. Massas alimentícias (14,4%)
  7. Café (9%)
  8. Carnes (10,8%)
  9. Açúcar (14%)

Azeite e sardinha devem ter maior redução. O presidente da APAS (Associação Paulista de Supermercados), Erlon Ortega, avalia que qualquer redução de preço será repassada aos consumidores, mas, dos produtos com isenção no imposto de importação, os que devem ter maior impacto para o consumidor serão o azeite e a sardinha. "Os outros itens, em grande maioria, nós somos abastecidos pelo mercado interno, não pelo mercado externo", afirmou.

Desconto deve ser sentido dentro de um mês. Ortega estima que o consumidor poderá perceber os descontos dentro de um mês: "Nosso estoque [dos supermercados], em média, é para vinte, vinte e cinco dias, e isso quer dizer que é um estoque de giro rápido. Portanto, qualquer redução, além da tradição de ser repassada rapidamente, poderá ser vista pelo consumidor na prateleira", concluiu.

No caso de produtos como o milho, é mais difícil que a medida tenha resultado para os consumidores: "A importação de hortifrutis, pela natureza e sazonalidade dos produtos, além da grande produção interna, é de difícil efetivação", avalia Mauro Rochlin, coordenador do MBA de Gestão Estratégica e Econômica de Negócios da FGV (Fundação Getúlio Vargas).

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Empresas importadoras poderão ter a isenção. "Quem vai comprar os alimentos são as empresas importadoras, como já ocorre. O que muda é o custo de importação, pois não haverá a incidência do imposto", explicou Rochlin.

Medida é vista com cautela por especialistas. Para André Braz, economista do Ibre (Instituto Brasileiro de Economia), da FGV, as medidas tomadas pelo governo vão apenas reduzir o ritmo do aumento da inflação. "Isso porque a ideia é aumentar a concorrência. Se o imposto de importação cai, fica zerado, isso faz com que produtos importados entrem no Brasil concorrendo com os nacionais e essa concorrência pode limitar o aumento de preços".